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Como ‘Dr. Morte’, Al Pacino deixa a TV dos EUA mais viva do que nunca

Embora só vá ganhar horário nobre na HBO americana no dia 24, “You don’t know Jack”, telefilme pilotado pelo cineasta Barry Levinson (ganhador do Oscar por “Rain Man”), virou a produção audiovisual mais polêmica dos EUA na atualidade, ao inflamar um debate sobre a eutanásia. Sua controvérsia se multiplicou no momento em que seu trailer ganhou o YouTube, prometendo uma das melhores atuações da carreira do nova-iorquino Alfredo James Pacino, que, no dia 25, comemora seu 70 aniversário. Nas primeiras imagens veiculadas, um grisalho Pacino esbanja ironia no papel do médico americano Jack Kevorkian, conhecido como “Dr. Morte” por advogar em prol do direito à eutanásia em pacientes terminais. Sua defesa, como alternativa ao sofrimento, faz do longa de Levinson uma bomba-relógio.

“Não sei se muita gente pode afirmar, com convicção, quem é realmente Jack Kevorkian. E, por tudo o que se lê sobre ele, a gente acaba construindo uma versão bem diferente do Jack que eu pude conhecer. E não sei se o filme vai tornar seu perfil mais conhecido, o que seria ótimo”, diz Pacino, em entrevista ao site “Collider”.

Sem previsão de estreia na HBO brasileira, “You don’t know Jack” marca o regresso de Pacino à TV sete anos após a minissérie “Angels in America”, pela qual ele ganhou um Globo de Ouro de melhor ator dramático, em 2004. Filmando neste momento “Son of no one”, de Dito Montiel, o eterno Michael Corleone está ocupado ainda com a finalização de “Wilde Salome”, seu terceiro longa-metragem como diretor após os elogiados “Ricardo III — Um ensaio”, de1996, e “Chinese Coffee”, de 2000 (inédito aqui). Mesmo assim, ele tem administrado sua agenda — e a de sua nova namorada, a beldade Lucila Sola — de modo a poder estar ao lado de Kevorkian na campanha promocional de “You don’t know Jack”.

Coadjuvado por três atores de forte prestígio junto aos críticos dos EUA — Susan Sarandon, John Goodman e Brenda Vaccaro —, Pacino preferiu não encontrar Kevorkian durante sua preparação para o projeto, optando por estudar as diferentes abordagens que a mídia fez da cruzada libertária do médico. Kevorkian ajudou pelo menos 130 pessoas nos EUA a cometer eutanásia. Ativista fervoroso da atenuação da dor em portadores de moléstias irreversíveis, ele foi preso em 1999 e libertado por bom comportamento em junho de 2007. No fim dos anos 1990, o escritor Kurt Vonnegut (1922-2007) aproveitou a prisão do Dr. Morte e fez dele personagem de uma série de crônicas produzidas para a emissora de rádio WNYC. Posteriormente, o material rendeu a coletânea “Deus o abençoe, Dr. Kevorkian”, já publicada no Brasil.

Agora, o filme volta a melindrar a área mais conservadora da medicina, além de provocar instabilidade entre os executivos de TV, incapazes de dimensionar o impacto de “You don’t know Jack”.

Contemporâneos de Pacino na chamada easy rider generation, que engajou o cinema americano em reflexões sociais entre 1967 e 1981, o diretor Martin Scorsese e o ator Dustin Hoffman também estão com projetos na HBO. Scorsese faz a produção executiva e dirige alguns episódios da série “Boardwalk Empire”, em que Steve Buscemi envolve-se com gângsteres e políticos em Atlantic City. Já Hoffman vai protagonizar “Luck”, seriado sobre um jogador profissional em apuros. Mesmo sabendo que as gravações do piloto, com direção do cineasta Michael Mann (de “Colateral”), só começam em alguns meses, já tem olheiro da indústria televisiva apostando num provável Globo de Ouro de melhor ator de seriados dramáticos para Hoffman. Afinal, não é todo dia que o astro de “Tootsie” topa brilhar fora da telona.

Fonte: blog do bonequinho

O Jack verdadeiro comentando sobre a produção: