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Earendil
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Sexo: Idade: 37Registrado em: Domingo, 3 de Julho de 2005 Mensagens: 6.976 Tópicos: 159 Localização: Rio de Janeiro
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Babel
Diretor:Alejandro González Iñárritu
Roteiro:Guillermo Arriaga
Elenco:Brad Pitt,Cate Blanchett,Koji Yokusho e Gael Garcia Bernal
Sinopse: Brad Pitt (Tróia) e Cate Blanchett (Oscar de atriz coadjuvante por O aviador) vivem turistas estadunidenses em férias no Marrocos. Um acidente os conectará com acontecimentos no mundo todo - tensões envolvendo um latino Gael Garcia Bernal (Diários de motocicleta) na fronteira mexicana, dois jovens pastores de cabras marroquinos e uma menina surda-muda no Japão.
Babel Trailer
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Omelete entrevista Alejandro González Iñárritu, diretor de Babel - Festival do Rio 2006
Por Mário "Fanaticc" Abbade
2/10/2006
O diretor mexicano Alejandro González Iñárritu nasceu na cidade do México em 1963. Depois de começar sua carreira artística como DJ de uma rádio, passou a compor músicas e enfim produzir programas para o poderoso canal Televisa. Seu próximo passo foi criar sua própria produtora, a Zeta Films. Para sobreviver fez comerciais enquanto criava curtas e médias-metragens e escrevia seu primeiro longa, Amores Brutos, que apresentou ao mundo Gael García Bernal. A estréia não podia ter acontecido em melhor palco, o Festival de Cannes. De lá para cá, Iñárritu trocou sua cidade natal por Los Angeles, mas não perdeu a vontade de fazer os filmes que quer. O segundo projeto foi 21 gramas, estrelado por Sean Penn, Benicio Del Toro e Naomi Watts. Agora, com a estréia de Babel, Iñárritu fecha o que ele chama de "trilogia da vida".
Em que momento da sua vida e como surgiu a idéia de fazer Babel?
A idéia de Babel surgiu há três anos e meio atrás, dois meses antes de iniciar 21 Gramas. O objetivo, originalmente, era fazer um filme passado em cinco continentes, com cinco idiomas diferentes, e mostrando que um ato de um ser humano pode se converter em uma espécie de tsunami, percorrer milhas e causar tragédias a todos os personagens conectados. Pensava em explorar o tema em escala global, depois de haver explorado localmente em Amores Brutos e 21 Gramas a mesma teoria do Caos, e assim finalizar a minha trilogia. Era uma necessidade pessoal de abordar uma série de temas que estavam me causando muita dor e preenchendo minha mente e meu coração. Foi a necessidade de expressar o que eu sentia em um país como os EUA, onde estou morando e pude perceber a raiz de meu exílio.
Você poderia falar o que o motivou a escolher os países retratados em seu filme como o Japão representando a Ásia, o Marrocos, a cultura árabe, e o México, a América Latina? É possível fazer a leitura de uma metáfora da relação de poder dos EUA frente aos países considerados de terceiro mundo desta lista?
Inicialmente foi um longo processo. Pelo caminho fui encontrando quais seriam os países mais aptos. Quando Arriaga me apresentou o roteiro, a história que eu queria desenvolver, era a dos dois meninos na Tunísia que atiravam acidentalmente em um casal norte-americano. Mais tarde eu decidi que filmaria no Marrocos, porque eu havia visitado o local aos 19 anos e tive um impacto muito grande ao chegar por lá. Também era muito importante falar sobre o tema da fronteira entre o México e os EUA, daí eu propus a introdução do personagem da empregada mexicana que toma conta das crianças americanas, pois vivo na Califórnia e estou cercado de histórias como essa. No ano 2000 visitei o Japão, que se transformou num grande mistério para mim. A partir daí soube que era imprescindível levar uma câmera, me pareceu uma obrigação todo aquele enigma a ser decifrado. Há uma certa simetria dentro dessa construção que pode ter sido o resultado da busca de um equilíbrio. Mas durante o processo nos demos conta que cinco países seriam demais para conseguir trabalhar, então acabamos com quatro. Foi um processo instintivo, pessoal de minha parte, por razões pessoais, mas também houve, intelectualmente, a busca de um equilíbrio.
