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Trek Brasilis
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30 de outubro de 2007
Star Trek em HD-DVD: a salvação da tecnologia?
Notícia postada por Redação, às 15:26.
Por Luiz Felipe do Vale Tavares
Há alguns anos eu escrevi um artigo no Trek Brasilis sobre a evolução de Jornada nas Estrelas em home-video. Desde rolos de películas em 16mm, para depois aparecer em VHS, Laserdisc e, finalmente, DVD, Star Trek acompanhou a evolução das tecnologias de vídeo e áudio para dentro de nossas casas.
Ao final do artigo, mencionei de passagem sobre os possíveis novos formatos de home-video que cedo ou tarde chegariam até nós, oferecendo a série em High Definition (alta definição de imagem) e melhor qualidade de som. O futuro chegou, embora tumultuado, pois os consumidores caíram vítimas novamente no meio de mais uma guerra de formatos, HD-DVD vs. Blu-Ray.
Antes de prosseguir, vale lembrar que no início dos anos 80 ocorreu uma guerra semelhante entre o VHS e o Betamax. O Betamax oferecia melhor qualidade de imagem e som, mas foi praticamente destruído pela agressiva competição do VHS. Com custos de produção mais baixos e maior acervo de filmes, o VHS ganhou adesão das maiores distribuidoras (Warner, Universal, Paramount) e, por conseqüência, ganhou também o público.
Aliás, é um fato interessante que a indústria pornô ajudou e muito na vitória do VHS, pois todas as distribuidoras aderiram exclusivamente a esse formato. Nos anos 80 não havia internet, então o público cativo desse tipo de atração não tinha muitas opções além de cinemas obscuros e fitas VHS. Assim, o Betamax sofreu uma morte lenta e prolongada até o final dos anos 80, quando desapareceu em definitivo.
Durante o reinado do VHS surgiram novas tecnologias (como o Laserdisc), não para substitui-lo, mas sim como alternativa onerosa para quem pudesse ter o luxo de desembolsar uma quantia mais generosa para assistir filmes com melhor qualidade de imagem e som. O reinado do VHS sofreu seu verdadeiro abalo com a chegada do DVD, em meados de 1996, tecnologia criada para substituí-lo.
O DVD está reinando de forma absoluta há 10 anos, ainda sem previsão do seu fim. No entanto, novas tecnologias estão surgindo, mas como alternativas, não como substitutas ao DVD (razão pela qual ninguém precisa temer pelo fim do DVD e ter que comprar novamente toda a coleção de filmes e séries em um novo formato). Assim, em 2006 nasceram duas tecnologias rivais, o HD-DVD e o Blu-Ray.
À semelhança do que ocorreu entre o VHS e o Betamax, o HD-DVD e o Blu-Ray estão disputando o mercado de home-video em alta definição. Conforme veremos em seguida, o Blu-Ray está ganhando a dianteira, mas o HD-DVD ainda tem algumas boas cartas sob a manga para tentar uma reviravolta. Dentre essas cartas está a nossa série favorita de ficção-científica, Jornada nas Estrelas.
Antes de prosseguir, vamos analisar de forma breve sobre sobre os novos referidos formatos de video de alta definição.
Enquanto que o DVD é capaz de processar no máximo uma imagem de resolução de 480 linhas, de forma progressiva (o denominado 480p), o HD-DVD e o Blu-ray são capazes de processar até 1080 linhas de forma progressiva (1080p). Quanto ao som, o DVD utiliza tanto Dolby Digital (mono, stereo, surround ou 5.1) como o DTS (5.1), enquanto que o HD-DVD e o Blu-Ray utilizam a mesma tecnologia de som, além dos novos Dolby True-HD e DTS-HD (maior fidelidade de áudio). Um disco de DVD tem capacidade máxima de 18Gb (com dupla camada nas duas faces), enquanto que o HD-DVD comporta até 30Gb e o Blu-Ray 50Gb.
Como podem ter percebido, o HD-DVD e o Blu-Ray são muito similares, pois utilizam a mesma resolução e mesmas tecnologias de áudio e video. A única diferença que salta aos olhos é a capacidade do disco (30Gb para HD-DVD e 50Gb para Blu-Ray). Ademais, ambos aceitam compatibilidade retroativa com os discos convencionais de DVD.
Outra diferença: o HD-DVD permite o chamado "Combo disc DVD/HD-DVD", ou seja, o disco rodará conteúdo de DVD em aparelhos de DVD e conteúdo HD-DVD em aparelhos HD-DVD. Feitas essas considerações iniciais, vem a importante indagação: qual o critério de escolha pelo consumidor para optar pelo HD-DVD e o Blu-ray?
