LostBrasil :: Exibir tópico - Trinta e cinco diretores declaram seu amor ao cinema

haendeldias · **Enviada:** Sábado Junho 09, 2007 13:22 | **Assunto:**

Nunca antes na história do cinema tantos talentos se reuniram em uma única obra: Walter Sales, Gus Van Sant, Lars Von Trier, Wim Wenders, Wong Kar Wai, David Cronenberg, Alejandro González Iñárritu, Raúl Ruiz, Roman Polanski, Nanni Moretti, Takeshi Kitano, Ken Loach, Claude Lelouch... Cada qual com a missão de fazer um curta de três minutos sobre o tema "as salas de cinema".

A sucessão de curtas emotivos, nostálgicos, dramáticos e humorísticos se tornou uma homenagem única e coerente ao cinema. Entre eles, há várias pequenas obras-primas, verdadeiras jóias cinematográficas.

Walter Salles preferiu o humor e provocou risos e aplausos ao falar de cinema através de dois repentistas que moram em um povoado, situado "a 8.944 km de Cannes", como intitulou seu filme.

Outros diretores evocaram o cinema através dos espectadores, como o iraniano Abbas Kiarostami, que deu vida à tragédia de Romeu e Julieta no olhar de várias mulheres que assistem ao filme, ou o mexicano Alejandro González Iñárritu, que falou da emoção de um filme além das limitações dos nossos sentidos.

Raúl Ruiz contou como os índios chilenos transformaram uma câmera de projeção e um rádio que receberam de doação em outra forma de espetáculo.

Os cinemas de campanha e as antigas salas de exibição dos bairros foram lembrados poeticamente pelo japonês Takeshi Kitano, pelo chinês Zhang Yimou e pelo francês Claude Lelouch, que contou de forma comovente sua própria história pessoal, estreitamente ligada ao cinema e às salas de exibição.

Joel e Ethan Coen fizeram menção ao seu filme "No country por old men", que integra a mostra competitiva, ao mostrar um de seus personagens perguntando a um bilheteiro sobre os filmes em cartaz.

Lars Von Trier, por sua vez, despertou a fúria de um espectador, que acaba quebrando a marteladas a cabeça do vizinho de cadeira que insiste em conversar e não o deixa ver o filme.

Theo Angelopoulos homenageou Marcello Mastroianni através da atriz Jeanne Moreau, que declara em um cinema vazio o amor que sua imagem continua inspirando.

Num momento que se contrapôs ao clima da sessão especial para a imprensa, Roman Polanski teve um acesso de raiva contra os jornalistas durante a entrevista coletiva com os diretores de "Chacun son cinéma".

"Fazer perguntas tão pobres quando se tem a oportunidade única de ter diante de si tal assembléia de diretores!", exclamou Polanski, propondo o fim da coletiva.

"Temo que seja o computador que os leva a um nível tão baixo", disse, acrescentando: "vocês não se interessam mais por cinema, não escrevem porque não precisam mais do teclado: transferem uma informação obtida com o mouse para a nota que dão para a redação e é por isso que sabem tão pouco sobre nós", vociferou antes de se levantar e sair.

Apesar do incidente, a exibição do filme para a imprensa foi um verdadeiro momento de graça, em que a platéia teve o privilégio de manter um diálogo cúmplice com os diretores através da tela.

Polanski, que deve participar, à noite, da sessão de gala com todos os co-autores da fita, não assistiu à projeção matinal. Se tivesse comparecido, sem dúvidas suas palavras à imprensa não teriam sido tão duras quanto antes.

Os jornalistas riram, gritaram, aplaudiram e até choraram com as sucessivas histórias que evocaram a história do cinema e de seu público.

Neste dia de festa, o Festival programou a exibição de um único filme da mostra competitiva: "Tehilim" (Salmos), do cineasta franco-israelense Raphael Nadjari, que narra o drama de um desaparecimento inexplicado.

Nascido na França, Nadjari trabalhou nos Estados Unidos, onde fez seus primeiros filmes ("The shade", "I Am Josh Polonski's Brother"), antes de se radicar em Israel, onde rodou "Avanim", em 2003.

fonte: yahoo!cinema