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easic · **Enviada:** Domingo Janeiro 21, 2007 11:53 | **Assunto:**

Damon Lindelof revela vários detalhes sobre Lost

- Logo após o debate "An Evening with LOST", que aconteceu dia 13 deste mês de janeiro, Damon Lindelof, co-criador e produtor da série, foi bombardeado com perguntas numa entrevista coletiva.
Algumas foram removidas e/ou editadas, por conterem spoilers [considerados fracos... porém spoiler é spoiler Wink

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P: Paulo é para ser odiado?
Lindelof: Sim. Mas espero que, como qualquer outro personagem da história, depois de você saber um pouco mais, sua opinião muda. Ou talvez você odeio ainda mais. Nós contamos a história de Josh muitas vezes, e é verdade - ABC e Touchstone fizeram uma enquete de melhores personagens, quando estava no episódio 4 da primeira temporada, e Sawyer era o com menos votos. As pessoas odiavam ele. Achavam que era hostil e agressivo. Então de repente, depois do flashback que mostrou sua história - um garotinho escondendo debaixo da cama, cujos pais... - Sawyer disparou para o topo das pesquisas. Lost, o mais frustrante que possa ser, requer paciência, e acho que numa sociedade onde as pessoas não têm e o fato de que o seriado exige isso delas... Nós nos sentimos abençoados de ainda ter o público que temos.

P: Quando você acha que Lost deve acabar?
Lindelof: Pessoalmente falando, sempre achei que algo em torno de 90 e 100 episódios seria a versão de Lost a qual nós nunca teríamos que fazer péssimas cenas ou enrolar e recuar a história que queríamos contar. Sabíamos que a primeira temporada seria introdutória, a segunda sobre a escotilha, a terceira sobre Os Outros. Não vou contar sobre o que será a quarta, e então teria uma de encerramento; uma versão reduzida colocaria em aproximadamente 100 episódios. No fim da quarta temporada, teríamos produzido 93 horas, e imagino que estaria muito perto do fim, eu acho.

P: Os problemas de elenco e programação já impuseram novas histórias?
Lindelof: Nós somos capazes de concretizar uma versão de qualquer história que criamos, mas algumas vezes quando se trata de elenco, há limitações. Como no caso do Adewale [Mr. Eko], por exemplo, quando conversamos, ele disse, 'Eu só quero trabalhar no seriado por uma temporada.' Então falamos, 'Bem, não vamos fazer esse acordo contratualmente, porque talvez você mude de idéia.' Depois de ficar por uma temporada, ele disse, 'Não estou feliz. Não quero mais esse emprego. Não quero morar no Hawaii. Minha vida está na Inglaterra. Eu quero ser um ator de cinema. É o que tínhamos concordado.' Então dissemos, 'Você está certo. Aceitamos isso. Você fará mais seis episódios, então quando voltarmos da temporada não daremos a desculpa de que Mr. Eko morreu na explosão da escotilha, a qual todos odiariam.' Ele é um personagem querido. Esperávamos convencer o contrário. Mas há certos casos em que o desejo dos atores em continuar no programa inibe o andar da historia. Para ser honesto com você, Carlton e Eu adoraríamos de contar mais história do Mr. Eko. Mas é um caso em que a vida real afeta o seriado. Se um dos atores fica doente - acontece toda hora - tem que deixá-lo de lado. Se um dos atores fará publicidade, tem que deixá-lo de lado em um episódio. Se um dos atores está insatisfeito
com o tempo de aparição, você pensa. 'Oh Meu Deus, eles não aparecem no programa por seis episódios seguidos.' Então você diz, 'Está na hora de fazer a história deles agora.' Então essa é oscilação de escrever para TV.

P: Então ainda sente que 100 episódios é o certo ?
Lindelof: Eu sinto que estamos na metade do caminho, para o fim do show. Vocês já assistiram cerca de 50 episódios. Parece que agora Os Outros estão se tornando personagens principais... E a sensação é de que não está mais subindo a montanha, mas sim começando a descer.

P: O que você gostaria de dizer às pessoa que acharam os primeiros 6 episódios desta temporada extremamente "castigante", até o ponto que os personagens passaram por agressões físicas.
Lindelof: Eu acho que é pelo fato de que Os Outros serem uma força antagônica na ilha. Se fossem legais, e humanos, e dóceis, e carinhosos com Jack e Sawyer, nunca conseguiríamos contar a história que queríamos. Para mim, essas pessoas que acham que foi muito "castigante" têm uma queixa legítima. O programa sempre foi violente. Sayid torturou Sawyer na primeira temporada. Boone foi morto violentamente. Eu acho que nossos personagens estão sofrendo nas mãos de outros personagens que tornam muito, muito difícil de assistir.

