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Guns N Roses em BH
Há cerca de três anos, Belo Horizonte entrou de vez no circuito das grandes turnês que, nas décadas passadas, era restrito apenas a São Paulo e Rio de Janeiro. Depois da passagem do Iron Maiden pela capital mineira em 2009, nada mais natural que a nova formação do Guns N Roses – ou deveria dizer a banda solo de Axl Rose? – viesse à capital mineira em sua nova turnê pelo país. A noite prometia muito, não só pela possibilidade dos fãs locais conferirem, pela primeira vez, um dos maiores ícones do hard rock da década de 1980, como também pelo fato de o show de abertura ter ficado por conta de Sebastian Bach, ex-vocalista do Skid Row, outra das grandes bandas de hard dessa mesma década.
A noite, no entanto, começou com a banda mineira Uberro. Confesso que não tenho muito o que dizer a respeito deles já que, quando cheguei ao Mineirinho, a apresentação já estava pela metade. Pelo que pude ver, no entanto, a banda foi uma escolha equivocada, já que faz um pop rock cantado em português cheio de clichês e músicas com frases feitas, ou seja, nada digno de nota.
Cerca de meia hora depois, Sebastian Bach e sua banda entraram no palco com dois objetivos em mente: deixar o público em “ponto de bala” para o GNR e – pode nem parecer, dado o setlist – divulgar seu segundo álbum, o bom Angel Down, de 2007. Sebastian Bach ainda é, sem sombra de dúvidas, um dos grandes frontmen do rock. O cara sabe exatamente o que seu público quer e não se importa nem um pouco de lhe dar exatamente isso. Se as quase 15 mil pessoas presentes no Mineirinho queriam escutar muito mais os sucessos de sua ex-banda do que seu trabalho atual, então é isso que eles receberam. Bach subiu no palco botando fogo no público, executando a pesada “Slave to the Grind”, faixa título do segundo álbum do Skid Row. Nem precisou terminar a primeira música de seu show para todos verem que o cantor e sua nova banda haviam ganhado o público e dali em diante a coisa só tenderia a melhorar.
Carismático e espontâneo como poucos Bach mostra uma alegria legítima de estar em cima do palco fazendo o que mais gosta. Durante os 60 e poucos minutos da sua apresentação, ele teve o público na palma da mão, incentivando-o, animando-o e mesmo interagindo com ele arriscando algumas frases em português, o que sempre conta pontos. Sua banda, também competente, executou um setlist bastante equilibrado, ainda que, das 14 músicas 9 fossem do catálogo do Skid Row. Desnecessário dizer que músicas como “I Remember You” e “18 and Life” foram cantadas em uníssono pelo público ali presente, assim como a surpresa “In a Darkened Room”, que não havia sido tocada em Brasília, cidade na qual a turnê conjunta foi aberta. “Youth Gone Wild” encerrou uma apresentação praticamente perfeita do ex-Skid Row e, sinceramente, acabou mostrando-se um show mais energético, natural e, como dito acima, espontâneo do que a atração principal, que viria a seguir.
A montagem do palco foi rápida e cerca de meia hora depois do show anterior, o novo Guns N Roses estava pronto. Apesar da resistência da maioria da mídia com a banda, especialmente com seu “dono”, o fato é que, em cima do palco, por mais que queiramos dizer o contrário, o grupo é extremamente competente. Eles não são muito espontâneos, seus membros pouco se comunicam com o público e Axl parece mais preocupado em trocar de roupa do que extrair alguma reação da multidão que o assiste. Apesar disso e do excesso de pirotecnia, a banda sabe como agradar a sua platéia, no que diz respeito ao setlist escolhido. Pode se dizer, então, que, assim como no show de Sebastian Bach, o GNR também soube equilibrar seu setlist, variando canções do Chinese Democracy com seus grandes clássicos.
A apresentação foi aberta com “Chinese Democracy” que, assim como o álbum ao qual dá nome, foi recebida de maneira, no mínimo, morna pelo público. “Welcome to the Jungle”, “It’s so Easy” e “Mr. Brownstone” foi o primeiro trio de clássicos tocados naquela noite e, aí sim, o público realmente entrou no clima do show, cujo ápice, como não podia deixar de ser, foi “Sweet Child O’ Mine”, cantada em uníssono pelo público de maneira a abafar a voz de Axl que, ao contrário do que muitos dizem, não está tão ruim assim. Não é a mesma voz de vinte anos atrás, mas poucos são os vocalistas que conseguem manter – ou mesmo melhorar – sua performance após tanto tempo de estrada.
Além das pirotecnias, o excesso de solos também marcou o show do GNR. Foram nada menos do que cinco solos, que variaram dos agradáveis aos sonolentos. Os números dos guitarristas DJ Ashba, Richard Fortus e Bumblefoot foram mais músicas instrumentais com a presença de toda a banda tocando no palco, do que solos propriamente ditos.
Foram quase duas horas de um show que variou momentos bons com ruins. Mas, no frigir dos ovos, a apresentação do GNR em Belo Horizonte foi, dentro de todas as restrições e desconfianças relacionadas a essa formação da banda, aquilo que a maioria dos fãs queria e esperava. No entanto, não há dúvidas de que o que tornou a noite memorável foi Sebastian Bach.
Fonte: Omelete
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