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O destino leva Evie até LOST

Ouvindo Evangeline Lilly falar, parece que seu caminho até o estrelato na série LOST foi quase sem querer.

Talvez como sua personagem, Kate, e os outros náufragos de LOST que - foi parte de um grande plano, ou apenas "sorte"? - caíram em uma obscura ilha no Pacífico, onde o programa da ABC os levou.

Kate estava no condenado vôo 815 da Oceanic, algemada, uma fugitiva da Justiça. Ela estava sendo levada de volta aos EUA para ser julgada, quando o avião se partiu no ar.

Nada demais para Lilly. Enquanto estudava na Universidade de British Columbia, em Vancouver, há poucos anos, a nativa de Alberta, Canadá, era uma atriz iniciante juntando uma boa grana fazendo comerciais de TV. Mesmo no começo, o estrelato parecia profetizado. Até que Lilly, infeliz com a carreira, pulou fora.

Então, num estranho ato de auto-rebaixamento, ela aceitou um trabalho como figurante.

"Ser figurante, ironicamente, se tornou algo de que eu gostei", ela diz rindo. "Eu podia ir quando eu quisesse. Fazer minhas coisas. Ler livros. Comer a comida deles. Descansar. Era meu trabalho e eu recebia dinheiro por isso!"

Não importa que o salário fosse apenas uma fração do que ela conseguiria depois. Seu novo plano se encaixou perfeitamente com os estudos (ela estudava Relações Internacionais).

Mais precisamente, ela não gostava de posar e atuar em comerciais. Era como um açougue. Degradante. No entanto, seu agente a pressionava para que ela tentasse conseguir papéis em séries de TV ou filmes.

"Ficando perdida"

Como Lilly conta, ela finalmente viu uma luz quando um amigo disse que "você diz para acreditar em destino, mas você ignora o que parecem ser todos os sinais do destino. Portas estão se abrindo para você, mas você tem medo do seu próprio sucesso".

"Isso mexeu comigo", Lilly relembra, "e eu caí no choro".

Em Janeiro de 2004, ela foi ao primeiro de vários testes. "Em Março, eu estava no Havaí filmando o piloto de LOST".

Então, para sua surpresa, ela se apaixonou pela carreira de atriz. Mas ela também aprendeu que, em LOST, não apenas os telespectadores são desafiados pelos mistérios e mitos. Com uma história tão complicada, obscura e fragmentada, até mesmo os atores são forçados a entrar num jogo de adivinhações.

Por exemplo, quando filmava o episódio-piloto, Lilly percebeu que o que sabia da sua personagem era isso: moça bonita num avião, algemada e com um segredo.

Ela lembra de implorar a J.J. Abrams, o idealizador da série, por pistas: "Qual é, me dê uma idéia: sou contrabandista de fogos de artifício ou uma assassina?".

"Tudo ao seu tempo"

"O primeiro ano foi difícil", Evie diz. Além de estar em crise de identidade com seu papel, "eu estava rodeada por grandes atores, e eu me sentia muito insegura em atuar perto deles. Eu achava que ia me dar mal".

Ela era parte de um elenco que também incluía Matthew Fox (como o médico Jack), Josh Holloway, (como o vigarista Sawyer) - ambos personagens com os quais Kate flerta - e vários outros, como o veterano ator Terry O'Quinn que, como o místico Locke, disse: "Cada um de nós foi trazido pra cá por um motivo".

Inconscientemente repetindo ele, Lilly relembra: "No primeiro ano eu só pensava: 'Bom, tem que haver um motivo, uma razão pra eu estar aqui. Senão, não teria acontecido do jeito que aconteceu, de um jeito tão mágico e espontâneo'".

Por enquanto, ela se defende bem no meio desse grande elenco, e não apenas por ser bonita.

Morena, magrinha, sardenta e com um sorriso deslumbrante, Lilly gosta de esportes e de sair, o que serviu bem à Kate. Ela fez uma Kate forte, impetuosa e corajosa.

Nem parece ter apenas 26 anos.

"O que eu aprendi a fazer pra sobreviver no programa e gostar dele", ela explica, "é permanecer na alegria da ignorância. Eu meio que passei com dificuldade pelos caminhos tortuosos de LOST, e me sinto tranqüila sabendo que os produtores e redatores é que são os responsáveis. Se eu estou andando às cegas, então quem quer que esteja me guiando é responsável por onde me levar".

Ela também aprendeu a aceitar a fama repentina que o programa lhe proporcionou, e insiste que pode normalizar o impacto da sua fama. "Eu quero manter as mesmas condições com todo mundo".

Ainda que ela goste dessa nova vida, pode não ser para sempre.

"Eu não sei quanto a minha carreira vai durar", ela admite, rindo. "Enquanto meus nervos resistirem, eu diria que me dou uns 10 anos, e se eu não sair até lá, eles estarão abalados".

"Acho que nesse ano eu descobri", diz a mulher que se achou em LOST, resumindo. "A poeira baixou e eu compreendi o novo mundo em que vivo. Isso é muito estimulante e me deixa tranqüila".

Fonte: MSNBC Traduzido do inglês por: grilo