Como foi a escolha dos atores? Ao desenvolver os personagens você já tinha pré-concebido quem poderia interpretá-los ou simplesmente, durante o processo, você foi escolhendo os atores de acordo com as cidades em que se passavam as histórias?
São processos complicados. Posso dizer que 17 dias antes de iniciar as filmagens no Marrocos não tínhamos sequer um ator marroquino. A primeira história filmada foi a de Brad Pitt e Cate Blanchett e não encontrando o que eu precisava dentro da indústria cinematográfica local, decidi ir ato os povoados do sul de Marrocos, que são muito pobres - a maioria nem tem eletricidade - para buscar gente da terra que nunca havia visto uma câmera. Ali acabei encontrando 90% do elenco usado no Marrocos. Essa foi uma das decisões mais difíceis que já tomei em minha vida, mas foi uma decisão que deu uma personalidade, uma textura na película que eu nunca teria alcançado se tivesse sido feita com atores. Fora Cate e Brad não havia atores.
Quanto a Cate Blanchett, ela é uma pessoa que sempre admirei. É uma das melhores atrizes do mundo, e só uma pessoa como ela poderia fazer um papel tão difícil, de uma estrangeira alvejada que estaria o tempo todo sangrando. Deveria ter um peso dramático. Eu queria mostrar o ponto de vista da pessoa ferida, e só ela poderia interpretar de maneira convincente. No caso de Brad Pitt, me parecia interessante a possibilidade de não dar certo. Não era um papel do seu estilo, não é uma emoção óbvia para ele. E ainda, para muitos, poderia haver dúvidas de vê-lo interpretando um homem comum, um ser humano sofrendo. Mas não era importante que somente ele triunfasse, mas que também o filme seguisse adiante, pois é sobre isso que se trata a história e foi esse desafio que me atraiu muito e ele o representa convincentemente.
Você foi o responsável por mostrar Gael García Bernal para o mundo em Amores Brutos e nesse filme a aparição dele não totaliza mais que 15 minutos, apesar de ter um papel chave para o desenvolvimento de uma das tramas. Você poderia falar um pouco sobre isso?
Ele aparece o necessário para o desenvolvimento da história. Não é a questão de ser o Gael, a Cate, o Brad. O filme é sobre seres humanos. São três seres humanos dentro de um conjunto de seres humanos e é sobre isso o filme. Os três fizeram papéis importantes, pois são conhecidos e mesmo assim não aparecem como palmeiras em um bosque de pinho. Eles se transformam de palmeiras em pinhos. Eles fizeram um trabalho muito profundo e a mesma compaixão que eu senti pelos personagens, eles também sentiram. Pode-se ver que é um filme bem democrático, muito global. Não é um filme de americanos ou de marroquinos, mas de seres humanos, pela diversidade, pela cultura.
Sendo de origem mexicana, como foi para você ultrapassar as fronteiras, chegar até Hollywood e fazer uma grande produção como essa? A Paramount financiou o seu projeto logo de cara?
Basicamente foi por causa do resultado dos meus trabalhos anteriores. Eu tive o privilégio de ter pessoas que apoiavam o filme. Foi um filme rodado em 3 continentes, com 4 histórias e 5 idiomas. Tinha a possibilidade de ser um grande filme ou um grande fracasso. E ademais eu queria dizer que ser diretor é uma atitude, não uma profissão. Eu tive que convencer que o projeto era bom e só daria certo com um grande financiamento. Por isso procuramos apoio financeiro não só nos EUA, como também em países da Europa e da Ásia. Por isso eu digo que é um filme nômade, não um filme mexicano. Eu não sei se poderia dizer que é um filme de uma nação. Não sei se é necessário levantar uma bandeira, estabelecer fronteiras.
Em seus três filmes você apresenta a história de maneira não linear, essa seria uma característica sua ou foi um artifício usado apenas para essa trilogia?