Blu-ray ou HD-DVD - A resposta mais óbvia seria: melhor custo/benefício, maior oferta de títulos. No entanto, até o presente momento, no que se refere a essas tecnologias, essa solução não tem sido fácil. Assim vejamos: a tecnologia HD-DVD é a mais barata, tanto no se que refere aos aparelhos como a fabricação dos discos. O Blu-Ray ainda é uma tecnologia cara nesses quesitos.
O cerco vem por conta da Sony e da Buena Vista/Disney, que atestaram seu compromisso exclusivo com o Blu-Ray. A Sony, por sinal, é a empresa que criou o Blu-Ray. Aqui a questão é barra pesada, pois a Sony e a Buena Vista/Disney são as distribuidoras dos últimos maiores sucessos de bilheteria: Piratas do Caribe, Homem-Aranha, James Bond, todas as animações da Pixar (Toy Story, Procurando Nemo, Os Incríveis etc).
Além do suporte peso pesado da Sony e Buena Vista/Disney, a franquia Blockbuster nos EUA já anunciou que só pretende disponibilizar para locação os filmes no formato Blu-Ray. Não haverá locação de HD-DVD nas lojas físicas, apenas pela internet. A intenção é dar um golpe mortal no HD-DVD. A Universal, até agosto de 2007, era a única distribuidora exclusiva para o HD-DVD e, sinceramente, era um suporte fraco. A Universal não tem em seu currículo recente nenhum sucesso de bilheteria. O seu único filme com atrativo para o mercado de Alta Definição é o King Kong, de Peter Jackson. Outra carta na mão é o seriado Heroes, novo sucesso da TV e que será lançado em breve exclusivamente em HD-DVD.
Por outro lado, a Universal tem um pesos pesados no catálogo mais antigo, como os primeiros filmes de Steven Spielberg (Tubarão, E.T., Jurassic Park, A Lista de Schindler etc). Ocorre que o próprio Spielberg já se manifestou de que não pretende autorizar a distribuição desses filmes em HD-DVD enquanto o formato não se tornar popular.
O contra-ataque veio por parte da Paramount e da Dreamworks que, a partir de setembro de 2007, só distribuirão seus filmes em HD-DVD. Até esse momento distribuíam seus filmes em ambos os formatos, assim como a Warner continuará fazendo.
Essa decisão da Paramount e da Dreamworks decorreu de um acerto milionário proposto pela Microsoft e Toshiba (defensoras do HD-DVD), com compromisso dessas distribuidoras lançarem seus filmes exclusivamente em HD-DVD durante os próximos 18 meses. Agora, por conta do compromisso da Paramount e Dreamworks, o HD-DVD terá pesos pesados para contra-atacar o Blu-Ray: Transformers e a trilogia Shrek.
Será que a Blockbuster manterá seu compromisso com o Blu-ray e não terá Transformers e nem Shrek em HD-DVD em suas prateleiras ? É uma decisão dura. Até agosto de 2007 a aposta no mercado era a morte fatal e prematura do HD-DVD até o Natal. O jogo virou em setembro, com o compromisso exclusivo da Paramount e Dreamworks com o formato HD-DVD.
Há quem aposte que o consumidor não cairá vítima dessa guerra imbecil e que, na verdade, o que vingará será o download de filmes em alta definição diretamente da internet. O serviço já existe, mais notadamente pela Microsoft para os usuários do video-game XBox-360, com funções avançadas de video e som. Vários filmes e seriados estão disponíveis para venda através desse sistema.
HD Star Trek - Voltando ao assunto que nos interessa, também virá outro forte golpe no Blu-Ray: a Série Clássica de Jornada será lançada exclusivamente nesse formato em novembro de 2007. Dessa forma, o formato HD-DVD usará Jornada nas Estrelas como mais uma grande chance de sobreviver até 2008. Será um pacote extraordinário (com uma única ressalva, que deixarei por último). O primeiro ano em HD-DVD será composto por 10 discos Combo DVD/HD-DVD, ou seja, também poderão rodar nos aparelhos convencionais de DVD (mas apenas o conteúdo nesse formato, em 480p). Apresentará a série remasterizada com os novos efeitos especiais que, dizem, ficaram fantásticos em alta definição de imagem. Áudio em Dolby True-HD, com a máxima qualidade possível. Novos e inéditos extras, além de um programa interativo para comparação dos efeitos especiais originais com os novos.
