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LostBrasil - Índice do Fórum » Cinema  » Acervo » [Info] A Dama Na Água

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 [Info] A Dama Na Água « Exibir mensagem anterior :: Exibir próxima mensagem » 
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Earendil
MensagemEnviada: Terça Agosto 08, 2006 08:28  |  Assunto: Responder com Citação





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Ontem liguei o pc na maior boa vontade pra ver o filme de novo,prestando atenção em detalhes que eu pudesse ter deixado passar da primeira vez,pensando melhor nos diálogos,nos personagens,etc........mas não dá. O filme é ruim mesmo. Com certeza o pior do Shyamalan. Quero muito ver uma entrevista dele explicando o que exatamente ele pretendia mostrar com esse filme.

E não compreendo o fato da Narf ter dito que não podia falar nada sobre o seu mundo e 10 minutos depois estava dando uma completa explicação pelo rádio de como um guardião deve lidar com um scrant. Rolling Eyes

O filme não vale o download e muito menos o ingresso. Que o próximo filme seja melhor.


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haendeldias
MensagemEnviada: Terça Agosto 08, 2006 13:47  |  Assunto: Responder com Citação





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huahuahuahuaha...foi mesmo o piorzinho dele, como eu havia dito no meu post anterior.
mas, voce disse queria saber o que ele afinal queria mostrar nesse filme, e eu sei.
eu tenho um revista aqui em casa que tem uma entrevista com a bryce, mas tem muita coisa falando do filme mesmo em si, e nela diz que o shyamalan fez esta historia para contar para as filhas deles ( meninas pequenas ) que adoram escutar estorias dele a noite e talz... e ele acabou contando essa e se empolgando o suficiente para fazer este filme.


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Earendil
MensagemEnviada: Terça Agosto 08, 2006 20:18  |  Assunto: Responder com Citação





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Pois é, tinha escutado mesmo isso de que era uma história que ele contava pras filhas, e realmente dá pra ver que enqnto ele contava pras filhas ele ia inventando um monte de coisas de improviso,porque o filme não faz o menor sentido. Laughing

Não é a toa que a cada novo filme dele as criticas são mais pesadas. Não sei como a critica daqui vai receber o filme ( pelo menos nos EUA, o rottentomatoes deu 22% pro filme),mas nesse filme ele realmente viajou demais. Avantagem é que os filmes dele são baratos,então pelo menos o estúdio consegue a grana gasta de volta e ainda fica com algum lucro.


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haendeldias
MensagemEnviada: Terça Agosto 08, 2006 23:58  |  Assunto: Responder com Citação





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com certeza ele viajou muito!! partes como:

LEIA SO QUEM VIU O FILME..


Alem da propria estoria que e uma viajem sem tamanho, coisas como todo os personagens e as coisas que cada um fazia tipo o menino que lia as caixas de cereais, a propria participacao dele que não serviu pra nada no filme!! apenas para ele aparecer um poquinho.
e no mais, o "cachorro", a aguia no final...putz, tudo!


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Earendil
MensagemEnviada: Quarta Agosto 09, 2006 01:03  |  Assunto: Responder com Citação





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Shyamalan quase tirou seu nome de A dama na água

Por Marcelo Hessel
9/8/2006


O cineasta M. Night Shyamalan esteve em uma coletiva de imprensa em Londres para divulgar A dama na água (Lady in the Water), seu novo trabalho. Disse que teme tanto ser enquadrado que pensou em não assinar o filme.

"O Sexto Sentido foi o primeiro filme meu que todo mundo foi assistir, e era um filme assustador. Quando Corpo fechado saiu, senti que as pessoas pensavam que era um engano, mas o filme não foi feito necessariamente para criar sustos. Eu não percebia que já estava sendo classificado dentro daquele gênero", diz.