Eu creio que cada história tem diversas maneiras de ser contada. Meu pai, que era um grande contador de histórias, sempre me contava as histórias pela metade, no meio da história ele ia para o final e quando eu perguntava algo ele dizia para esperar um pouco e voltava para o início. E também posso dizer que a literatura latino-americana é uma grande influência para mim, como Ernesto Sábato, Jorge Luiz Borges, todos têm as suas formas particulares de estruturar a narrativa e a densidade dramática. Eu creio que no caso de Amores Brutos e 21 Gramas houve um exercício mais extremo em relação aos aspectos estruturais. Em Babel há um estilo formal, me parece que é, dentro da minha trilogia, a película mais linear e mais cronológica de todas, é a mais fácil em termos estruturais.
Você falou sobre a estrutura de suas histórias. Queria saber se há alguma influência de alguma obra específica de William Faulkner.
Eu creio que não exista uma obra específica de Faulkner que tenha influenciado nem a mim nem ao Arriaga. Eu creio que no meu caso uma grande influência foi Rashômon. Foi o primeiro filme que me tocou. Se não me engano é um filme do Kurosawa de 1958, e que surpreendeu o mundo pela sua estrutura. Eu creio que Godard e Alain Resnais também são grandes mestres do estruturalismo, mas não tenho uma referência específica de um escritor ou de diretor. Eu creio que o que mais me influenciou foi o meu pai e o déficit de atenção que tenho e que me faz pensar de uma forma diversa.
Eu tenho uma teoria que o cinema é uma experiência emocional fragmentada. São cenas que se filmam independentemente, às vezes com meses de distância, e que uma vez juntas podem criar uma emoção porque nosso cérebro une as informações entre uma cena e outra. E essa emoção fragmentada para mim é fascinante, única. No teatro não podemos fazer isso.
Geralmente eu faço várias coisas ao mesmo tempo, falo ao telefone com minha irmã, vejo as notícias na TV, escrevo um bilhete. Essa fragmentação que nós vivemos, para mim, é a maneira de narrar as histórias como faço. É algo perfeitamente natural. Tenho uma tia que sempre conta as histórias de maneira bem linear e eu acho muito chato. Cada vez mais as formas rígidas e tradicionais têm desaparecido da literatura, e não acho que seja apenas um estilo, mas elas servem ao drama, que nesse caso é uma outra maneira diferente de contar uma história.
Existem alguns diretores da América Latina que estão fazendo filmes relevantes nos EUA. Há algum movimento ou alguma semelhança nessas obras?
Curiosamente esse ano, Alfonso Cuarón, Guillermo Del Toro e eu estamos estreando nossos filmes no outono e são três filmes que coincidem tematicamente, como se fosse parte de uma trilogia que se criou sem haver planejamento. As três películas falam de terrorismo, autoritarismo, imigração, que são os temas do século 21. A diferença é que o filme de Guillermo Del Toro se passa no passado, durante a guerra civil espanhola, o meu filme explora temas presente e Alfonso Cuarón faz um questionamento, com Filhos da Esperança, sobre o nosso futuro. São projetos primos, irmãos, por isso estamos os três muito contentes. Estão saindo vários artigos nos EUA sobre essa coincidência, em que três mexicanos de classe média, que vivem fora de seu país, estão fazendo algo não planejado, mas interligado. A que se deve isso? Eu acho que à necessidade de expurgamos os nossos fantasmas.
O cinema mexicano possui uma história e uma tradição forte e sua importância aumenta de proporção ainda mais se situarmos essa cinematografia no contexto latino-americano. A influência do cinema mexicano foi expressiva em toda América Latina durante décadas. De que maneira você acha que você e sua obra se inserem nessa tradição e quais cineastas mexicanos foram importantes para a sua formação?
Quando cresci o cinema mexicano estava muito mal. A geração anterior à minha, dos diretores que agora estão com 50 anos, passou por uma etapa bastante difícil. Quando eu era jovem praticamente não havia cinema mexicano. O cinema mexicano estava povoado de prostitutas e temas menores. Não havia um bom cinema. O cinema mexicano que eu vi foi na televisão, os filmes em preto e branco da época de Emilio “Índio” Fernandéz. Era um cinema bastante maniqueísta, muito melodramático, mas que apresentava valores provincianos, rurais e que tinha uma grande fotografia de Gabriel Figueroa. Sempre na minha escola víamos filmes de Bunãouel, porém eu não nasci e nem cresci com uma geração de grandes cineastas que me inspiraram. Um dos sobreviventes era Arturo Ripstein, mas não tive uma aproximação com os cineastas e o cinema, sobretudo da minha geração. Eu não mamei desde pequeno no cinema do meu país. Estou mais próximo do cinema americano e do cinema europeu do que do cinema mexicano.
