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grilo · **Enviada:** Quinta Novembro 30, 2006 01:38 | **Assunto:**

"Perdido" num mar de imitadores

por Daryl Grove

Lost é o programa que as outras redes de TV gostariam de ter. A história de um grupo de personagens fascinantes presos em uma ilha misteriosa está em sua 3ª temporada. Agora, em uma pausa até fevereiro de 2007, sua legião de fãs espera com impaciência mal disfarçada.

Já que a ABC nunca permitiria que o queridinho da crítica e do público fosse transmitido em qualquer outro lugar, as redes de TV rivais estão tentando encontrar seus próprios Lost nesta temporada, com resultados variados. Jericho, da CBS, é um clone de Lost, quase que muito evidente. A ilha de Lost foi recriada na cidade de Jericho, possivelmente o único lugar que sobrou nos EUA depois de um ataque nuclear. Heroes, da NBC, por sua vez, copiou de Lost o estilo de elenco numeroso e muitos mistérios, com vários personagens diferentes desenvolvendo poderes sobre-humanos e aos poucos descobrindo como podem salvar o mundo.

A grande diferença é que, enquanto Heroes conseguiu com êxito ter a mesma magia de Lost de uma maneira original, a mal pensada Jericho soa como desespero - como a garota feia da escola que, de repente, aparece na manhã de segunda-feira (ou, no caso, na quarta à noite) vestida exatamente como a gostosona.

Jericho é apresentada no horário anterior a Lost, acreditando-se que os telespectadores prefeririam ver algo parecido em outro canal do que assistir a o que restou da masculinidade de Emmit Smith depois da polka (é uma referência a Dancing with the Stars), enquanto esperam por Lost. E, para acentuar sua dependência pelo programa da ABC, Jericho, como Lost, também entrará em uma pausa, retornando em fevereiro.

O mistério central de Jericho - como e por quê um aparente holocausto aconteceu - parece que vai ser revelado bem lentamente, assim como os mistérios da ilha de Lost. O que seria bom, mas os personagens de Jericho não são tão interessantes a ponto de prender a nossa atenção durante a história. Lost tem alguns personagens cativantes e a grande idéia dos flashbacks para nos tirar da ilha apenas pelo tempo necessário para que entendamos o que se passa pela cabeça dos personagens. Mas Jericho não tem cara-de-pau suficiente para copiar a idéia, confiando, em vez disso, em inexpressivas cenas de ação ocasionais para passar o tempo entre as revelações relacionadas ao holocausto.

Não que seja tudo cópia. A inclusão de mensagens em código Morse a cada vez que o título aparece é inovadora e, uma vez que o programa se estabeleça (a audiência está caindo), Jericho pode seguir o exemplo de The Office, da NBC. A adaptação do sitcom britânico tem personagens baseados no original, mas diferentes. Tomara que Jericho pare de imitar a gostosona a tempo de desenvolver sua própria personalidade.

Heroes já tem sua própria personalidade. Em vez de tentar ser a gostosona, o programa da NBC sabe que é uma nerd. Cheio de referências a Star Trek e quadrinhos, e usando um estilo suave de cores de uma graphic novel, não está perseguindo descaradamente a mesma audiência de Lost, mas absorveu muitas das técnicas deste programa. Já que Lost demonstrou que personagens imperfeitos são mais interessantes, porque têm mais questões a serem trabalhadas, quando os Heroes não estão desenvolvendo seus poderes, estão em conflito interno.

Mas a maior diferença entre Jericho e Heroes não está na tela da TV; está na internet. Lost expandiu sua mitologia com um inovador conteúdo online, começando com aquele intrigante comercial da "Hanso Corporation", que levou os fãs a acessarem um website. Jericho, querendo a mesma presença online que Lost tinha, lançou os webisodes "Beyond Jericho", cujos comerciais iam ao ar depois da primeira parte de Jericho. Infelizmente, "Beyond Jericho" durou apenas uma semana. Era mais conceito do que conteúdo e, claramente, ninguém na CBS pensou além da fase de "precisamos de conteúdo online". Heroes, no entanto, divulga semanalmente graphic novels online, que têm conexão com cada episódio, assim como um blog do personagem mais adorado da série, Hiro Nakamura (interpretado por Masi Oka). Ambos são uma extensão lógica e combinam perfeitamente com o programa, ampliando a experiência para os fãs ávidos por novidades.

Assim como a garota feia vestida de gostosona, Jericho é um exemplo de como não se deve copiar um estilo se você não tiver o mesmo conteúdo, enquanto Heroes prova que é o interior que importa, especialmente se você é um nerd fanático por quadrinhos.

Fonte: Style
Tradução e adaptação: grilo