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Desenhista de Liga Extraordinária conta bastidores da briga com a DC
O desenhista Kevin O'Neill, parceiro de Alan Moore em A Liga Extraordinária, resolveu abrir o jogo sobre a briga dos dois contra a DC Comics que acabou resultando na saída da série da editora. O problema foi com a graphic novel The Black Dossier, terceira aventura dos personagens.
Anunciado em 2006, o terceiro volume da Liga acabou saindo mais de um ano depois nos EUA - e sem os extras prometidos, como um disco em vinil com músicas gravadas pelo próprio Moore. Além disso, só foi lançado nos EUA, devido a possíveis problemas jurídicos em outros países.
Em entrevista à revista The Comics Journal, O'Neill diz que o problema começou quando executivos da DC apresentaram provas da HQ ao produtor de cinema Don Murphy - que produziu a adaptação cinematográfica de Liga. Murphy notou o uso indevido de vários personagens ao longo da HQ, como James Bond e Jeeves e Wooster (do escritor britânico P.G. Wodehouse), que poderiam trazer inúmeras dores de cabeça jurídicas para a DC. The Black Dossier se passava nos tempos atuais, usando personagens também contemporâneos e não no domínio público, como em outros volumes de histórias.
A editora resolveu impedir a publicação por tempo indeterminado. Neste meio tempo, sugeriu alterações nas páginas a Moore e O'Neill, que concordaram apenas com algumas. Scott Dunbier, o editor responsável e único contato na DC/Wildstorm com Moore, foi demitido. Jim Lee, chefão da Wildstorm, interveio e garantiu que o livro fosse publicado. O caso todo ajudou Moore e O'Neill a confirmar que deveriam levar sua criação para outra editora - o volume seguinte de Liga Extraordinária foi lançado pela Top Shelf.
Don Murphy, através do Bleeding Cool, resolveu vir a público contestar a versão de O'Neill. Disse que realmente aconselhou a DC no caso, mas diz não ter tanta influência sobre a editora como ele pensa. Chama O'Neill de mentiroso e "cadelinha" de Alan Moore. O desenhista, segundo Murphy, participou alegremente das filmagens de A Liga Extraordinária, e só revoltou-se contra o filme após Moore começar a cuspir veneno sobre as produção de cinema baseadas em sua obra.
Murphy também confirma que acreditava que o uso de alguns personagens no livro era indevido - afirma que Moore e O'Neill estavam "roubando criações de outras pessoas".
Toda essa questão parece ser um dos motivos que impedem The Black Dossier de ser publicada no Brasil, onde os dois primeiros volumes de Liga Extraordinária fizeram sucesso. A Panini anunciou que republicará o primeiro este ano, enquanto a Devir já partirá para Century, nova aventura da Liga, que nos EUA saiu pela Top Shelf. Vale lembrar que o álbum "problemático" também causou polêmica numa biblioteca nos EUA.
Fonte: Omelete
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