Em seus filmes os acontecimentos são desencadeados a partir de um acidente. Em Babel, esse acidente é concretizado através de um objeto especifico: uma arma. Você poderia falar um pouco sobre a presença e a representação da violência em seus filmes?
O ato violento que acontece em Babel tem uma raiz muito diferente do que temos em Amores Brutos. Aqui o ato que causa o acidente é resultado da inocência dos garotos. Como o caso de Amélia, que leva as crianças para o outro lado da fronteira, resultado da ignorância. Então, esses atos não se originam da maldade ou de uma decisão divina, da tragédia, no sentido grego da palavra tragédia. Em Babel, um japonês presenteia sua arma a um guia turístico, isso é um ato de bondade. Mais que acidentes, são decisões que determinam os personagens.
No caso dos EUA, existem as paranóias políticas internacionais de fazer guerras preventivas contra o terrorismo. Os EUA pensam “se você não está comigo, está contra mim”. E para eles os mexicanos são uma praga, mas o que seria deles sem os mexicanos? Para mim foi uma decisão difícil matar o menino marroquino, mas também foi importante para lembrar que os meios de comunicação não mostram quantas crianças morreram na guerra do Iraque e no Afeganistão. Não mostram as imagens por vergonha. Para mim foi essencial mostrar aquela imagem, como uma metáfora das conseqüências dessas políticas e de quem as sofre. A violência dos meus filmes não é utilizada da mesma forma que os filmes americanos comerciais. Não é uma violência que diverte, não é uma violência que faz rir ou que excita. Eu não banalizo a violência, e a morte tem um peso muito sério, é parte da vida. Também não faço uma homenagem e também não gosto quando chamam os meus três filmes de “trilogia da morte”. Eu fiz uma trilogia da vida.
Você sempre procura usar a sempre a mesma equipe. Você aceitaria fazer um projeto sem a sua equipe?
Sim, tudo depende das condições, mas para mim é melhor estar cercado de pessoas que considero como se fossem minha família. Claro que numa situação dessas eu ficaria muito solitário, humilhado. E é melhor estar cercado da sua família para suportar as humilhações.
O cinema se faz por etapas e para cada uma delas eu conto com uma dessas pessoas. Na primeira fase Arrriaga é um colaborador muito importante, pois é a hora de se pensar na história, no roteiro do filme. Na segunda etapa, a da produção, tenho que contar com uma equipe muito grande como Rodrigo Prieto, Gustavo Santaolalla, entre outros. A terceira parte é muito solitária, seis meses preso dentro de uma ilha de edição com Stephen Mirrione, a quem vejo mais que a minha esposa. O bom de se trabalhar com quem se conhece é que as palavras podem ser substituídas por um olhar. Não contar com eles seria ruim. Mas é claro que pode acontecer que um dia eles estejam ocupados e não dê para contar com eles. Trabalhar com eles custa muito dinheiro, e no momento isso é algo que me falta. Logo, tenho que aprender a sobreviver sem eles, mas eu creio que os meus colaboradores são parte essencial nos meus filmes.
Omelete
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O cara fez os excelentes Amores Brutos e 21 Gramas e ainda ganhou o prêmio de melhor diretor em Cannes. Nem precisa falar mais.
Editado pela última vez por Earendil em Segunda Outubro 02, 2006 00:09, num total de 2 vezes |
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Earendil
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Babel - Festival do Rio 2006
Por Mário "Fanaticc" Abbade
26/9/2006
Segundo a teoria do caos, o bater de asas de uma borboleta no Japão pode causar catástrofes do outro lado do Oceano. O cineasta Alejandro González Iñáritu acredita plenamente neste pensamento. Na sua obra, um cachorro, um atropelamento ou um simples rifle podem desencadear uma série de eventos catastróficos. Babel (2006) chega para completar a trilogia iniciada há seis anos com Amores brutos (2000) e 21 gramas (2003). O título remete à Torre de Babel, uma referência bíblica à idéia de pessoas que falam línguas diferentes e não conseguem estabelecer comunicação entre si.
