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Matrix, Lost e o conceito de liberdade de Hannah Arendt |
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Mensagem |
thiagoteno
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Sexo: Idade: 41Registrado em: Segunda-Feira, 19 de Junho de 2006 Mensagens: 52 Tópicos: 5 Localização: Sao Paulo
Grupos: Nenhum |
Inicialmente:
O texto é longo, complexo e denso.
Para comentá-lo sugiro que o leia por inteiro, e não apenas trechos, pois todos os parágrafos são interligados.
Para mais informações sobre Hannah Arendt e Celso Lafer sugiro procurar a biblioteca da faculdade de Direito ou de Ciências Sociais da USP.
Matrix, Lost e o conceito de liberdade de Hannah Arendt
Celso Lafer ao escrever sobre Hannah Arendt disse que ela ”gostava de contar histórias e eventos para, a partir deles esclarecer conceitos e categorias” . Nesse breve estudo procurarei minutar a partir do conceito de liberdade arendtiano uma possível e breve correlação com o conceito de liberdade extraído do filme Matrix e do seriado Lost. Ou seja, a partir de uma história de ficção científica tentarei esclarecer um conceito.
Celso Lafer em seu ensaio o Moderno e o Antigo Conceito de Liberdade procura inicialmente diferenciar, a partir da célebre distinção de Benjamin Constant, o moderno e o antigo conceito de liberdade.
Segundo Lafer a idéia de liberdade antiga é correlata a experiência da democracia ateniense dos séculos V e IV a.C. A liberdade antiga é a chamada liberdade positiva, estando relacionada com as teorias das formas de governo e com a justificativa da democracia. Ela, a liberdade antiga, visa a participação quase obrigatória da deliberação pública. Diz Lafer: “A liberdade, nesta acepção de autonomia, coincide com a esfera do obrigatório, porém o obrigatório resulta da obediência à própria lei coletivamente elaborada na praça pública. A liberdade antiga sugere o que Kant chamou de liberdade legal, ou seja, a faculdade de obedecer apenas à lei exterior a qual se pode dar assentimento” .
Visto o conceito antigo de liberdade, sem a interferência de outros conceitos, partirei para a idéia moderna de liberdade, para posteriormente encontrar o ponto comum de ambas. O conceito moderno de liberdade é a liberdade como não impedimento. Faça o que queira fazer, exceto aquilo que de alguma forma é vedada. Tal conceito pode até vir a ser confundido com o lícito jurídico, ou seja, aquilo que não é comandado nem proibido, é permitido.
Temos que esses dois conceitos de liberdade são baseados na ação, na conjugação de verbos. Poder, não poder. Fazer, não fazer. Há um risco para o exercício da liberdade moderna quando não existe a liberdade antiga de participação. Hannah Arendt ao analisar a experiência do totalitarismo como regime de dominação total, extinguindo a vida privada, o espaço de não interferência, consegue reunir os dois conceitos de liberdades citados .
Esta não conceitua liberdade como a liberdade moderna, da não interferência, mas sim como a liberdade de participação democrática. A liberação da necessidade, a permissão do trivial, não deve ser confundido com o conceito de liberdade. Esta necessita de um espaço próprio, um espaço público para tornar a ação efetiva. Nesse espaço encontramos a república, que é fundamental para a liberdade arendtiana.
Do que foi dito até aqui, um conceito fundamental deve ser absorvido: o espaço público. É a partir dele que relacionarei o filme Matrix e o seriado Lost com um pouco da idéia de liberdade que foi exposta.
Antes, é necessária uma breve explicação do que é Matrix. Não discutirei as mil facetas dessa ficção científica, nem relacionarei o prólogo da obra Condição Humana com o filme (o que certamente daria outro trabalho). No entanto, interessante se faz a transcrição de algumas palavras de Hannah Arendt, extraídas do citado prólogo: “Se realmente for comprovado esse divórcio definitivo entre o conhecimento (no sentido de know-how) e o pensamento, então passaremos, sem dúvida, à condição de escravos indefesos, não tanto de nossas máquinas quanto de nossos know-how, criaturas desprovidas de raciocínio, à mercê de qualquer engenhoca tecnicamente possível, por mais mortífera que seja” .
Em Matrix temos a existência de dois espaços do sobreviver: o real e o Matrix. Como dito, não discutirei até que ponto o espaço tido como real é real, se não outro tipo de criação das máquinas. Enfim, estamos presos em Matrix, uma ilusão criada pelas máquinas (já hoje “engenhoca tecnicamente possível, por mais mortífera que seja”). Máquinas que dominaram os homens e prenderam seu viver. Tudo que sentimos e presenciamos é na verdade uma fórmula matemática (indiretamente criada por nosso know-how).
