Sexo: Idade: 44Registrado em: Terça-Feira, 14 de Fevereiro de 2006 Mensagens: 5.436 Tópicos: 449 Localização: Salvador-BA
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Sobra rede social ou falta tempo?
Confesso que estava esperando ansiosa por uma pesquisa que medisse não só o grau de satisfação dos usuários do Twitter como o tempo de permanência das pessoas na rede social. Adianto que nada tenho contra o serviço, mas a premissa básica me deu uma incomodada logo de cara: o tal do "o que você está fazendo agora" não me disse grandes coisas. Acabou que não disse para muita gente, e por isso o serviço deu uma mudada radical. A tal pergunta deixou de ser feita — acabou migrando para o Facebook — e mesmo assim alguma coisa continuava me incomodando.
Bom, vamos aos fatos. De acordo com uma pesquisa realizada pela Nielsen Online, que mede o tráfego na internet, mais de 60% dos usuários do Twitter deixaram de usar o site gratuito um mês depois de se inscrever. Ou seja, a taxa de retenção é de apenas 40%. Alguma coisa está errada, certo?
A ideia é ótima: uma rede que interliga pessoas no mundo todo — eu posso seguir o Barack Obama, embora duvide muito que ele se interesse por me seguir — ou posso ser amiga do Ashton Kushter, embora ele já tenha um milhão de amigos e não precise de mais ninguém. Mas é legal saber que um serviço online é capaz de mobilizar tantas pessoas, ao mesmo tempo, fazendo a mesma coisa. Ou deixando de fazer, sei lá.
O poder de disseminação da coisa também me espanta. De uma hora para outra, todo mundo passou a falar no Twitter, a usar o Twitter e, como não podia deixar de ser, a bagunçar o Twitter. É aquilo que sempre digo: onde há gente há confusão. E quando todo mundo invade o mesmo terreno, os problemas acabam aparecendo. No caso do Twitter, recentemente foram descobertos alguns espertalhões que conseguiam fraudar o número de seguidores. Em nome de quê? A pergunta não quer calar e a resposta me lembra muito os primórdios do Orkut.
Quem aí não se lembra que a coisa mais legal na chegada do Orkut ao Brasil era ganhar estrelinhas (de pessoa legal e confiável) e amealhar fãs? Quem tinha mais fãs era muito mais gente boa e popular e aquilo devia mexer com o ego de muita gente. Até mais do que receber os coraçõezinhos e os gelinhos, que indicavam uma pessoa realmente "sexy" e "cool".
Com o tempo, as tais estrelinhas perderam a graça, porque todo mundo passou a ser fã de todo mundo e tinha gente que era fã até mesmo daqueles que não gostavam. Isso porque existia uma espécie de acordo tácito entre os usuários: a ideia era acumular o máximo possível de agrados, numa massagem de ego ímpar. Assim, todo mundo acabava dando estrelinhas para qualquer um só para receber umazinhas em troca. Agora, a mesma coisa vem acontecendo no Twitter e, quiçá, no Facebook, sendo que neste com menor intensidade.
O Twitter pode ser, não dá para negar,uma verdadeira mão-na-roda para uma série de pretensões. Eu descobri, por exemplo, que muita gente chega ao meu blog profissional, o de Telefonia, através do Twitter que o próprio blog tem. Porque toda vez que eu publico um post no blog, as pessoas que "me seguem" (nem sei, de verdade, quantas são) acabam recebendo o aviso de atualização via Twitter. Ou seja, a tal rede social se presta muito bem ao papel de RSS Feader.
Também sei de manifestações do bem que foram armadas usando o poder de disseminação do Twitter — muita gente se reuniu recentemente na Avenida Paulista, em São Paulo, para protestar contra o projeto de Lei dos Cibercrimes, de Eduardo Azeredo. A mesma coisa pode ser dita sobre a campanha de Obama à presidência dos Estados Unidos: os assessores do cara souberam usar direitinho as ferramentas da Web para enriquecer os eventos presenciais e para aumentar o número de doações para a campanha. Deu muito certo e acho que os políticos brasileiros já poderiam ter adotado essas ferramentas há muito tempo (embora eu ache que eles não teriam muito a dizer por lá). Mas continuo com a sensação de que ainda há muita a descobrir sobre a utilização realmente útil de uma ferramenta de tão larga penetração.
Também aprecio muito a ideia de o Twitter ser alimentado via celular — premissa básica do serviço, diga-se de passagem, e a limitação dos tais 140 caracteres por post são exatamente por conta disso. Mas no Brasil o SMS ainda é muito caro (às vezes paga-se mais de R$ 0,20 por torpedo) e por aqui o Twitter é alimentado via PC mesmo, ao contrário de países como a Inglaterra, onde o serviço é móvel de verdade.
Mas como qualquer outra rede social, sempre acaba ocorrendo um desvirtuamento que me incomoda. O Twitter (e o Facebook, o MySpace, o Orkut, o Multiply, o Live Spaces, o MSN Messenger, etc) tem muitos usuários que simplesmente não têm o que fazer da vida. E aqui entra um questionamento meu: sei que o brasileiro é o internauta que mais tempo passa navegando no mundo, mas onde é que esse pessoal arranja tanto tempo para ficar pendurado no ciberespaço?
Meu dia tem apenas 24 horas e acho muito pouco para usar Twitter + Orkut + MSN Messenger + Facebook + celular e ainda sobrar tempo para trabalhar (afinal, é preciso comprar o leite do Guilherme) e dar uma de mãe moderna. Mas façam o teste: a qualquer hora do dia (ou da noite) há sempre um mundaréu de pessoas que não arredam o pé das redes sociais. Será que está sobrando comunidade virtual ou está faltando vida pessoal?
Como repórter de tecnologia que sou — e há muitos anos — quem sou eu para torcer o nariz para esses movimentos. Mas é preciso fôlego, energia e acima de tudo disciplina para estar sempre conectado, respondendo a todos os comentários deixados nos murais de tantos lugares. Tenho conseguido dar conta do email e de scraps no Orkut, mas não consigo mais abrir o MSN Messenger (há mais de seis meses nem me logo mais lá) e mal consigo passar os olhos pelo Facebook. Este, diga-se de passagem, é muito interessante.
O que mais me agrada no Facebook é que ele não é tão bagunçado quanto o Orkut nem tão imediatista como o Twitter. E tem funções tanto de um quanto do outro. Assim, de vez em quando me permito escrever um "o que estou pensando agora", embora sempre me surpreenda com a capacidade que as pessoas têm de pensar coisas o tempo todo e ainda assim ganhar a vida. Um amigo diz que quem trabalha muito não tem tempo de ganhar dinheiro.
Como não consegui ganhar dinheiro ainda, cheguei à conclusão de que ando trabalhando demais e, por isso, tenho ficado meio cismada com tanta coisa acontecendo em tantos lugares ao mesmo tempo sem que eu consiga acompanhar. Será que as pessoas andam mesmo se falando tanto assim (via mensagem no celular, MSN Messenger, Orkut, Facebook, Twitter, MySpace etc e tal) ou voltamos à onda da popularidade acima de tudo que marcou o início lá do Orkut?
E vocês? O que acham do Twitter? Estão usando? Têm tempo para tanta coisa?
fonte:
Forumpcs/Elis Monteiro
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