"Se eu me preocupasse demais com isso, não conseguiria escrever. Eu gostaria muito que as pessoas vissem Dama na água como uma parábola lírica, mas haverá pessoas que não o entenderão por já chegarem com idéias fixas na cabeça. Então, pensei seriamente em tirar meu nome do filme. Pensei nisso quando estava cogitando fazer A vida de Pi. Fiquei preocupado em pôr meu nome no projeto. É um livro fantástico com uma reviravolta no final, mas se eu colocar meu nome, imediatamente o filme perderá o equilíbrio do livro. Isso é algo contra o qual eu luto", completa.

Quando Shyamalan resolveu reinvestir nos sustos, saiu Sinais (2002). Quando conseguiu se emancipar da sina e se desvincular de gêneros, criou a obra-prima A vila (2004). Tomara, portanto, que siga pelo caminho libertário novamente - assinando os filmes ou não.

Fonte:Omelete

_________________________________________


Bah,essa desculpa oficial de "idéias fixas na cabeça" simplesmente não cola. A Vila e Sinais foram muito melhores.


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haendeldias
MensagemEnviada: Quarta Agosto 09, 2006 16:00  |  Assunto: Responder com Citação





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o pior e que não cara, muitas pessoas vao sim já esperando um filme de suspense com um final bom e com cenas assustadoras e talz..

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schiavo
MensagemEnviada: Quinta Agosto 17, 2006 19:13  |  Assunto: Responder com Citação





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nossa, se seguir à lógica de a vila [todo mundo falando mal = filme absurdo de bom], esse vai ser o melhor do mundo. estréia aqui no final do mês. tenho um derrame de ansiedade antes disso.

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schiavo está offline  Ver o perfil do usuários Enviar Mensagem Particular
haendeldias
MensagemEnviada: Quinta Agosto 17, 2006 22:43  |  Assunto: Responder com Citação





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schiavo escreveu:
nossa, se seguir à lógica de a vila [todo mundo falando mal = filme absurdo de bom], esse vai ser o melhor do mundo. estréia aqui no final do mês. tenho um derrame de ansiedade antes disso.
não, não é...confie em mim.

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vivizoka
MensagemEnviada: Sexta Agosto 18, 2006 18:36  |  Assunto: Responder com Citação





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Todo mundo fala mal da Vila, e é maravilhoso. A idéia que ele passa é FOD*.
EU, particularmente, não curti Lady in the water.
Não sou muito chegada em Fantasia.

Very Happy


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Earendil
MensagemEnviada: Sexta Agosto 18, 2006 19:45  |  Assunto: Responder com Citação





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Pois é,a Vila é muito criticado como se fosse um filme ruim,quando pra mim é o segundo melhor filme do Shyamalan. O unico erro foi mostrarem a verdade sobre as criaturas antes da sequência da floresta,o que estragou um pouco os momentos finais do filme.

Lady in the Water é o mais fraco mesmo. não sei quando que o Shyamalan vai começar um novo projeto, e se a Warner vai continuar com ele.


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haendeldias
MensagemEnviada: Sexta Agosto 18, 2006 21:49  |  Assunto: Responder com Citação





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Eu tenho a mesma opinião sobre a vila! a mesma!
mas ainda sim gosto muuuito dele!

o shyamalan tem é que tomar vergonha na cara e fazer filme direito como ele sempre fez..


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schiavo
MensagemEnviada: Domingo Agosto 20, 2006 22:11  |  Assunto: Responder com Citação





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Earendil escreveu:
O unico erro foi mostrarem a verdade sobre as criaturas antes da sequência da floresta,o que estragou um pouco os momentos finais do filme.


eu, acho genial o cara acabar com todo o sobrenatural do filme, e ainda sim, conseguir fazer tensão com o mesmo.


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Bandit
MensagemEnviada: Quinta Agosto 24, 2006 15:39  |  Assunto: Responder com Citação





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Curiosidades postadas. Wink

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Earendil
MensagemEnviada: Quinta Agosto 31, 2006 20:45  |  Assunto: Responder com Citação





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A Dama na Água

Por Marcelo Hessel
31/8/2006

A dama na água (Lady in the Water, 2006) é o pior filme escrito e dirigido por M. Night Shyamalan desde O sexto sentido (1999), mas é também o mais divertido. É o mais auto-indulgente, daqueles que se curvam para enxergar melhor dentro do próprio umbigo, mas é também o mais auto-paródico, dos que sabem rir de si mesmos. Conflitante? Pois o próprio cineasta não deixa de ser uma contradição - e o processo entre a concepção e o lançamento do filme é emblemático.