Para fugir de Matrix e alcançar a liberdade, devemos ir ao espaço do sobreviver real. Resgatando o conceito de Hannah Arendt, temos que o espaço do sobreviver real nada mais é do que o dito espaço público para tornar a ação efetiva. Temos Zion (nome dado a cidade do sobrevier real) como a república. Lá, os personagens do filme alcançam a liberdade, reassumem suas vidas particulares, não controladas pelas máquinas. Logo, temos a busca da liberdade em Matrix como o conceito de liberdade arendtiano.
A fuga para o espaço do sobreviver real, nada mais é do que a busca do espaço público, onde é possível exercitar a ação efetiva e produzir conseqüências. Estar em Zion é estar livre. Não livre por conceituar o antigo ou o moderno sentido de liberdade, mas livre por finalmente estar no espaço público do conjugar verbos (tal qual, dialogar).
Onde entra Lost nessa história? A história de Lost é uma correlação clara entre a liberdade e a prisão. A ilha mantém os personagens do enredo presos em determinado momento temporal. Como em Matrix, a luta presente em Lost é para que os personagens alcancem a liberdade.
Dessa forma, em Lost também temos a existência de dois espaços do sobreviver: o real e a Ilha. Ora, consequentemente, a ilha é uma ilusão criada por máquinas, por outros, por alguém, enfim, a ilha é uma ilusão que por qualquer motivo prenderam o viver de determinados homens. Para fugir da Ilha e alcançar a liberdade, devemos ir ao espaço do sobreviver real. Portanto, a liberdade está fora da Ilha.
Temos a indubitável certeza de que de alguma forma e/ou modo há a existência de experimentos científicos. Tais experimentos testam uma série de efeitos psicológicos causados pelo viver em sociedade, principalmente, o da idéia de liberdade. É gritante o conflito existente entre Locke e Jack e a restrição de liberdade imposta por estes e o questionamento que isso gera. A idéia de digitar os números a cada 108 minutos é outra inequívoca experiência de restrição de liberdade e se assim não fosse, como é chamado o fato de Desmond não ter visto a luz do Sol por 2 anos?
Há uma série de teorias desmentidas em Lost, sendo que uma delas afirma que tudo não passa de um sonho. Ora, efetivamente não há um sonho. Tudo aquilo é real. Mas até que ponto há uma realidade física e não, apenas, uma realidade psicológica? Por que não afirmar que essas pessoas estão vivendo em uma ilusão coletiva criada por máquinas, por outros, por alguém? E nessa ilusão a coletividade acaba por unir os seus medos, as suas frustrações, as suas vontades e os seus sonhos? Você já assistiu Vanilla Sky?
No espaço de sobreviver da Ilha o que é possível? Tudo? Ter uma força além da humana como a demonstrada por Ethan? Retornar da morte como o Charlie? Rever amigos imaginários como o Hugo o fez? Imaginar ursos polares, cavalos negros? Encontrar a figura do irmão, o corpo do pai? Vencer o vício das drogas?
A pergunta que isso gera é o porquê dessas pessoas estarem na Ilha e não no real? Elas foram escolhidas e colocadas nesse sobreviver, ou se oferecerem voluntariamente para estar lá?
Se você fosse um roqueiro decadente, viciado em heroína, sem perspectiva de vida, toparia passar a viver em uma realidade coletiva psicológica, onde tivesse novos desafios e poderia vencer o seu passado? Se dissessem que naquela realidade tudo é possível, você aceitaria? E se você fosse um obeso mórbido e infeliz, toparia? E se fosse um médico frustrado, depressivo, culpado pela morte do pai? E se fosse um ex-soldado que sonha diariamente com as pessoas que torturou e com a mulher amada que nunca mais irá encontrar? E se fosse uma mulher com câncer, sem perspectiva de vida e com a perspectiva de eternizar o seu amor? E se fosse uma gestante abandonada, sozinha no mundo? E se fosse um paraplégico depressivo? E se fosse um assassino arrependido? Enfim, você toparia fugir do espaço do sobreviver do real?
A conclusão disso tudo é que em Matrix e em Lost podemos encontrar opostos. No primeiro os entes que conjugam os verbos foram colocados na realidade de Matrix, no segundo os entes se ofereceram para a Ilha. Entretanto, o destino de ambos os casos é o mesmo: retomar o espaço do sobreviver real. A missão das máquinas, a missão dos outros, é impedir que isso aconteça.
Finalmente:
Em breve elaborarei um texto discutindo a correlação entre as máquinas e os outros, e o papel deles no fator liberdade.
Também complementarei o texto com alguns dados, passando a minha opinião sobre o que são os números.
Pretendo analisar detalhadamente cada um dos personagens.
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otavio
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Sexo: Idade: 43Registrado em: Quarta-Feira, 27 de Setembro de 2006 Mensagens: 5 Tópicos: Nenhum Localização: Porto Alegre
Grupos: Nenhum |
O texto é um pouco complexo, leitura para duas veze. E que de certa forma, faz sentido no ponto de pensar que os personagens estão em uma espécie de terapia em, grupo para vencer seus medos/problemas do passado.
