Sexo: Idade: 44Registrado em: Terça-Feira, 14 de Fevereiro de 2006 Mensagens: 5.436 Tópicos: 449 Localização: Salvador-BA
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Como temos alguns amigos aqui que estão fora/ou já fora para exterior, segue abaixo trecho do Blog de Luis Nassif e reportagens da Revista IstoÉ e Folha de SP que fala sobre os brasileiros Barrados no Exterior mais especificadamente Europa.
Comportamento
Espanha barra brasileiros
O país impede a entrada de oito viajantes por dia e embaixada não dá assistência aos detidos
DETIDA A física Patrícia Magalhães e a sala onde ela ficou retida com outras 40 pessoas durante três dias: sem banho e comendo pão duro, carne seca e batatas fritas esmagadas
Desde 2002, após um aquecimento da economia gerado por um boom imobiliário, houve um aumento na oferta de empregos na Espanha e o país se converteu em um dos destinos preferidos de imigrantes de todo o mundo. Os brasileiros descobriram as oportunidades que a Espanha oferece e hoje são a sétima população com maior presença no país – mas dos 110 mil imigrantes apenas 68 mil vivem legalmente. Além das oportunidades de trabalho, a facilidade da língua, o clima e a presença dos compatriotas fazem o contingente aumentar a cada ano. O preço para ingressar no solo espanhol, porém, tem saído caro para os brasileiros. Cerca de três mil viajantes foram barrados no aeroporto em 2007 e tiveram que voltar para casa.
A física Patrícia Camargo Magalhães, 23 anos, e a turismóloga Camile Gavazza Alves, 34, – barradas no aeroporto de Madri no dia 10 de fevereiro – não tinham intenção de morar no país. Patrícia faz mestrado na Universidade de São Paulo (USP) e iria defender um projeto de pesquisa num congresso internacional em Lisboa. Camile planejava estudar inglês durante seis meses em Dublin, na Irlanda, e investiu R$ 20 mil na viagem. Elas estavam num vôo com conexão na Espanha e depois seguiriam para seus destinos. Mas a viagem e o sonho delas foram interrompidos sem nenhuma justificativa. “Os espanhóis simplesmente não foram com a nossa cara”, afirma Camile, que não recebeu explicações das autoridades espanholas por ter sido barrada. “No meu caso, eles falaram que faltavam documentos, mas não especificavam quais”, diz Patrícia. Dos 20 brasileiros detidos, todos os 12 homens foram liberados na hora. As oito mulheres ficaram retidas e sete voltaram ao Brasil.
Pelo direito internacional, cada nação tem liberdade para decidir sobre a entrada de estrangeiros em seu solo, e as justificativas das recusas não são obrigatórias. Às duas cabia apenas um único direito – a assistência da embaixada. “Minha irmã conseguiu falar com o Itamaraty, mas não tivemos nenhum retorno”, declara Patrícia. Um amigo dela que mora em Madri chegou a ir ao consulado, mas não encontrou nenhum funcionário. Ligou diversas vezes para o telefone de emergência do órgão, deixou mensagens, mas não teve retorno. Resultado: elas ficaram sem nenhum apoio durante três dias, comendo pão duro, carne seca e batatas fritas esmagadas com 40 pessoas numa sala de 50m2 e poucas cadeiras. Não tinham onde tomar banho ou dormir e a disputa pelo telefone era tensa. “Tinha uns 30 latinos lutando na fila por um minuto no telefone público. Eu levei 14 horas para conseguir falar com a minha família. E os policiais gritavam com a gente, dizendo que quem estava pagando a nossa comida era o governo espanhol e que o Brasil não gastava um centavo com a nossa permanência lá”, conta Camile.
AEROPORTO Na Espanha, três mil brasileiros não puderam entrar no país em 2007
O Itamaraty alega, através da sua assessoria de imprensa, que os funcionários do consulado não tinham como telefonar para elas porque o número disponibilizado era um telefone público. O professor de mestrado de Patrícia enviou ao órgão um fax com documentos que comprovavam a participação da pesquisadora num congresso, mas não teve retorno porque, segundo o Itamaraty, não havia o número no fax. Nenhum funcionário da embaixada deu assistência às brasileiras. O cônsul-geral do Brasil em Madri, Gelson Fonseca Júnior, apenas pediu esclarecimento às autoridades espanholas por telefone e e-mail, no dia seguinte. O órgão afirma que o consulado em Madri recebe cerca de 150 chamadas por dia, tem apenas três diplomatas e poucos funcionários. Ou seja, falta estrutura para atender à comunidade brasileira na Espanha, que aumenta a cada dia. Pelo visto, resta aos turistas contar com a própria sorte.