Agora vem a referida ressalva: esse pacotão foi anunciado pela Paramount com o absurdo valor de US$ 250. Valor astronômico até para os padrões americanos. A revolta dos consumidores e lojistas foi sonora, pois em menos de um mês a Paramount reduziu o preço para US$ 199. Na Amazon.com está em promoção exclusiva por US$ 129,95.
O valor alto certamente será um obstáculo para o sucesso desse pacote, além do fato de que dificilmente a esmagadora maioria dos consumidores americanos irão optar pelo HD-DVD apenas e tão somente por conta da Série Clássica.
Um fator que não se pode descartar é que, independente da época (seja VHS, LaserDisc ou DVD), a Série Clássica sempre foi um sucesso de vendas. Mas o diferencial é que essa nova possibilidade de sucesso de venda está atrelada a um formato de video que está perdendo espaço no mercado. Os lançamentos de outrora estavam vinculados a formatos de video consolidados no mercado (VHS e DVD).
Aliás, é interessante aqui ressaltar que Jornada nas Estrelas já foi utilizado como instrumento de agregação ao mercado de um formato pouco conhecido no Brasil. Isso ocorreu em 1990/1991 e o formato era o chamado "CD-I", criado pela Philips. O "CD-I" era uma variante do Video-CD (filmes gravados em CDs convencionais, com resolução de VHS, 320x240 linhas), mas com possibilidade de interação e multimídia, ou seja, alguns discos poderiam vir com jogos e outros programas.
A Philips anunciou no início dos anos 90 o seu aparelho de "CD-I" e a Paramount foi a única distribuidora que ficou deslumbrada com as possibilidades. Dentre os primeiros filmes lançados em CD-I, os cinco primeiros filmes de Jornada. O momento não podia ser melhor, pois a época coincidiu com a comemoração dos 25 anos de Star Trek; e que bons tempos foram esses.
A série A Nova Geração estava no pico de sua qualidade, entre as temporadas 4 e 5; um verdadeiro sucesso da TV. No cinema, o lançamento do sexto filme, A Terra Desconhecida, com a digníssima despedida do elenco da Série Clássica. Jornada nas Estrelas jamais viu de novo tamanha época de glória e respeito na mídia.
Bom, prosseguindo, a morte rápida e indolor do CD-I ainda no início dos anos 90 certamente não abalou o mercado. O formato nunca ganhou muito destaque e poucas unidades do tocador da Philips foram vendidas. Por outro lado, os discos CD-I de Jornada nas Estrelas ficaram empoeirando nas prateleiras das lojas por um longo tempo.
Da má experiência a Paramount aprendeu a lição, tanto que foi a última distribuidora que aderiu ao formato DVD. Assim, naquela época, optou por bem em aguardar a consolidação do DVD no mercado.
Portanto, essa decisão de exclusividade com o HD-DVD pode ter sido prematura e, principalmente, perigosa, pois está dando apoio a um formato que está em séria desvantagem no mercado.
Embora mais caro, o Blu-Ray caiu melhor no gosto do consumidor americano. As vendas em Blu-Ray superam HD-DVD na proporção de 2:1. Tudo indica que o Blu-Ray, cedo ou tarde, será o formato vencedor. O que a Paramount e a Dreamworks fizeram foi se prostituírem pela oferta milionária da Microsoft e Toshiba e, como conseqüência direta, fomentar uma guerra inútil em que o consumidor é o verdadeiro prejudicado. Quem se arrisca a construir uma videoteca de filmes em um formato que pode não durar mais do que 2 ou 3 anos no mercado?
Assim, a recomendação para o consumidor brasileiro é: não compre ainda nenhum aparelho desses dois formatos e fique, por enquanto, feliz e satisfeito com o DVD. O DVD existe desde 1997, está tão forte como antes e, certamente, ficará no mercado mais 10 anos.
Se a espera para migrar para alta definição for angustiante, a LG já está lançando aparelhos compatíveis com ambos os formatos HD-DVD e Blu-Ray e a tendência será seguida por outros fabricantes. É uma solução bem mais interessante do que comprar dois aparelhos distintos para cada leva de filmes. No entanto, o preço ainda não é amigável; R$ 5 mil no mercado brasileiro.
De qualquer forma, o recomendável é esperar pacientemente pela vitória de um dos formatos, coisa que deve acontecer apenas em meados de 2009.
A partir desse momento será justificável, sem ressalvas, a adesão para o formato HD (High Definition) e, principalmente, assistir Jornada nas Estrelas com a melhor qualidade de imagem e som... até que apareça um novo formato e lá vamos nós comprar todas as temporadas... de novo. |
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