No ano passado Shyamalan brigou com a Disney - por onde lançou O sexto sentido, Corpo fechado (2001), Sinais (2003) e A vila (2005) - em nome da sua independência de criador. anos ele tenta fugir do estigma das "surpresas" do suspense (A Vila é incompreendido justamente porque todos só prestam atenção na famigerada reviravolta no roteiro, nunca nas soluções de direção), e há anos o público sempre espera dele um novo O sexto sentido. Agora sediado na Warner Bros., A dama na água deveria representar uma nova fase. Uma fase em que as pessoas deixariam, enfim, de enxergar Shyamalan antes de atentar para o seu trabalho. E o que ele faz? Forra o filme de si mesmo.

Para ser justo, Shyamalan já atuava em seus longas, em condição de protagonista, desde Praying with Anger, sua estréia, em 1992. O que conta na prática, porém, é o período pós-99 - e mesmo em Sinais o papel de Shyamalan na trama não era tão destacado. Aqui o seu núcleo dramático conflita com o principal. Na trama, um zelador chamado Cleveland Heep (Paul Giamatti) resgata uma misteriosa jovem (Bryce Dallas Howard) da piscina do prédio e descobre que ela é uma ninfa de contos de fadas tentando voltar pra casa. Shyamalan vive Vick, escritor de obra inacabada que, ao ter contato com a ninfa, seu futuro se iluminar.

O fato de Vick receber a notícia de que escreverá o livro que influenciará o futuro presidente dos Estados Unidos já entra no citado terreno do humor. É Shyamalan fazendo piada com o jeito de Shyamalan enxergar o mundo como uma roda de predestinações. O problema é a maneira como o cineasta sequestra a fábula de A dama na água para chorar a sua condição de incompreendido e seu complexo de perseguição.

É engraçado ver sofrer um crítico de cinema transformado em personagem? Sem dúvida. Mas se o diretor indiano quer seguir adiante com a sua obra, piadinha de metalinguagem não é o melhor caminho. Na história, o personagem de Giamatti zela pelos cuidados com a ninfa como se ela sofresse de descrença geral - a humanidade, em suma, desaprendeu a usar a imaginação. Shyamalan age como se a fábula fosse um gênero desacreditado. É uma situação cômoda, um mártir de véspera. Qualquer Guillermo Del Toro prova que uma fábula não precisa se reafirmar como tal para ter credibilidade.

Não é o fim do mundo, claro. A dama na água ainda é melhor do que o grosso da produção de Hollywood. No filme há conceito (a idéia do condomínio como um pequeno mundo que precisa achar seu equilíbrio se completa, politicamente, com as images da Guerra do Iraque na TV) e há arrojo formal. Se o roteiro peca pelo retrocesso (a história do herói em busca de redenção, igualzinha à de Sinais, havia sido superada em A Vila), sua construção de imagens é impecável. Poucos nos EUA manjam de enquadramento como Shyamalan, no sentido de utilizar profundidade e ponto focal como formas de criar suspense. A cena em que a ninfa sai da água pela primeira vez é exemplo disso: os olhos do espectador acompanham o zelador ao fundo, enquanto ela surge desavisada em primeiro plano.

Ver Shyamalan filmar é a parte mais divertida - afinal, ele entende do que faz. Mas, de certa maneira, o fato de sabermos que Shyamalan está ali, que aquelas são as suas marcas, é parte do dilema. Nem o próprio diretor parace se contentar mais com aquilo que já conhece. Será ótimo quando ele perceber que, por questão de sobrevivência artística, o importante será marcar um recomeço. E começar de novo envolve risco, não autodefesa.

Fonte:Omelete


__________________________________________


Dama na Água, A - Lady in the Water, 2006

Citação:
Ao escrever sobre A Vila, dois anos, comentei que o cineasta M. Night Shyamalan vinha caindo em meu conceito a cada novo filme. Pois a jornada está completa: depois de surgir como uma grande promessa em 1999, com O Sexto Sentido (antes disso, ele havia realizado Praying with Anger, que não vi, e o bom Olhos Abertos), Shyamalan levou apenas sete anos e quatro filmes para chegar ao fundo do poço, que atinge com este seu novo A Dama na Água. Se seus roteiros já vinham deixando a desejar desde Sinais, ao menos seu talento como diretor trazia algum elemento interessante às produções que comandava - algo que apontei ao escrever sobre A Vila. Desta vez, porém, nada resgata seu projeto do desastre total: além de um roteiro pedestre (para dizer o mínimo), o filme conta com uma direção corriqueira que não faz jus àquele que alguns cismaram de batizar como “o novo Hitchcock”.



Elaborado a partir de uma história de ninar que Shyamalan criou para as filhas, o roteiro de A Dama na Água tenta conceber um universo mitológico que, em vez de apresentar-se fascinante e inventivo, soa mais como uma versão empobrecida de mundos fictícios infinitamente mais criativos e abrangentes. Quando a trama tem início, somos apresentados ao introspectivo Cleveland Heep (Giamatti), zelador de um condomínio que, certa noite, descobre uma jovem nadando na piscina do edifício. Pálida e misteriosa, ela revela ser uma narf, criatura das águas que veio ao “mundo dos Homens” para inspirar um indivíduo em particular alguém que escreverá uma obra que influenciará o destino de todos. Ela também explica que está sendo perseguida por um scrunt, uma espécie de “lobo-grama” (na falta de termo melhor) que quer matá-la apesar das regras existentes contra este tipo de crime regras impostas pelos Tartutics, espécie de “macacos-árvore” (na falta de um termo melhor). Assim, ela recorre ao auxílio de Cleveland para conseguir encontrar o humano que deve inspirar e também para permanecer em segurança até o momento em que será levada por uma Grande Eatlon, espécie de águia gigante (na falta de... hum... não, na realidade isto descreve exatamente o que é a tal Grande Eatlon).



Embora ver atores talentosos como Paul Giamatti e Jeffrey Wright dizendo coisas como “narf”, “tartutic” e “kii” não deixe de ter sua graça ocasional, o fato é que o roteiro de A Dama na Água parece ser exatamente aquilo que é: uma história inventada na base do improviso para levar crianças ao sono, não apresentando qualquer estrutura ou significado mais profundo (mais sobre isto daqui a pouco). Aliás, isto me fez lembrar justamente de O Sexto Sentido, quando o personagem de Bruce Willis tenta contar uma história para o garotinho vivido por Haley Joel Osment e este reclama da “falta de reviravoltas”, de acontecimentos interessantes, ao longo da narrativa e, em A Dama na Água, Shyamalan parece introduzir uma nova informação a cada dez minutos, como se tentasse justamente evitar que percebêssemos o fato de que nada faz muito sentido ou é particularmente interessante. Basta dizer que sempre que a história empaca, o protagonista recorre a uma velha chinesa que mora no prédio para que esta conte mais um pedaço da fábula que parece refletir os acontecimentos que ele está vivenciando e por que ele não pede que ela termine a maldita história de uma vez, para que ele possua todos os dados relevantes e possa agir de acordo, é algo que não sei responder. (Aliás, sei: se fizesse isso, o filme chegaria ao fim.) Assim, quando o cineasta julga já ser o momento de assustar o público mais uma vez, atira uma cena ao acaso na qual Cleveland tenta confrontar o scrunt enquanto, através de rádio-comunicador(!), a narf lhe informa que ele pode enxergar os olhos da criatura através do reflexo em um espelho. Faz sentido? Não importa; o que Shyamalan persegue é o suspense que isto poderia provocar.



