LostBrasil :: Exibir tópico - [FREE] 2ª Temporada encerra com Lost + claro e + sombrio

Manu · **Enviada:** Sexta Junho 02, 2006 14:03 | **Assunto:**

Segunda temporada encerra com "Lost" mais claro. E mais sombrio

Carina Martins

Não é bonito ver como a cabeça de J.J. Abrams funciona? Primeiro fez Felicity. Depois, achou que a universitária ficaria mais interessante se fosse também uma agente secreta da CIA e criou a Sydney Bristow, de Alias, que era exatamente isso. Mas acontece que a CIA não era a CIA, era uma organização malvada que vivia atrás dos mistérios do tal Rambaldi. Parece que os mistérios fizeram a cabeça dele, porque todo mundo sabe o que veio depois: Lost, a série em que, entre outras coisas, todo mundo tem uma ligação obscura pré-ilha em alguns momentos de sua vida. Assim como no próximo projeto de Abrams, Six Degrees, que estréia no outono americano. É como se cada projeto fosse um novo passo do desenvolvimento de uma mesma visão. Um passo de cada vez, mas passos sólidos.

A segunda temporada de Lost terminou nesta quarta nos EUA, também um longo e firme passo distante do final do primeiro ano e mais próxima dos objetivos da série. J.J. Abrams estava envolvido com M:I III e o episódio final ficou a cargo de Damon Lindelof. E foi um episódio praticamente irretocável, amarrando a narrativa construída ao longo da segunda temporada, fornecendo várias respostas e dando uma importante contribuição para a construção do universo da série. Claro que ninguém ainda sabe bem o que se passa. Mas o mundo de Lost deixou de ser vago para ser complexo. Foi um encerramento acertado e maduro. De novo, um passo sólido. Misterioso sim, mas muito mais claro.

E, se de ponto de vista da mitologia e dos enigmas tudo está um pouco mais claro, os melhores momentos ao longo do segundo ano foram aqueles em que uma outra - e talvez, no fundo, mais importante - parte do programa ficou sombria: os personagens. Especialmente em determinada fase da temporada (que foi concebida como uma espécie de peça em três atos), alguns episódios exploram muito bem não apenas os lados mais negros dos sobreviventes, mas também os frutos menos atraentes dos relacionamentos em condições extremas. Se no episódio final esse elemento foi inevitavelmente ofuscado pelas revelações, não quer dizer que não estivessem lá. Como conseqüência da construção da temporada, Lost termina com várias questões de confiança, intriga, traição, fé e disputa de poder no ar, esperando a terceira temporada para serem resolvidas.

Se há uma coisa que aprendemos com os passos anteriores de J.J., é que a interação e o desenvolvimento dos personagens são o grande ouro da série e o passaporte para sua longevidade. (Aprendemos a duras penas: Alias, que terminou esta temporada, acabou diante de narizes torcidos dos fãs, cansados da repetição de certos recursos e segredos.) Até aqui, Lost escapou lindamente das armadilhas. Mas vislumbra um obstáculo: para manter o formato dos flashbacks em cada episódio, precisa de muita gente, ou as histórias acabam. Por outro lado, o grande número de personagens da segunda temporada fez com que muitos tivessem um aproveitamento bem menor do que seu potencial, especialmente no início do ano.

Mas quando os episódios deixaram um pouquinho (só um pouquinho!) a Dharma Initiative de lado para mergulhar na alma dos sobreviventes, seu desempenho foi o que há de melhor em Lost. Os mistérios das personalidades de cada um na ilha ainda são os melhores mistérios.

Fonte: Zapeatrix