LostBrasil :: Exibir tópico - Analisando JJ Abrams para interpretar Lost melhor

adriannafreire · **Enviada:** Sexta Junho 02, 2006 18:30 | **Assunto:**

É fato que Lost atrai públicos que vão além dos tradicionais fãs SciFi. Por que isto ocorre?? Para mim, pela sua interatividade : a especulação, exercício não muito vivenciado por nós em nossos cotidianos, alimenta a alma. Somos seres especuladores por natureza. Mas não é fácil atualmente dar vazão a esta necessidade, seja no trabalho (porque as relações de poder limitam a expressão de opiniões) , seja na escola/academia (seria O espaço, mas o modelo educacional infelizmente não está estruturado neste sentido ) ou seja nas relações inter-pessoais (às vezes as pessoas ao seu redor estão embotadas, ligadas no automático, e não receptivas a debates abstratos). Então, um tema como Lost, distante do nosso cotidiano, longe de decepções políticas, e aonde se tem a opção de fóruns como este, aonde é possível dar vazão à nossa necessidade de abstração, sem julgamentos, é extremamente instigante.

Então, especulando : muito se pensa e se imagina sobre o futuro das sequências de Lost. Talvez, se analisássemos o perfil de seu criador, e a linha de argumentação presente em todas as suas obras, pudéssemos ter algumas respostas. E, apesar de todos sabermos que hoje ele tem vários outros projetos, e que Damon Lindelof e Carlton Cuse estarão à frente de Lost durante a temporada 2006/2007, a linha mestra ainda é do próprio Abrams.

Esta é a proposta deste tópico, que começa analisando Alias.

Alias : primeiro grande sucesso de JJ Abrams : Jovem, Sydney Bristow (Jennifer Garner) é recrutada pela SD6, suposto depto da CIA, descobre que a sua organização, na verdade, é o inimigo que pensava combater. Contacta a verdadeira CIA e lá descobre a existência de outra pessoa infiltrada no SD6 : seu pai, um homem que ela mal conhece. No decorrer da série, enfrentando grandes riscos e missões que exigiam exímia inteligência e rapidez(muitas relacionadas com artefatos de Rambaldi e a "famosa" profecia da página 47,escrita por ele 500 anos atrás),Sydney acaba conhecendo melhor o seu pai e descobrindo que nem tudo em sua vida era o que imaginava: sua mãe não morreu de verdade, teve outra filha e...era uma agente da KGB.

Concebido como uma grande série de ação com um protagonista mais emocional, Alias mistura segredos de família, assassinatos no elenco principal e reviravoltas inesperadas. J. J. Abrams criou "Alias" em 2001, e foi indicado ao Emmy pela direção do piloto.

Temos em Lost, novamente, a marca de Abrams: a combinação entre ação e dramas pessoais. Aqui agora com um cunho cientificista, ou pseudociência (como queiram, não é a proposta do tópico discutir este aspecto).

É interessante como J.J. Abrams faz interagir os dois mundos, de forma que no final é a vida pessoal dos personagens que serve como eixo principal para a outra parte da trama, seja esta policial, ação, pseudociência.

Será que a linha condutora de Lost passa pela revelação de segredos de família, e até mesmo um membro dos losties infiltrado, e que pertence à Hanso Fundation ??

Que papel os pais de Jack, Kate, Lock podem ter na resolução destes enigmas??

Temos em Lost um whodnit (expressão criada por Hitchcock para definir o nada que engana os espectadores ao longo do filme) que não estamos conseguindo decodificar ??

JJ Abrams dirigiu Missão Impossível III, imprimindo um humanismo à Ethan Hunt (há quem afirme que o personagem de Cruise é uma versão masculina de Alias), estuda a possibilidade de dirigir Star Trek XI, e, segundo a "Variety", o argumento deverá girar em torno dos primeiros tempos da saga, recuperando as personagens do comandante James T. Kirk e Mr. Spock, contando o início da amizade na Academia da Starfleet e a primeira missão no espaço a bordo da Enterprise. Depois de Alias e Lost, a ABC não vê a hora de colocar no ar a nova série do roteirista/produtor/diretor Abrams. O canal acaba de dar sinal verde para o novo drama da Bad Robot, produtora de Abrams, Six Degrees : o título refere-se aos famosos seis graus que separam uma pessoa da outra, mesmo desconhecidas, numa rede social. A história deve tratar da rotina de pessoas diferentes em Nova York.

Sempre a linha humanista, dramas pessoais como eixo da trama.