O roteirista Guillermo Arriaga, parceiro de Iñáritu também nos filmes anteriores, coloca a ação em quatro países diferentes (Marrocos, Estados Unidos, México e Japão) e, conseqüentemente, em quatro línguas distintas. O filme começa no deserto do Marrocos, onde um pai de família compra um rifle para proteger suas cabras dos chacais. Como trabalha fora, ele deixa a arma com seus dois filhos menores (os atores mirins estreantes Said Tarchani e Boubker Ait El Caid). Eles resolvem testar o limite de alcance do novo "brinquedo". O menor, que sabe atirar, mira em um ônibus que passa na distante estrada desértica. Nele estão viajando Susan (Cate Blanchett) e Richard (Brad Pitt). O tiro acerta a mulher na altura do ombro, provocando pânico dentro do ônibus.
Nos Estados Unidos, Amelia (Adriana Barraza), a babá que toma conta dos filhos de Richard, recebe um telefonema avisando que Susan está hospitalizada. Mexicana, Amelia mora ilegalmente nos Estados Unidos há 16 anos. Com medo de perder o casamento do seu filho, no México, ela resolve cruzar a fronteira levando as crianças com Santiago (Gael García Bernal), seu sobrinho.
Enquanto isso, a jovem surda-muda Chieko (Rinko Kikuchi) fica sabendo da tragédia que aconteceu na África através dos noticiários japoneses. Mas a sua ligação com os demais eventos só será mostrada com o desenrolar da trama.
Mais do que coincidências
Para alguns o filme pode parecer uma colcha de retalhos de impossíveis coincidências, com uma forte manipulação emocional. Mas isso não importa. O objetivo de Iñáritu é mostrar que neste mundo globalizado, as pessoas estão cada vez mais distantes. Falta uma verdadeira comunicação desprovida de preconceitos e desde o 11 de Setembro a paranóia se instaurou. Depois que Susan é atingida, os outros turistas do ônibus ficam desesperados, achando que estão na mira de um novo ataque terrorista. Os únicos sentimentos que a globalização parece ter propagado pelo mundo são a violência e o medo de se tornar mais uma vítima.
Para Iñáritu, a conseqüência disso tudo é o isolamento. Susan e Richard estão afastados um do outro. Eles não se perdoam por terem perdido um filho. Culpam um ao outro e a si mesmos. Amelia se isolou de sua família ao tentar uma vida melhor nos Estados Unidos. No Marrocos, é a falta de um adulto por perto que faz com que duas crianças utilizem uma arma de fogo como brinquedo.
E no Japão, onde existe uma enorme cobrança por sucesso, tudo o que se vê é a solidão. Yasujiro (o veterano e ótimo ator Koji Yokusho), o pai de Chieko, é um rico e bem sucedido empresário que na sua caminhada para o sucesso foi se isolando cada vez mais da família. As cenas mais marcantes e poéticas mostram Chieko dentro de uma discoteca barulhenta com luzes berrantes. Iñáritu alterna momentos de extremo silêncio com ensurdecedores silêncios, mostrando que mesmo em um lugar repleto de pessoas, a solidão pode ser a sua única companheira. Chega a provocar lágrimas.
Todos falam a língua do cinema
O elenco está soberbo. Iñáritu sabe tirar o melhor de seus intérpretes. Veteranos, estrelas e estreantes desenvolvem seus personagens com idênticas camadas de profundidade, mesmo tendo diferentes níveis de exposições na tela. É gratificante observar que os meninos no Marrocos conseguem interpretações tão apaixonantes quanto os consagrados Brad Pitt e Cate Blanchett. Vale destacar ainda os trabalhos de Adriana Barraza (que merecia uma indicação ao Oscar) e da estreante Rinko Kikuchi, que mesmo sem falar usa toda a sua expressão e linguagem corporal para demonstrar seus sentimentos.