Repleto de cenas sem propósito e trazendo um número excessivo de personagens, o roteiro se esforça ao máximo para estender sua narrativa, mesmo que a trama frágil obviamente não o permita. Desta maneira, temos longas cenas nas quais acompanhamos Cleveland fazendo perguntas através do telefone para uma garota que, em seguida, as repete para a mãe em chinês, ouvindo as respostas e voltando a traduzi-las para o zelador e a mesma lógica da “encheção de lingüiça” se aplica à seqüência que traz o protagonista sondando vários inquilinos sobre as atividades literárias de cada um. Para piorar, A Dama na Água é recheado de diálogos expositivos, dependendo das conversas entre os personagens para revelar desajeitadamente detalhes sobre, por exemplo, o passado de Cleveland. Como se não bastasse, um momento em que uma informação é repetida, em off, apenas alguns segundos depois de ter sido fornecida ao protagonista, como se o espectador fosse incapaz de perceber, sozinho, o que ele está procurando no “fundo” da piscina.



Obrigando o normalmente brilhante Paul Giamatti a exibir uma das gagueiras mais artificiais do Cinema, M. Night Shyamalan não parece saber sequer como desenvolver seus personagens, utilizando uma tragédia genérica para justificar as ações de Cleveland e chega a ser espantoso que o cineasta, descendente de indianos, inclua estereótipos absurdamente ofensivos de asiáticos e latinos em seu filme. Porém, talvez sua maior falha como “contador de histórias” resida em sua incapacidade de levar o público a aceitar os absurdos de seu universo: enquanto todos os adultos presentes em A Dama na Água parecem aceitar com inacreditável facilidade tudo o que Cleveland revela, o espectador se sente deixado de fora, que, aqui, a suspensão da descrença falha miseravelmente. Além disso, o roteiro erra ao incluir uma introdução que, através de animação, explica praticamente tudo o que veremos a seguir, eliminando qualquer elemento-surpresa que o filme pudesse explorar.



Mas a grande decepção deste projeto encontra-se mesmo na fraca direção de Shyamalan algo inédito em sua carreira. Empregando uma lógica visual pouco inspirada, o cineasta abusa de ângulos baixos, do contra-foco e de composições que buscam trazer os atores sempre para o centro do quadro e olhando diretamente para a câmera e mesmo aqueles enquadramentos que poderiam ter melhores resultados (como o que traz uma atriz ajoelhada em frente ao box do banheiro, conversando com alguém que se encontra oculto por uma parede) acabam fracassando em função da solenidade excessiva com que são tratados pelo diretor, como se este parecesse encantado com o resultado de sua composição. E por que, afinal de contas, Shyamalan parece tão empenhado em ocultar o rosto da atriz Cindy Cheung em diversos momentos (como sua primeira aparição em cena), como se ocultasse algo? É realmente uma pena constatar que nem mesmo o genial diretor de fotografia Christopher Doyle consegue tornar A Dama na Água mais interessante do ponto de vista estético (e é curioso perceber que, em contrapartida, a arte criada para o cartaz da produção é espetacular).



E chegamos, finalmente, à desonestidade artística de M. Night Shyamalan, que procura empregar dois subterfúgios pobres para se “proteger” daqueles que inevitavelmente condenariam o fracasso deste seu novo esforço. Em primeiro lugar, ao cercar seu filme com a justificativa de que se trata de uma “história para crianças”, o cineasta tenta antecipar as críticas à falta de lógica do roteiro através da argumentação de que aqueles que não o apreciaram se tornaram incapazes de enxergar o mundo com um olhar mais ingênuo, puro e um personagem chega mesmo a comentar que gostaria de “ser criança novamente” e de “conseguir acreditar”. Seguindo esta lógica incerta, filmes como O Expresso Polar, Monstros S.A. e Procurando Nemo deveriam ter sido destroçados por todos os adultos “cínicos” do mundo (além disso, sejamos sinceros: A Dama na Água está longe de ser um “filme para crianças”).