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thiagoteno
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Sexo: Idade: 41Registrado em: Segunda-Feira, 19 de Junho de 2006 Mensagens: 52 Tópicos: 5 Localização: Sao Paulo
Grupos: Nenhum |
Com base no que escrevi, uma das hipóteses que levanto é o que o avião jamais caiu. Explico: o avião levou os passageiros, que optaram por fazer parte de um experimento [para-realidade coletiva] para determinado local. Neste local, os seus cérebros foram acoplados ao espaço do sobreviver da ilha e a realidade do acidente foi projetada, como um cenário.
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edramalho
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Sexo: Idade: 53Registrado em: Segunda-Feira, 2 de Outubro de 2006 Mensagens: 220 Tópicos: 1 Localização: Rio de Janeiro
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thiagoteno escreveu: |
Dessa forma, em Lost também temos a existência de dois espaços do sobreviver: o real e a Ilha. Ora, consequentemente, a ilha é uma ilusão criada por máquinas, por outros, por alguém, enfim, a ilha é uma ilusão que por qualquer motivo prenderam o viver de determinados homens. Para fugir da Ilha e alcançar a liberdade, devemos ir ao espaço do sobreviver real. Portanto, a liberdade está fora da Ilha.
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E os 2 "brasileiros" que pareciam estar fora da ilha monitorando o campo magnético e suas possiveis anomálias ??? eles seriam ilusões de quem ???
thiagoteno escreveu: |
Com base no que escrevi, uma das hipóteses que levanto é o que o avião jamais caiu. Explico: o avião levou os passageiros, que optaram por fazer parte de um experimento [para-realidade coletiva] para determinado local. Neste local, os seus cérebros foram acoplados ao espaço do sobreviver da ilha e a realidade do acidente foi projetada, como um cenário. |
Eu ainda não li o texto todo, mas vou ler com calma pra poder entender, já que é um texto longo e bem complexo.
Mas quanto a queda do avião não ter existido...sei lá...E a cena da queda do avião sendo amostradas pla visão dos "Outhers" ???
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thiagoteno
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Sexo: Idade: 41Registrado em: Segunda-Feira, 19 de Junho de 2006 Mensagens: 52 Tópicos: 5 Localização: Sao Paulo
Grupos: Nenhum |
edramalho escreveu: |
Mas quanto a queda do avião não ter existido...sei lá...E a cena da queda do avião sendo amostradas pla visão dos "Outhers" ??? |
Talvez a turma do Ben esteja na mesma situação e pode ter visto a cena do avião cair, de forma psicológica. Ou seja, o que eles estão vendo e vivendo também é a reprodução de um cenário.
Temos aqui reproduzida uma das grandes perguntas de Matrix, a cidade de Zion realmente existe ou é uma matrix dentre de outra?
Quando os produtores afirmam que quem morre em Lost permanece morto, será que permanecem mortos apenas dessa para-realidade e se libertam ao mundo real?
Será que a balsa do Michael funciona como a pílula azul?
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viny
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Sexo: Idade: 48Registrado em: Sexta-Feira, 15 de Setembro de 2006 Mensagens: 7 Tópicos: Nenhum Localização: Rio
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Outro filme que relata realidade "sobre" realidade é o 13o andar. Muito bom, de 1999.
A teoria é boa, mas também acho que esbarra nos "portugueses-pinguins" que nosso amigo citou ai em cima.
E, outra coisa, me parece que se fosse isso mesmo, seria um pouco de cópia de matrix / vanila sky / 13o andar. E como alguém já disse, Lost me parece ser algo novo....
Mas vai saber, né....
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joaodeiro
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Sexo: Idade: 42Registrado em: Terça-Feira, 10 de Outubro de 2006 Mensagens: 200 Tópicos: 6 Localização: Rio de Janeiro
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Impressão minha ou no tópico "Teorias Desmentidas" já consta que os produtores afirmaram que Lost não é uma realidade paralela, outra dimensão, purgatório, etc, etc.?
Sendo assim, esta teoria não estaria equivocada?
Abs!
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thiagoteno
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Sexo: Idade: 41Registrado em: Segunda-Feira, 19 de Junho de 2006 Mensagens: 52 Tópicos: 5 Localização: Sao Paulo
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viny escreveu: |
E, outra coisa, me parece que se fosse isso mesmo, seria um pouco de cópia de matrix / vanila sky / 13o andar. E como alguém já disse, Lost me parece ser algo novo....
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Não sei se você notou, mas a frase mais popular do Desmond é a mesma utilizada, diversas vezes por Doug Hall, o personagem principal de 13º Andar: "Te vejo em outra vida".
Será mera coincidência os dois personagens enfatizarem tanto a mesma frase?
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