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Morre o sambista Jamelão aos 95 anos
Jamelão atuava há mais de 50 anos como puxador de enredo da Mangueira
O cantor e compositor José Bispo Clementino dos Santos, o Jamelão, 95 anos, morreu às 4h deste sábado, na Casa de Saúde Pinheiro Machado, Rio de Janeiro, em decorrência de uma infecção generalizada. Ele estava internado desde a última quinta-feira.
Em nota oficial, a presidente da Estação Primeira de Mangueira, Eli Gonçalves, a Chininha, declarou o luto pela morte de Jamelão, presidente de honra da escola, por infecção grave.
O corpo aguarda por liberação e será velado na quadra da Mangueira (rua Visconde de Niterói, 1072, Mangueira). O enterro será realizado neste domingo, às 11h, no cemitério de São Francisco Xavier, no Caju.
Nascido em 1913, no bairro de São Cristóvão, no Rio, ganhou o apelido de Jamelão na época em que se apresentava em gafieiras da capital fluminense. Ele começou ainda jovem tocando tamborim na bateria da Estação Primeira de Mangueira e depois se tornou um dos principais intérpretes da escola.
Jamelão sempre surpreendeu os colegas e familiares com a boa disposição. Aos 93 anos, o sambista nascido a 12 de maio de 1913, no bairro de São Cristóvão, ainda fazia três horas intensas de show.
Há mais de 50 anos, atuava como puxador do enredo da escola. Referência obrigatória no gênero, ele entendia de carnaval mais do que ninguém. É dele a interpretação de sucessos como Agora Sou Feliz, do Mestre Gato, O Samba É Bom Assim, de Norival Reis e Helio Nascimento, e Esses Moços e Ela Disse-me Assim, ambas de Lupicínio Rodrigues.
Engraxate quando criança e depois vendedor de jornal, o músico foi descoberto no subúrbio carioca ainda adolescente. Até então usava o nome de batismo, José Bispo. Não se sabe ao certo quando ele virou Jamelão e nem por quem foi apelidado com nome de um fruto escuro, duro e pouco comercializado.
Aos 15 anos, ele conheceu o sambista Lauro Santos, o Gradim, que o levou à Escola Estação Primeira de Mangueira. Com o pretexto de paquerar as garotas e tocar tamborim, ele entrou para a bateria da escola. Enturmado com o pessoal do samba, começou a participar das rodas que aconteciam depois do desfile.
Antes de entrar para a ala de compositores da Mangueira, em 1968, ele venceu diversos concursos regionais. Com os prêmios, conseguiu um contrato com a gravadora Continental. A partir daí, fez história até internacionalmente. Nos anos 70, Jamelão viajou para a França com a da Orquestra Tabajara do maestro Severino Araújo e cantou em festa de Assis Chateaubriand e do estilista francês Jacques Fath, no castelo de Coberville, em Paris.
Jamelão viveu todos os dias fiel às raízes do samba e do carnaval. Em 2005, estreou temporada sambista no Bar Brahma, em São Paulo, todas às quartas-feiras. Entre seus compositores preferidos, estão Lupicinio Rodrigues, Dorival Caymi e Ary Barroso, cujas canções estavam sempre presentes no repertório dos shows.
De terno branco, chapéu e bengala, o músico também posou de modelo aos 92 anos. Ele desfilou na passarela da 19ª São Paulo Fashion Week, em 2005, para a grife pouca Pano. Como de costume, sua entrada resultou em gritos e aplausos da platéia, mas em bem menos intensidade do que no desfile da sua escola do coração. Jamelão estava acostumado a todo ano - aos primeiros acordes do cavaquinho - levar foliões ao delírio na Sapucaí.
Redação Terra
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