Fonte:
Revista IstoÉ - Edição 1999 27/02/08
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Globalizados de segunda classe
Por Andre Araujo
O tema do mau tratamento de brasileiros no exterior volta hoje à FOLHA em manchete de primeira página (clique aqui).
O Brasil é recordista absoluto, desde 2004, em nacionalidades barradas na entrada do Reino Unido, tanto em numeros absolutos como em numeros relativos. Foi a nacionalidade mais deportada entre todas em 2006, 4.985 pessoas , que correspondem a 14,4% de viajantes brasileiros para o Reino Unido. A segunda nacionalidade foi a paquistanesa, com menos da metade, 2.035, correspondente a apenas 5,9% do seu total de viajantes. Não foi um ano isolado. Em 2005 e 2004 os mesmo numeros e percentuais se registraram aproximadamente.
É algo extraordinário. O contingente de brasileiros viajando para a Inglaterra é dos menores entre todas as nacionalidades, ,182 mil mas o numero de barrados é o maior entre todas, considerando que entram lá mais de 4 milhões de americanos e 800 mil indus por ano.
Alguma coisa acontece.
Não se viu sobre esses numeros espantosos nenhum comentário do Itamaraty.
Os brasileiros estão sendo claramente discriminados no exterior.
O Itamaraty não demonstra preocupação com isso. O tema imigração, pela cultura da casa, não é assunto de Estado, de alto nivel, tipo Rodada de Doha ou Conselho de Segurança. Como tal, é relegado a diplomatas de menor prestigio e qualificação. Isso vem de longe. No entanto, muitos paises importantes entendem que a agressão a um nacional é uma agressão ao Pais e como tal agem. Os EUA pensam assim.
O Reino Unido tambem. O Brasil não.
Fonte:
Blog do Luis Nassif
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Brasil lidera deportações no Reino Unido
Sozinhos, brasileiros representaram 14,5% do total de 34.435 negações de entrada em 2006, seguidos por paquistaneses
Para representantes diplomáticos, alto índice é explicado, em parte, porque brasileiros não têm de ter visto como turista em solo britânico
RAFAEL CARIELLO
DE LONDRES
O músico brasileiro Daniel Peixoto, 23, passou 35 horas, entre 12 e 13 de novembro, detido no aeroporto de Heathrow, em Londres, antes de ter negada oficialmente a sua entrada no Reino Unido e ser embarcado num vôo de volta ao Brasil.
Nesse período, ele diz ter dormido no chão, alimentado-se exclusivamente de sanduíches distribuídos pelas autoridades britânicas e ter sido interrogado por nove horas consecutivas. Enquanto aguardava, dividia duas pequenas salas contíguas com até dez pessoas, que iam e vinham, na companhia constante de um iraquiano e um kosovar. Peixoto não sabia, mas, estatisticamente, sua chance de entrar no país era bem menor que a de seus companheiros de "detenção".
Documentos oficiais do governo britânico mostram que brasileiros representam a maior fatia de pessoas, entre todas as nacionalidades, que têm a entrada negada no Reino Unido e são mandadas de volta ao país de origem da viagem.
O Brasil passou a liderar o ranking em 2004, quando teve 5.180 cidadãos despachados de volta ao país, lugar que manteve nos dois anos seguintes.
Dados do Home Office -braço do governo britânico responsável pelo controle de imigrantes, entre outras funções- contabilizam todas as nacionalidades, com exceção de cidadãos da União Européia.
Os números mostram que, em 2005 e 2006, o total de brasileiros cuja entrada foi negada no país representou mais que o dobro da segunda nacionalidade com maior número de "denegações" nesses períodos.
Outros países
Em 2005, 5.195 brasileiros tiveram a entrada recusada no Reino Unido e foram enviados de volta, contra 2.135 nigerianos, em segundo lugar.
No ano seguinte, foram 4.985 negativas dadas a brasileiros. Paquistaneses -com 2.035 casos- e nigerianos, com 1.960 denegações, vêm em seguida.
Representantes diplomáticos do Brasil no Reino Unido afirmam que o alto índice de brasileiros cujo ingresso é negado já em aeroportos, portos e estações ferroviárias pode ser explicado, em parte, pelo fato de os cidadãos do país não precisarem de visto para entrar em solo britânico como turistas.