Finalmente, Shyamalan inclui, na história, a figura de um crítico de Cinema que, vivido pelo ótimo Bob Balaban, encarna todos os defeitos normalmente atribuídos ao estereótipo dos profissionais da área: é arrogante, cínico e desagradável. Assim, o diretor parece preparar uma armadilha fatal: se ataco A Dama na Água, é porque fiquei ofendido com a forma com que minha profissão foi retratada. Pois longe disso: a melhor cena do filme, aliás, é justamente aquela protagonizada por Balaban em um corredor escuro. Porém, se Shyamalan queria manifestar seu desprezo pelos críticos (ou pela “destruição” da Arte através da Análise), poderia tê-lo feito com mais talento e inteligência, como, por exemplo, Beto Brant fez em seu magnífico Um Crime Delicado. Além do mais, é no mínimo irônico que o cineasta acuse a Crítica de arrogância, mas escreva, para si mesmo, o papel de um artista cujo trabalho revolucionará o mundo.



Estou certo de que, assim como aconteceu com A Vila, surgirão aqueles que verão, em A Dama na Água, inúmeras metáforas sobre a “condição humana”, o espírito destrutivo do Homem e assim por diante afinal, o próprio diretor-roteirista tenta incutir um caráter mais profundo à história através de locuções constantes sobre a guerra no Iraque e, é claro, ao batizar sua heroína de História. (Percebem? A “História” pode ser compreendida e salva por aqueles que acreditam em sua existência sem questionamentos! Incrível.) Por outro lado, como há aqueles que encontram significado até mesmo na borra de café que permanece no fundo da xícara, não há como evitar que uma fraude como A Dama na Água ganhe novas interpretações.

Ao que parece, M. Night Shyamalan está sendo sabotado por acreditar no próprio mito, por julgar-se um artista cujo menor esforço é digno de grandes aplausos. Falta-lhe humildade para desenvolver melhor seus projetos e suas idéias e, principalmente, para reconhecer que algumas destas não são boas o bastante. Eu também costumo contar historinhas para meu filho envolvendo “homens-melancia”, dragões e cachorros-pedra que cospem lava (eu os chamo de crancôrs!), mas daí a julgar que o que diverte uma criança de três anos de idade é interessante o bastante para ganhar uma versão para Cinema vai uma grande distância.

Ou, quem sabe, eu algum dia realize O Homem-Melancia?


Fonte:CinemaEmCena.com.br

O Vilhaça exagera na critica de Sinais e A VIla,dois filmes que eu acho excelentes,mas nesse A Dama na Água ele acertou em cheio.


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Nabuco
MensagemEnviada: Sábado Setembro 02, 2006 18:27  |  Assunto: Responder com Citação





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Eu até gosto do Pablo Vilhaça, sempre leio suas críticas, mas essa aí foi absurda. Onde já se viu ele criticar quem consegue ver significados nos filmes do M. Night Shyamalan, logo ele, comparando ainda por cima isso a uma borra de café. Cada cena de seus filme são carregadas de metáforas e simbolismos. Isso mostra que a crítica que ele fez aos críticos no seu filme, não é infundada.
E não foi só esse o erro dele, como pode falar que os atores tiveram uma atuação ruim ou que a direção do MNS foi fraca, tsc tsc tsc coitado.

Mas apesar de tudo concordo com ele, quando diz que Shyamalan precisa trabalhar melhor seus projetos e suas idéias, que aliás, a idéia central dos 5 filmes dele são fantásticas, acho que ele precisa melhorar o desenvolvimento da história, principalmente nos 3 últimos filmes (Sinais, A vila e esse) que poderia ser melhor.

Queria ver um filme do MNS onde ele seja apenas diretor, que na minha modesta opinião é o melhor de hoje, poucos diretores conseguem capitar ângulos e criar um clima de suspense como ele, o cara é genial. E ainda esse negócio do cara querer ser escritor, produtor, diretor e ator tudo num mesmo filme, acho que sobrecarrega seu trabalho e nem tudo sai perfeito. Ele como ator então, não gosto nem um pouco.

Mas apesar de tudo, eu gostei do filme, quem conseguir enxergar toda a magia que existe no filme tenho certeza que não vai decepicionar. Fazer um conto de fadas para adultos não é um trabalho fácil.

Podem criticar, falar mal o quanto quiser, mas todo filme que o M. Night Shyamalan lançar, eu estarei na primeria sessão sem falta, como ontem. Ele é o cara.


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