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23/05/2010
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Flutua, astronauta, flutua |
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Autor |
Mensagem |
RVangelis
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Onde estão com minha cabeça?
Sexo: Idade: 45Registrado em: Segunda-Feira, 2 de Maio de 2005 Mensagens: 6.082 Tópicos: 149 Localização: Fortaleza-CE
Twitter: @RVangelis
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Ensaio do ótimo Roberto Pompeu de Toledo para a revista Veja desta semana:
"Pouco antes de o programa entrar no ar, o coordenador técnico-científico da Agência Espacial Brasileira, Raimundo Mussi, informou: "Recomendei ao Pontes para flutuar o máximo possível". Era o começo da noite de quarta-feira, e dali a instantes o astronauta brasileiro Marcos Pontes iria aparecer no vídeo, para uma conversa com o presidente Lula. A recomendação do coordenador técnico-científico, transformado naquele momento em diretor de cena, conferiu chancela oficial ao que já se desconfiava: que o objetivo verdadeiro da missão de Marcos Pontes era encenar um showzinho para impressionar os habitantes do trecho do planeta Terra situado entre o Monte Roraima, nas vizinhanças da linha do Equador, e a curva mais meridional do arroio chamado Chuí. Que graça teria, se ele não flutuasse? Se a "videoconferência" do presidente, como foi chamada, com boa dose de licença poética, fosse com Robinho, o diretor de cena recomendaria: "Não se esqueça de pedalar". Se fosse com Carmen Miranda: "Não se esqueça do abacaxi na cabeça". A fala de Mussi vazou pelos microfones esquecidos abertos. O astronauta não poderia se esquecer de flutuar, bambo como palmeira ao vento, instável como bêbado no caminho de volta a casa.
Duda Mendonça foi embora, mas a marca marqueteira continua a impregnar o Brasil da era Lula. O tenente-coronel Marcos Pontes até que é um bom sujeito, simpático, e o menos culpado de tudo, mas o fato é que foi escalado para o papel de café-com-leite, na brincadeira de gente grande montada na Estação Espacial Internacional. O trabalho para valer ficou com os russos e americanos. Para ele, sobrou plantar feijão. Nas poses em conjunto, os outros astronautas olhavam entre condescendentes e atônitos para o brasileiro, que, como modelo que se esfalfa para expor o mais possível sua grife, apontava para a bandeirinha gravada na roupa, quando não desfraldava a bandeira que trazia sempre à mão. O que a missão do astronauta brasileiro teve de mais científico foi a tentativa de plantar a semente do ufanismo no coração dos compatriotas. Lula disse que ao ver Marcos Pontes com a bandeira na mão lembrou de Ayrton Senna. Só faltou a locução, inebriante de amor à pátria, de Galvão Bueno.
Mas não faltou a Rede Globo. Os apresentadores dos telejornais foram possuídos da euforia das jornadas épicas. Tal como o desfile das escolas de samba e a Copa do Mundo, o astronauta era da Globo. E assim se sucederam as entrevistas exclusivas, anunciadas entre os sorrisos que, como se sabe, são obrigatórios na emissora, para ajudar os distraídos a se convencer de que a notícia é boa. Numa delas, o titular do Jornal Nacional, William Bonner, aventurou-se pelo delicado caminho da "modificação na forma de enxergar a vida, a mudança na espiritualidade", que "muitos astronautas" contrairiam ao enxergar o planeta lá do alto, "girando devagar", e perguntou se Pontes já fora tocado por algo parecido. Foi uma tentativa de acrescentar à história um toque à Paulo Coelho. Noutra ocasião, a irmã e o irmão do astronauta foram postos em contato com ele para dizer do orgulho da família, inclusive do pai octogenário. A Paulo Coelho, somava-se a tentativa de produzir confissões em voz embargada e, se possível, lágrimas.