Outras nacionalidades que poderiam ser "visadas" são paradas ou desistem de viajar ainda em seus países de origem devido à exigência do visto.
Soma-se a isso o fato de ser grande o número de brasileiros a entrar no país como turistas ou estudantes a cada ano para, em seguida, permanecer no país ilegalmente.
Sozinhos, os brasileiros representaram 16,2% do total de denegações em 2004 (31.930), 16,1% do total de 2005 (32.275) e 14,5% do total de 2006 (34.435). Os números do ano passado não estão disponíveis.
As recusas não são proporcionais às tentativas de entrada no país por nacionalidade.
O número de brasileiros que consegue entrar no Reino Unido -com diversos objetivos declarados, de viagens de turismo, período de estudos a residência- é relativamente modesto e significativamente menor do que o volume de norte-americanos, canadenses, indianos e russos, entre outros.
Em 2006, foi permitida a entrada de 182 mil brasileiros no Reino Unido, contra 4,1 milhões de norte-americanos e 846 mil indianos, por exemplo.
Mesmo os países que seguem o Brasil no ranking das denegações fizeram maior número de tentativas e tiveram maior número de cidadãos autorizados a entrar no Reino Unido. Foram 288 mil nigerianos cuja entrada foi permitida em 2006, e 262 mil paquistaneses.
Fonte:
Folha de SP
Britânicos avaliam seleção prévia no Brasil
Sistema permite que agentes de imigração do Reino Unido rejeitem embarque de suspeitos já em aeroportos brasileiros
Brasil rechaça a idéia da pré-seleção dos viajantes, afirmando que se trataria de ingerência britânica em assuntos brasileiros
DE LONDRES
O governo britânico pressiona as autoridades diplomáticas do Brasil, segundo apurou a Folha, a permitir a ação de funcionários do seu país ainda em solo brasileiro, selecionando nos aeroportos quem pode e quem não pode embarcar para o Reino Unido. São os chamados ALOs (Airline Liaison Officers), que já atuam para o serviço de imigração britânico em mais de 30 países.
"Sondagens", diz um diplomata brasileiro, foram feitas em Brasília e diretamente nas representações diplomáticas do Brasil no Reino Unido.
O Brasil rechaça a idéia da pré-seleção dos viajantes, afirmando que se trataria de ingerência britânica em assuntos que devem ser de competência das autoridades brasileiras.
Os britânicos, em uma forma de retaliação, caso o Brasil não permita a atuação dos ALOs, ameaçam então com a possibilidade de virem a exigir visto de turista para os brasileiros.
Por sua vez, o Itamaraty responde com sua política de reciprocidade -ou seja, o Brasil se sentiria à vontade para aplicar, nesse caso, a mesma exigência de visto para os britânicos.
Segundo esse diplomata, as autoridades locais têm um argumento "forte" no caso do grande número de brasileiros sendo parados em aeroportos e mandados de volta ao país: a enorme comunidade ilegal brasileira no Reino Unido.
Essa comunidade cresceu porque muitos brasileiros chegam ao país com vistos de estudante ou alegando razões de turismo para depois aqui permanecerem sem autorização.
Além disso, se tanta gente consegue passar pela imigração, os britânicos podem argumentar que não estão sendo, de fato, demasiadamente severos.
A preocupação com ilegais se mostra no tipo de questionamento feito a brasileiros ao aportarem em Londres ou em outra grande cidade inglesa.
Os funcionários da imigração pedem informações sobre a condição financeira do viajante. Um exemplo: Daniel Peixoto, 23, que é vocalista da banda Montage e vinha em novembro passado para uma série de apresentações de divulgação em Londres, foi imediatamente questionado sobre o volume de recursos que carregava. Ele afirma que sua carteira foi aberta e seu dinheiro, contado.
Após ser detido, questionaram sobre o trabalho e a condição financeira de seus pais. "Falaram que a minha mãe era pobre porque era funcionária pública no Brasil, que eles sabiam que funcionários públicos não ganham bem no Brasil."
Peixoto afirma que chegaram a lhe perguntar, durante o interrogatório, se o verdadeiro motivo da sua visita não era a intenção de se prostituir na capital da Inglaterra.
"Perguntaram muitas vezes a respeito de prostituição, se eu tinha ido lá para fazer isso. Eles foram direto a esse ponto. Eu achei, no início, que eles estivessem me confundindo com alguém", lembra o músico.
(RAFAEL CARIELLO)
Fonte:
Folha de SP
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