Registrado em: Quarta-Feira, 22 de Março de 2006 Mensagens: 1.429 Tópicos: 19 Localização: Patrocínio/MG
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Bandit escreveu:
Pra quem ainda não entendeu, existe uma explicação que pode ser encontrada
aqui que é a mais aceita entre os cinéfalos.
Digo que é a mais aceita pq o Kubrick era um gênio tão a frente do seu tempo que é bem possível que não fosse nada disso.
Muito bacana os slides e muito boa a explicação, faz sentido. Apesar de ser bem diferente da minha interpretação.
Mas é aí que tá a graça e a genialidade de Kubrick. Às vezes pensar, colocar a imaginação e o cérebro pra funcionar faz bem. O problema é que estamos tão acostumados a receber tudo mastigado, que quando nos deparamos com um filme como 2001, é mais fácil falar que o filme não presta e não tem sentido, do que tentar desvendar os simbolismos e juntar todo esse quebra-cabeça.
Como o próprio Kubrick e Clarke (co-roteirista) disseram sobre 2001:
"Se alguém conseguir responder a todas as perguntas, isso significa que fracassamos”.
Haha. Zoera. Eu nem entro nessa discussão de Kubrick.
Não me identifico com ele, e só isso já importa muito para nossa percepção sobre um diretor, por isso nem discuto.
Eu também digo a mesma coisa, não sou um grande fã assim dele não, só falei aquilo por achei Laranja Mecânica muito bom, enquanto 2001 eu não entendi nada.
Antes do amanhecer ( Before Sunrise, Richard Linklater - 1995)
Quando eu era garoto, tinha meus 12, 13 anos, eu achava que o Van Damme e o Steven Seagal eram os jesus cristos do cinema. Tudo que eles faziam era sensacional. Depois que eu cresci, perdi inteiramente a vontade pelos filmes de ação, ou os filmes grandiosos.
Nunca fui chegado a romance, pq normalmente eles eram comedias romanticas ( que sempre são iguais uns aos outros, num nivel muito mediano) ou aqueles romances mexicanos desgracentos, onde todo mundo sofre igual a cachorro manco. Ver coisas verdadeiras, com honestidade é rarissimo.
Eu fui ver esse filme pq eu sabia que era um filme bacana e por outros motivos que não convem falar. Quando acabou, eu me questionei se eu deveria ter visto agora esse filme.
O filme é belissimo. As atuações do Eathan Hawk e da Julie Delphi são perfeitas, na pele do casal que se conhece e tem apenas um dia pra ficar junto. O grande problema é que justamente, a coisa pe boa demais. eu não ando passando por uma fase amorosa legal e ver esse filmes acabam comigo.
O roteiro do filme é uma pequena joia. Até pq, o filme inteiro é um grande dialogo entre o casal, que debate sobre o amor e seu desenrolar. VEr os antagonismos dos protagonistas é interessante, pq eles mostram as ambuguidades de se gostar de alguém, mas nunca de uma maneira maniqueista. Não há espaço para verborragia açucarada. apenas constatações de pessoas que já tiveram o prazer de gostar de alguém e em algum momento deixaram de gostar.
Esse filme devasta uma pessoa. De muitas maneiras.
Depois do sucesso do Tropa de Elite resolvi assistir esse filme já que ele desbancou o Tropa na escolha brasileira para uma indicação ao Oscar 2008.
O filme busca um olhar infantil sobre os acontecimentos de 1970, mesclando a paixão pelo futebol e a estranheza causada por fatos da época. É também um filme que busca falar sobre a ditadura de forma indireta, mostrando-a através da visão do garoto Mauro sobre o cotidiano, e usando o conhecimento que o espectador possui sobre o tema, que faz com que identifique situações por conta própria. Destaque para a análise comparativa entre o futebol, paixão popular do brasileiro, e a questão política do país naquele momento.
É um bom filme, mas achei que o Tropa de Elite deveria ter sido o indicado.
Nota: 7/10
Obs: Quem for baixar este release, não esqueça de baixar também a legenda em português para os diálogos em hebraico.
I Stand Alone ( Seul contre tous, Gaspar Noé - 1998)
"O tempo destrói tudo"
Essa frase é o ponto de partida de Irreversível do mesmo Gaspar Noé, e é proferida pelo mesmo ator que protagoniza Seul contre Tous na 1ª cena do já citado Irreversível...
Mas ela poderia ser usada perfeitamente para descrever a jornada de ódio, raiva e fome (tanto física quanto emocional) do protagonistaneste filme também.
Confesso que esperava algo mais forte, sujo e bárbaro (culpa do kenne, Mouris e haendel que colocaram a minha espectativa lá em cima), mas ainda sim me senti enojado e chocado com o desfecho.
Tanto que estou pegando o curta que conta o começo da história do açougueiro (até para entender melhor tudo o que ele passou até chegar naquele estado emocional).
É um dos melhores filmes "sujos" que já assisti (interpretem como quiserem), só não achei melhor que Irreversível e Ex Drummer.
Sem sombra de dúvida nota 10
Edit:
Eu também assisti "O Ano..." esse findi só pra desencargo de conciência e só tenho uma coisa a dizer...
BOMBA!!!
O roteiro é chato, as atuações são medianas e quando o filme acaba o espectador se pergunta: "Tá, mas e ai?"
Se você não é judeu nem teve parentes exilados durante a ditadura, esse filme não vai lhe servir de nada.
Nem percam o seu tempo baixando essa bosta nem gastem o seu dinheiro na locadora, se ainda sim quiserem assistir, esperem passar na tela quente.