P: Você está preocupado em perder alguns espectadores jovens já que o programa foi mudado para mais tarde, às 10:00?
Lindelof: Essa é a desvantagem de ter mudado para às 10:00. Primeiro de tudo, é uma troca de horário que gostamos, porque perdemos quase 30% da audiência todos os anos competindo contra American Idol. Muitas crianças assistem a Idol com seus pais. Eles gravam Lost; depois transferem para seus iPods. Acho que vamos perder com isso, mas a perda provavelmente seria comparável ou melhor do que brigar com um programa que consegue 27 milhões de espectadores toda semana.

P: Bernard é o único 'tailie' restante. Você desejaria não ter gastado tanto tempo nas histórias dos sobreviventes da cauda?
Lindelof: Não. Porque acho que todas essas histórias foram extremamente importantes para contar em termos o quanto afetaram o elenco principal. Se Michael não tivesse matado Ana Lucia e Libby, talvez não teria uma proposta para a serie de eventos que concluiu com a saída dele e Walt da ilha. E eles saírem da ilha é o evento mais importante, seguido de o botão não ser apertado e as inscrições na parede da escotilha. Isso afetou aquilo, então precisaria Ana Lucia e Libby para contar aquela história.
Boone foi um personagem a serviço de outro personagem. Boone estava a serviço de Locke. Contamos a história de Boone, mas ao mesmo tempo ele era o Isaac para o Abraão de Locke. Então, alguns personagens morrem para apresentar uma história mais importante.

P: Você pode dizer sobre o que sente em relação ao programa ir até 100 episódios?
Lindelof: Quando vocês perguntaram bem no começo; viram o episódio piloto e disseram, 'Sério, quanto tempo isso vai durar? Quanto tempo pode prolongar?' Eu diria, 'Eu não posso responder em relação a número de temporadas' mas eu sempre fui persistente quando dizia que sempre senti que a história teria 100 episódios. No nosso caso, o fim da quarta temporada é 93 episódios. Então significa cinco temporadas ou que quiser. Eu não queria voltar e dizer, 'Oh, agora que estamos na terceira temporada, acho que poderíamos ir mais longe,' porque penso que isso seria enganador. Eu só posso responder àquela pergunta - quanto você acha que duraria - como achava desde o começo. Porque dizer agora, 'Oh, mudei de idéia sobre isso...' Aí você chega, 'É, mas você disse antes...! Então de repente, você acha que serão 140 episódios?!'
e eu, 'Oh, mas muitas possibilidades de histórias foram abertas!'. Não. Foi o achei naquela vez. E é como acho agora.

P: Essa não seria a primeira vez que os donos de uma emissora deixariam um programa de sucesso terminar?
Lindelof: Acho que sim. E a boa notícia sobre um cara como Steve McPherson [Presidente da ABC] ou Mark Pedowitz [Presidente da Touchstone Television], é que nós olhamos uns para os outros bem no começo e dissemos, 'Pela graça de Deus este programa irá sobreviver ao menos 13 episódios.' Agora, Carlton e eu estamos aptos a sentar com eles e dizer, 'Lembre no começo quando vocês fizeram nós convencê-los de que essa coisa poderia continuar por anos e anos e anos?' Nós todos não concordamos que não poderia? Então agora, só porque faz sucesso, não significa que aquilo mudou. A realidade é, eles podem produzir a sexta, sétima ou oitava temporada, mas todos iriam assistir ? Porque o programa seria tão desprezível dessa forma. X-Files era realmente X-Files quando Duchovny e Gillian Anderson não estavam mais na série? Para mim, X-Files não era sobre 'Os alienígenas invadiram?' Era sobre Mulder e Scully; uma cética e um crente. E assim que esse elemento acabou, o programa acabou. Não queremos produzir episódios assim para Lost. De fato, não vamos produzir episódios assim para Lost.

P: Já que você disse o que acha sobre o que realmente foi X-Files, do que se trata Lost?
Lindelof: Este show é sobre pessoas que estão metaforicamente perdidas em suas vidas, que entram num avião, e caem numa ilha, e se tornam fisicamente perdidos no planeta Terra. E assim que, metaforicamente, acham suas vidas de novo, eles são capazes de fisicamente se encontrarem no mundo de novo. Quando você olha para a história inteira, é isso que parece. É o que sempre se tratou Lost.