Do ponto de vista técnico, Iñáritu se cercou do melhor e o resultado final é um arroubo visual e sonoro. Rodrigo Prieto faz um excelente trabalho de fotografia. Com extrema competência, ele consegue mesclar os diferentes cenários sem deixar o contraste de cores entre a moderna cidade de Tóquio, o deserto do Marrocos e a pobreza do México se sobressaírem uns sobre os outros. A música de Gustavo Santaolalla (ganhador do Oscar por O Segredo de Brokeback Mountain) completa as cenas, surgindo hipnoticamente após longos silêncios.
Todo esse trabalho de excelência levou Iñáritu a ser premiado no festival de Cannes deste ano como Melhor Diretor. Sua narrativa imagética corrobora as mensagens sobre a solidão e a falta de comunicação. Mesmo com celulares, internet e satélites ainda não conseguimos transpor barreiras culturais e lingüísticas. A câmera de Iñáritu registra cada um desses momentos de perto, colada nos personagens como se buscasse uma solução. É a linguagem cinematográfica em todo o seu esplendor.
Omelete
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Earendil
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Sexo: Idade: 37Registrado em: Domingo, 3 de Julho de 2005 Mensagens: 6.976 Tópicos: 159 Localização: Rio de Janeiro
Twitter: @Gabriel_GFV
Grupos: Nenhum |
Fui ver esse filme ontem e é simplesmente Espetacular. Provavelmente o melhor filme que eu vi/verei esse ano,mas com certeza vai dividir muito as opiniões.
Se Amores Brutos,21 Gramas e Babel são considerados uma trilogia,então com certeza ela merece ser lembrada como uma das melhores do cinema.
Assim como os outros dois filmes,esse é triste(até certo ponto),impactante e quando ele acaba você fica com aquela sensação de "desconforto". E acreditem,isso é um ponto muito positivo. Todos os atores estão excelentes, desde a Cate Blanchet (confesso que tirando SdA,vi pouco coisa com ela) até o Bradd Pitt (não sou muito fã dele,mas nesse filme tenho que tirar o chapéu, melhor filme dele junto com Clube da Luta e Seven),passando pelo japa Koji Yokusho,que eu não conhecia,mas que pelo jeito é excelente ator.
De resto,tudo é muito belo,desde a direção e som,até as locações e fotografia,justamente como disse a critica do Omelete.
Quem gostou de 21 Gramas e Amores Brutos,acho que vai adorar,ou pelo menos gostar do filme. Quem não gostou provavlemente não vai gostar desse também.
Se muitos acharam Hard Candy um soco no estômago,esse aqui merece ser comparado a uma marretada na nuca.
Masterpiece.....
Editado pela última vez por Earendil em Quarta Dezembro 20, 2006 07:30, num total de 1 vez |
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succubus
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Sexo: Idade: 34Registrado em: Sexta-Feira, 17 de Fevereiro de 2006 Mensagens: 95 Tópicos: Nenhum
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Iñárritu é f***!
Gostei muito de Amores Perros e de 21 Gramas,assistirei o final da "trilogia"
Ainda mais com o Gael García Bernal. Uau!
Achei o Brad Pitt,no trailer,parecido com o Del Toro em 21 Gramas
"If you want to be understood...Listen"
Mais um excelente filme!
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haendeldias
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Sexo: Idade: 84Registrado em: Domingo, 8 de Maio de 2005 Mensagens: 5.354 Tópicos: 545 Localização: Anywhere in Albion
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sei não viu!
todos estão falando e falando sobre o filme mas o trailer não me 'cativou' muito não. mas sei lá, adorei 21 gramas então só vendo mesmo pra saber. E por mais que não esteja muito afim provavelmente eu irei ver.
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Mouris
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Sexo: Idade: 35Registrado em: Sábado, 24 de Dezembro de 2005 Mensagens: 1.884 Tópicos: 10 Localização: São Paulo
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(frustrado até hoje porque era pra ter assistido esse filme na mostra de cinema, e as entradas já estavam esgotadas desde as 11 da manhã)
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ogro
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Chaos will rise again.
Sexo: Idade: 37Registrado em: Quinta-Feira, 22 de Setembro de 2005 Mensagens: 14.773 Tópicos: 331 Localização: Olympus
Twitter: @ogrotouro
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BORING.