Marcos Pontes saiu-se de tais armadilhas com dignidade. À questão da espiritualidade, respondeu que andava com a cabeça muito tomada de outras coisas para pensar no assunto. Para seu crédito, não ousou dizer que vira o dedo de Deus a fazer girar o planeta nem que vislumbrara a sombra de um anjo a cruzar a galáxia. Com os irmãos, manteve diálogo sóbrio e econômico. Esteve longe do choro, aquele momento que a Globo preza tanto quanto o sorriso dos apresentadores – momento em que a câmera se fecha sobre o rosto do entrevistado, numa apoteose de jornalismo impregnado de telenovela.
A brincadeira de mandar um astronauta ao espaço custou ao Brasil 10 milhões de dólares. Foi uma "carona paga", segundo o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Ennio Candotti. Nos meios científicos, o ufanismo não pegou. "O vôo de Marcos Pontes é na realidade uma grande jogada eleitoreira do governo", escreveu o astrônomo Ronaldo Rogério de Freiras Mourão. O biólogo Fernando Reinach, em artigo no jornal O Estado de S. Paulo, calculou que, com 10 milhões de dólares, o Brasil poderia formar 290 novos doutores, em universidades do país, ou 150, em universidades estrangeiras. "Cento e cinqüenta doutores foram para o espaço", era o título do artigo. Em acréscimo à constatação de que feijão pode crescer no espaço, da mesma forma como num algodão embebido em água, como sabem as crianças, o Brasil colheu dois resultados com a aventura espacial do coronel Pontes. Primeiro, a fama de otário que paga 10 milhões para fazer figuração num foguete. Segundo, o show caipira e fraudulento em que a mera presença de um simpático brasileiro no programa espacial dos outros era apresentada como grande conquista da pátria."
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Maurycius
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Sexo: Idade: 37Registrado em: Terça-Feira, 15 de Março de 2005 Mensagens: 8.352 Tópicos: 205 Localização: Goiânia/Goiás
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RVangelis
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Onde estão com minha cabeça?
Sexo: Idade: 45Registrado em: Segunda-Feira, 2 de Maio de 2005 Mensagens: 6.082 Tópicos: 149 Localização: Fortaleza-CE
Twitter: @RVangelis
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Diogo Mainardi é o que há!
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kennewick
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Sexo: Idade: 41Registrado em: Quinta-Feira, 10 de Março de 2005 Mensagens: 8.344 Tópicos: 212 Localização: Rio de Janeiro
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eu amo o mainardi
e o texto do Roberto Pompeu de Toledo é a pura verdade.
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Wctm
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Sexo: Idade: 46Registrado em: Quarta-Feira, 8 de Fevereiro de 2006 Mensagens: 299 Tópicos: 5 Localização: Mongaguá-SP
Grupos: Nenhum |
Eu gosto de Roberto Pompeu de Toledo, acho que é a única parte boa da Veja, o cara tem razão em muitos pontos.
Só discordo de achar que o Marcos Pontes não merce o crédito que deve e também acho que foi bom ele ter ido pro espaço.
O que concordo é esse ufanismo exagerado, achando que iso foi a nona maravilha do mundo e não colocar as coisas no seu devido lugar.
Além do fato que o tempo em que ele esteve no espaço devia ser utilizado para fazer experimentos mais importantes, se não sabem que disse pra fazer a coisa do feijão foi um menino de uma escola pública que ganhou um concurso sobre oq eue ele devia fazer no espaço, tenha dó, coloca os cienteistas pra verem quais experiencias seriam realamente úteis.
Também deveria se melhor utilizado do que propaganda, ele foi um caroneiro, mas isso não é ruim, afinal temos que começar de algum ponto, ou se esquecem que todas as nações começam o programa espacial do zero?
Foi uma oa experiencia, é excelente pra visão do pais lá fora, mas calma aí, não é um feito tão grande, eles colocam tudo desse jeito pra ludibrirar os ignorantes que nem no futebol, por isso que nem copa assisto
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