P: Nós veremos mais Bernard e Rose?
Lindelof: Veremos eles de novo. Queremos fazer histórias deles, ou mostrá-los em outras. Mas Sam Anderson e L. Scott Caldwell fazem outros papéis - ela uma peça, ele convidado em séries de TV - você tem que "encontrar acidentalmente" aquele momento que ambos atores estão disponíveis para o mesmo episódio, e então basicamente dizer, 'Tudo bem. Agora vamos mostrar Bernard e Rose de novo.' Ao mesmo tempo, me sinto como se tivéssemos mostrado eles nos primeiros seis episódios [terceira temporada], as pessoas ficariam rudes, porque seria como, 'Por que estamos vendo Bernard e Rose, quando não estamos vendo Sun e Jin, e Charlie e Claire ou Sayid; os personagens que investimos pesado?' Então achar essa harmonia de ver Bernard e Rose, sem vê-los como troca da aparição dos personagens que a audiência quer ver.

P: Você costumava dizer que a ABC poderia trazer novos produtores para continuar com o show, mesmo se você e J.J. sentissem que a história terminou e queriam terminar. Isso mudou?
Lindelof: Eu acho que ficamos surpresos quando fomos à ABC e começos com essa conversa. Ao invés de dizer, 'Certo, traremos novas pessoas,' eles disseram, "Quando vocês acham que deveria acabar?" Então a conversa começou. Obviamente eles querem que o programa sobreviva o maior tempo possível. E tudo que podemos dizer é, 'Há um programa com nós indo ao ar e há um programa sem nós indo ao ar. Se vocês querem que o programa continue conosco, vai ser assim que deve acabar.' E como qualquer negociação, aí mora o perigo. Mas acho que você vai perceber que, se conversar com Steve, que ele abraçou a idéia de que o programa precisar ter um fim. E a pergunta agora é quando.

P: Quando podemos esperar o anúncio de quando a série terminará?
Lindelof: Depende. Eu anteciparia esse anúncio. Novamente, você não quer fazer de uma forma que pareça reacionária. The O.C. dizendo, 'Vamos terminar The O.C.!" Não, foi cancelado. "Vamos terminar Alias...' depois de lutar pela audiência. Então o propósito disto tudo é terminar o programa enquanto ele ainda faz sucesso... Eu acho que trará muita audiência de volta, assim 'Eu estava errado! Eles vão dar para mim! Gostando ou não eles vão concluir.' Mas eu não acho que a audiência esteja se perguntando, 'As respostas que derão serão satisfatórias?' mas sim 'Eles vão de alguma maneira dar respostas?!' E isso é uma ótima pergunta, porque eles não prometeram um sétimo livro [comparação com Harry Potter], sabe? Eu me perguntaria as mesmas coisas.

P: Vocês farão um 'cliffhanger' como 'O que tem na escotilha?' este ano?
Lindelof: Não se sequer faríamos algo daquele tipo de novo. E, você sabe, a ironia foi que, apesar das pessoas no final das contas ficarem satisfeitas com o que tinha na escotilha, tudo o que ouvíamos era o quanto todo mundo estava bravo. Então isso faz com que nós nunca mais queremos um cliffhanger como aquele. Porque tudo que ouvíamos era o quanto irritados e insatisfeitos, e, 'Você não deveria terminar a temporada com eles olhando para a escotilha, eles deveriam entrar e mostrar algo, qualquer coisa.' Embora Joss Whedon disse algo muito engraçado, quando ele e eu estávamos conversando. Ele basicamente disse "Os críticos e fãs sempre odeiam a temporada presente e gostariam que fosse como a temporada passada.' E é verdade!
O fato é que quando estávamos na segunda temporada, todos odiaram. Odiaram Michelle Rodriguez, odiaram as histórias dos sobreviventes da cauda, desejavam que fosse como a primeira temporada. Agora que estamos na terceira todo mundo está odiando e desejam que fosse mais como a segunda temporada. E eu, 'Você odiou a segunda temporada!' Mas é como funcionam as coisas.
Diferentemente de 24, que pode progressivamente melhorar e melhorar temporada após temporada, porque eles não carregam nenhuma bagagem da temporada passada. Sim, você precisa saber que Wayne Palmer foi irmão de David Palmer e ele é o novo presidente. Mas minha esposa começou a assistir 24 na última temporada, e quando Palmer foi assassinado, ela achou ótimo. Eu fiquei desanimado, porque acompanhei aquele cara por quatro temporadas. Mas a história não deveu nada, sabe? Há uma nova ameaça a cada ano.