Um cara que achou Cashback apenas um bom filme não tem moral pra me chamar de escroto, mas como dizia a tal velhinha que comia tatu... Gosto é gosto.
Então vamos de filmes...
Crianças Invisiveis (uma suruba de diretores 2005)
Não vou falar de todos os 7 curtas até pq alguns deles são bem sem graça, mas vale a pena destacar os melhores:
Jesus Children of America (Spike Lee) é um chute nas bolas (como tudo do Spike Lee), fala sobre preconceito, política, drogas e aids de uma forma crua, real e impactante, e acaba se revelando o melhor curta dentre todos(além de ter as melhores interpretações dos personagens adultos). Sem dúvida vale assistir o filme apenas por esse seguimento. Nota 10
Bilu e João (Kátia Lund) Uma grata surpresa ter um brasileiro entre os melhores. A dupla do título são as crianças mais cativantes do filme e o roteiro se revela muito mais interessante do que parece a princípio. Kátia Lund sabe como ninguém retratar o cotídiano das periferias e apesar da história ser simples (acompanhamos um dia na vida destas duas crianças que vivem da venda de recicláveis), é extremamente tocante e divertido. Ponto pro Brasil. Nota 9
Song Song and Little Cat (John Woo) Mostra um retrato da desigualdade social na China através dos olhos da rica, mimada e infeliz Song Song (que sofre por causa das brigas de seus pais) e da podre Pequena Gatinha (que foi encontrada ainda bebê no meio da rua por um catador de recicláveis). Até ai parece não ter nada demais, mas é ai que John Woo nos surpreende com uma "virada" no roteiro e daí pra frente o curta ganha uma carga dramática incrível. Nota 8
Ciro (Stefano Veneruso) Divertido, dinâmico e leve, tem a fotografia mais bonita e também a melhor trilha. O Italianinho que interpreta o personagem titulo é cativante e merece reconhecimento. Se perde um pouco no roteiro mas ainda sim um bom curta. Nota 7
Jonathan (Jordan Ridley Scott) É apenas mais uma forma da dupla de (péssimos) diretores mostrarem o seu estilo tradicional com uma montagem frenética, bombas e tiros pra todo lado. O roteiro (se é que existe) foge totalmente da temática do filme (crianças excluídas e párias da sociedade) e acaba da mesma forma que começa. Totalmente sem sentido. Só não foi pior que os curtas do Mehdi Charef e do Emir Kusturica. Nota 4
Blue Gypsy (Emir Kusturica) Apesar de ser uma comédia, não tem graça nenhuma e justamente por isso também, não consegue ser dramático o suficiente quando assim necessário. Até tem umas gags engraçadinhas, mas também não convence. Só não é um desastre total por causa de uma cena bem no final. Nota 3
Tanza (Mehdi Charef) É o que abre o filme e o mais chato de todos. Até que o tema é interessante e recorrente pro pessoal aqui do LB (o recrutamento de crianças para lutar com os rebeldes da África, assim como aconteceu com Mr. Eko), mas a forma lenta como a história é conduzida acabam com qualquer chance de que agente queira acompanha-lo até o final (eu torcia pra acabasse logo e começasse o próximo). Nota 2
afff, me empolguei e acabei falando de todos...
Se eu tivesse que dar uma nota geral para o filme acho que um 6 é justo.
Edit 18-10-07
O Que é Isso Companheiro? (Idem-Bruno Barreto 1997)
Eu não sei por cargas dágua que eu jamais havia visto esse filme, mas me arrependo por ter demorado tanto.
A história todo mundo já está cansado de saber, mas a forma como foi contada é que torna esse filme incrivelmente especial.
O elenco é um dos melhores de todos os tempos em matéria de cinema nacional e todos estão muito bem nos seus respectivos papeis, inclusive os coadjuvantes, com destaque para o guerrilheiro insano vivido pelo Matheus Natchergaele.
A direção e a montagem do Barreto é precisa e cada plano muito bem executado e editado, de modo que deixa o espectador sempre ansioso pelo que está por vir, e nem sentimos passar as quase duas horas de filme. Destaque também para as cenas de ação, que apesar de poucas, são muito bem executadas.
Enfim, um ótimo filme nacional que está completando 10 anos e que deveria ser melhor valorizado pelo público.
Nota 9
Soluços e soluções (Edu Felistoque / Nereu Cerdeira - 2000)
Um publicitário tem uma idéia revolucionaria numa mesa de bar depois de tomar uns 10 chop's com os amigos sobre como resolver o problema da seca no nordeste e resolve por essa idéia em prática, o que o leva a ir a 2600 km de casa para cavar poços artesianos de vilarejo em vilarejo, pois ele acredita que de grão em grão ele pode conscientizar os governos e a sociedade a arregaçar as mangas e resolver o problema de uma vez.
Uma ótima premissa, um bom roteiro, atores excelentes, fotografia primorosa e uma belíssima direção... Só tem um problema.
Ninguém contava com a edição megalomaníaca e totalmente absurda de um péssimo profissional, que acabou resultando em um produto final realmente tenebroso.
Esse não é o 1° filme brasileiro que vejo um editor que quer aparecer mutilar um bom trabalho, mas o que esse cara (que aparece anômino nos créditos) fez foi um assassinato com requintes de crueldade.
A idéia do filme em sí é ótima, pois nos faz pensar a respeito do tema proposto e que é um dos grandes problemas brasileiros, mas infelizmente , a confusão visual (com planos que volta e meia se repetem, depois de viagens temporais totalmente desnecessárias a trama) é tanta, que não sobra espaço pra um debate filosófico mais aprofundado sobre questão do filme, apenas sobre como a montagem dele é ruim.