Não aguentei nem 40 minutos. O resto fui pulando as cenas e deu pra entender de boa o final.
Achei uma cópia descarada de Crash, só que numa versão "internacional e com legendas".
E como já não tinha gostado do "original", esse foi um pé no saco maior ainda.
A parte da japonesa foi a menos ruim, though.
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six feet under
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Sexo: Idade: 35Registrado em: Quinta-Feira, 8 de Junho de 2006 Mensagens: 607 Tópicos: Nenhum Localização: Lisboa
Grupos: Nenhum |
babel não é nenhuma "cópia descarada de crash".
este filme, que completa a trilogia da morte, tem uma temática e um estilo (interlocking stories) que já vem desde amores perros (2000). sendo crash de 2005...
_________________ He just a kid
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haendeldias
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Sexo: Idade: 84Registrado em: Domingo, 8 de Maio de 2005 Mensagens: 5.354 Tópicos: 545 Localização: Anywhere in Albion
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Crash sim é um copia descarada de muitos filmes por ai.
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Mouris
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Sexo: Idade: 35Registrado em: Sábado, 24 de Dezembro de 2005 Mensagens: 1.884 Tópicos: 10 Localização: São Paulo
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haendeldias escreveu: |
Crash sim é um copia descarada de muitos filmes por ai. |
Exatamente.
A diferença é que Babel pelo menos é um filme cru e bem dirigido e impactante, enquanto Crash é simplesmente um filme pra familia que tenta ser impactante.
Mas todos esses são filhos de Magnólia, que acho que é o filme que mais popularizou esse estilo.
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six feet under
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Sexo: Idade: 35Registrado em: Quinta-Feira, 8 de Junho de 2006 Mensagens: 607 Tópicos: Nenhum Localização: Lisboa
Grupos: Nenhum |
o pioneiro desse estilo de filme é o altman (RIP). e, se não me engano, o pta foi assistente dele ou algo do género.
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schiavo
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Sexo: Idade: 37Registrado em: Quarta-Feira, 9 de Novembro de 2005 Mensagens: 664 Tópicos: 19 Localização: por aí.
Grupos: Nenhum |
não sei se foi o pioneiro do estilo, mas sem short cuts do altman não haveria magnolia.
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Mouris
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Sexo: Idade: 35Registrado em: Sábado, 24 de Dezembro de 2005 Mensagens: 1.884 Tópicos: 10 Localização: São Paulo
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[odeio quando não entendem o que eu digo... ]
Eu não disse que Magnólia foi o filme pioneiro... Disse que foi o que popularizou o estilo.
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six feet under
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Sexo: Idade: 35Registrado em: Quinta-Feira, 8 de Junho de 2006 Mensagens: 607 Tópicos: Nenhum Localização: Lisboa
Grupos: Nenhum |
mouris, de facto é com magnolia que as pessoas identificam o estilo de filme de "personagens interligadas" e foi a partir da sua realização que começaram a surgir cada vez mais filmes semalhantes. não neguei isso, nem fiz nenhuma citação do seu post.
apenas achei importante citar o grande pioneiro desta forma magnifica de fazer cinema (antes de short cuts ainda tem nashville), e a importância que ele teve no pta, mais precisamente no magnolia.
well... acho que chega de desviar o assunto do topic, antes que leve aviso dos mods.
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Klen
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Sexo: Idade: 44Registrado em: Terça-Feira, 18 de Janeiro de 2005 Mensagens: 3.433 Tópicos: 58 Localização: Brasília
Grupos: Nenhum |
haendeldias escreveu: |
sei não viu!
todos estão falando e falando sobre o filme mas o trailer não me 'cativou' muito não. mas sei lá, adorei 21 gramas então só vendo mesmo pra saber. E por mais que não esteja muito afim provavelmente eu irei ver. |
Pois eu gostei exatamente do trailer. É bem verdade que o Brad Pitt me incomoda horrores, mas até dele eu gostei. E o Gael, gente, maldade...eu sei que ele se parece com uma pato, mas um pato extremamente atraente. E achei tudo muito bonito, no trailer. A fotografia, as locações, a Cate Blanchet... =)
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