P: Já pensou em fazer algo parecido com que Battlestar Galactica fez, o pulo de um ano, na história?
Lindelof: Primeiramente, é um seriado fantástico. Se fizéssemos, iriam pensar que roubamos a idéia, e estariam certos. É como uma rampa escorregadia, você tem que agir bem pensado, porque quando Alias fez isso, foi um completo e absoluto desastre de proporções inimagináveis. Quando há um salto de tempo, tão de repente, você encontra um paradigma - como no exemplo de The Nine - em que todos os personagens estão escondendo o segredo da audiência.
Pelo menos vocês estão no mesmo barco de Jack, Kate e Sawyer; Estamos mantendo o segredo de todos, juntos. Mas o fato de que essas pessoas estavam no assalto ao banco, que eles sabem o que aconteceu, que não vão contar, pessoas frustradas. E quando você faz um pulo no tempo, é o que acontece: todos em Battlestar sabia o que aconteceu naquele ano? Mas vocês como audiência ficam, 'Espera um pouco... O maldito do Baltar é o presidente? Quando isso aconteceu?' Então pode ser instigante, mas
você tem que descobrir como mostrar o que aconteceu de um jeito satisfatório. Acho que quando Alias fez a história da amnésia, ligando Sydney com a audiência, o programa ficou escravo do que aconteceu, ao contrário do que estava acontecendo.

P: Vocês se sentem abatidos por diferentes fãs esperando diferentes coisas?
Lindelof: Sentimos abatidos, mas é algo que gostamos. Porque, sabe, se eu estivesse conversando com apenas dois repórteres agora, ao invés de nove, significaria que vocês não estavam mais interessados na série. E o que acho ótimo sobre o programa é que é "polarizado". Não temos medo de irritar as pessoas. E a idéia é, reconhecemos que sempre escrevemos para o que deve ser um seriado culto, e meio que cruzou com o público principal. Do contrário, teríamos escrito algo totalmente diferente. Então tudo que podemos fazer é o programa que sabemos como fazer, e o que é legal para a gente. Nós, toda hora, temos a consciência, 'Wow, este episódio fará com que os nerds fiquem nervosos,' porque nós somos nerds. Mas ao mesmo tempo, se está na hora de mostrar uma história do Hurley, é algo mais devagar e engraçado, minha mãe vai amar esse episódio... Mas se pensássemos, 'Está na hora de acalmar minha mãe,' então você está em uma... isso é bem a minha história. Você dá o seu melhor e conta a melhor história. No fim do dia, o seriado, no seu total, é tudo o que importa. O que é triste sobre um programa como The X-Files é como foi bom por seis anos. Mas não olhamos para trás e falamos, 'Foi incrível!' A gente diz, 'Foi incrível, mas...' E esse 'mas' é algo muito, muito deprimente. Um programa como o Fugitivo original terminou. Foi um fenômeno. Mas eles tiveram bolas e deixaram Ricard Kimball pegar o homem armado e terminaram! Se pôde fazer isso ali, por que não agora?

P: Você disse que 24 é o seu programa predileto. Por quê?
Lindelof: O que acho incrível sobre o seriado é que, diferente de Lost, não deveria funcionar. Quando ouve a premissa, você fica, 'Uma série em tempo real, contada ao longo de uma temporada? Vai ser massante. Como manter o suspense?' Sim, há coisas em 24 que me deixa louco. Por muito que adoro o presidente Logan e sua esposa na história do ano passado, havia vezes que sentia, 'Avance logo com isso.' Mas então você chega no final, e é recompensador. Minha primeira impressão da última temporada é que foi maravilhoso. Mas há certos episódios, em que você fica, 'Ugh...' Eu conheço pessoas que passaram o mesmo com Lost. Pelo simples fato que são acompanhantes devotos do programa, requer que assista toda semana, que significa que você aguarda sempre um padrão superior. Isso não acontece com programas como CSI, porque pode assistir seis, sete vezes ao ano e conseguir o que investiu. Para Lost, porque exigimos compromisso extremo, você precisa aguentar os golpes de quando as pessoas ficam, 'Eu dei minha hora hoje a noite a vocês, e não acho que mereceram.'

P: Quais programas ou criadores te influenciaram?
Lindelof: Eu sou um grande fã de David Milch. Hill Street Blues foi o primeiro piloto que vi e pensei, 'Meu Deus, não me sinto que estou vendo TV.' Era confuso e instigante para mim, e adoro grandes grupos com grande número de personagens, onde os elementos de conduta da história eram secundários. Eu lembro o quanto era bom chegar ao fim do episódio e descobrir que Furillo estava dormindo com DA, e virava uma confusão. E meu cérebro ficava, 'Oh Meu Deus, a idéia que você pode fazer isso em um programa de TV era muito, muito instigante para mim.' Bochco e Milch... David Kelly, outra grande inspiração. Aquelas temporadas de The Practice, e acho que vocês sabem do que estou falando, meu nível de empolgação, aproximando-se domingo à noite as 10:00, sem saber se o maluco era maluco ou não, e os princípios de como contar histórias; era fantástico. Então esses foram os caras aos quais me inspirei.

Fonte e foto: Ign | Tradução: easic | Revisão: stickman