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ogro · **Enviada:** Domingo Julho 08, 2007 00:39 | **Assunto:**

Às vezes, LOST quer ser tudo para todos os tipos de audiência.

Tem sua mágica,

seus mistérios,

suas comédias,

suas tragédias.

Tem de tudo.

Filosofia.

Ficção Científica.

Misticismo.

Jogos com palavras.

Jogos com nomes.

Sexo!

Drogas!

Rock n' Roll!

... Bem, na verdade não tem muito rock n' roll em LOST. Talvez devessem trabalhar nesse quesito ano que vem.

Outra forma de se olhar para isso é como se toda essa linda bagunça fosse um labirinto, com caminhos complicados que parecem plausíveis, mas que em sua maioria são falsos.

Um jogo de adivinhação. De apostas.

Quando você acha que sabe para onde está indo, logo quando você tem 100% de certeza, se dá de cara com outra parede e percebe o idiota que é por ficar defendendo teorias que constantemente explodem na sua cara.

Mas provavelmente a descrição mais correta, nesse momento, e deixa todas as opções abertas, é que LOST, como Carlton Cuse disse recentemente, é um mosaico. Um padrão sendo construído fora de ordem que não fará sentido até que a última peça seja colocada.

É uma metáfora ideal para LOST como o conhecemos, sem desmerecer os artistas visuais e cinematógrafos que tornam essa série algo tão belo. Uma das características de LOST, especialmente na recém-acabada terceira temporada, é que mesmo quando o roteiro falha, sempre parece ser fantástico. E já que nós modermos somos tão visuais, é importante que contem a história tão bem por meio de imagens. Então com imagens tentaremos desvendá-la.

Comecemos do começo.

É um desafio analisar a constante colagem de temas e assuntos que os roteiristas atiram para o público, mas comecemos por aqui: o coelho. Especificamente, um coelho branco. Como o que

levou Alice até o País das Maravilhas, e depois revisitado em Through the Looking Glass,

um mundo onde a Rainha Branca está vivendo o tempo ao contrário, onde as memórias fluem em ambas as direções. Mais ou menos como acontece em LOST. E onde nunca temos certeza para que direção o tempo está se movendo.

É sobre o tempo.

Tempo em LOST é uma melodia desconecta. Nessa temporada o tempo foi indo e voltando em LOST. Em Flashes Before Your Eyes, Desmond se encontrou transportado para seu próprio passado.

Ele tinha memórias de seu ser futuro... quero dizer, de seu ser presente (seu ser presente sendo um cara do futuro vivendo em seu próprio passado)... e o que ele foi forçado a aprender foi que... ele não tinha outra escolha senão reviver esse passado exatamente da mesma forma que antes, mesmo ele sabendo que isso o levaria inevitavelmente a banimento e dor. Sua professora foi a Sra. Hawking.

Um nome que não deve ser levado na brincadeira. Suas previsões bizarras levantaram uma das maiores questões no livro que leva seu nome:

Viagem no tempo é possível? Isso na verdade não requer um nível superior para se responder. Resposta curta: De jeito nenhum.

Então por que tantos gênios passam tanto tempo tentando pensar em maneiras para que a viagem temporal seja possível? Teoricamente é possível que matéria passe por algo chamado buraco de minhoca. Talvez Desmond viajou de um ponto do grande plano espaço-tempo para outro...

... e ele precisaria de infinitas quantidades de matéria exótica para fornecê-lo a energia negativa necessária para acelerar todas suas partículas subatômicas de forma que elas fiquem mais rápidas que a velocidade da luz. Física quântica para um leigo realmente não soa menos fantástica do que unicórnios. As vezes soa como adolescentes dicustindo sobre o jogo de Dungeons e-com

Dragons da noite passada. Mas na ficção televisionada, é por um espelho que a ciência atravessa para se tornar ficção ciêntífica.

Sem mencionar que o lance da viagem no tempo vai se fixar na sua cabeça se tentar desvendá-la, mesmo sem a física quântica. A pergunta clássica é mais ou menos assim: Se viajar para antes de você nascer e matar seu pai, como poderia continuar a existir?

Me diga que essa não é uma pergunta relevante nessa série.

Físicos são todos altamente espertos, mas a forma com que eles respondem esse tipo de pergunta ainda me lembra a forma com que crianças de 5 anos respondem as grandes perguntas. Apenas inventam coisas... Devemos imaginar que tempo é como um redemoinho em um rio, onde em alguns lugares o tempo dá voltas em si mesmo. Ou é como uma árvore que pode dar galhos em realidades paralelas, alternativas, concorrentes, todas completamente independentes e contraditórias umas das outras.

Talvez em um universo os passageiros do Vôo 815 morreram, como Naomi disse,

mas em outro, estão vivos e bem (ou tão bem quanto se possa esperar.)

E quanto a ela parar entre os dois universos.... diabos, ela estava numa roupa espacial!

Talvez ela foi superacelerada e ficou mais veloz que a velocidade da luz. Basicamente, na física quântica, se de alguma forma conseguir tornar-se mais rápido que a luz, você pode praticamente ser Deus. O único problema disso, como já disse, é que isso é tão baseado na realidade quanto unicórnios. Mas a viagem temporal é como uma toca de coelho, um dos caminhos do labirinto, onde LOST entrou nesse ano. Apenas não sabemos ainda se é um caminho sem saída ou não.

É sobre Destino.

A Sra. Hawkings diz a Desmond que ele simplesmente precisa voltar por todos os passos de seu passado e toda ação que ele sabe ser um erro, porque se não o fizer, "todos nós morreremos". E ela diz: "Você não faz porque escolhe, Desmond. Faz porque deve fazer."

Seu destino? Forma bem fraca de se colocar isso. Não é como se ele TIVESSE que fazer. Ele só DEVE fazer? Como todos nós deveríamos comer 5 pratos de vegetais por dia? Estranho, porque ela também diz que ele é forçado a girar a chave de segurança. Então Des tinha alguma chance? Ele poderia ter escolhido diferentemente e deixar a raça humana morrer?

E isso nos leva a Jack e o fatídico dia em que Locke disse a ele "Você não deve fazer isso".

O qual, muitos anos depois, Jack parecia estar concordando, quando disse a Kate "Não deveríamos ter ido embora."

Jack poderia ter escolhido diferentemente? Dadas as circunstâncias, por que ele teria escolhido de outra forma? Quase parece que ele foi forçado a concluir a ligação. E, sabe, a coisa curiosa sobre o futuro do Jack é que não parecia haver nada de "errado" quanto a isso...

... com exceção ao próprio Jack. Los Angeles parece ter sobrevivido do apocalipse que atingiu o bom Dr. Jack. As rodovias e hospitais e favelas e aeroportos ainda estão lá. A raça humana claramente sobreviveu. Parece que as coisas ficaram como "deviam" no final... ou não?

Desmond não se chama Hume por nada.

Hume, o cético, que não queria ser dito como uma causa gera um efeito, apenas para chamar causa e efeito de "cimento do universo".

Algo com que sempre contamos na vida: a causa vem primeiro,

depois o efeito.

Como Charlie aprendeu tão bem.

Mas nada, infelizmente, é tão simples assim. Se alguém acredita em Destino, como Desmond acredita, como a Sra. Hawking deixou claro que ele tinha que acreditar, então significa que o efeito (seu destino) vem antes da causa (o que você faz para criar tal destino). Já que o destino tem que acontecer, tudo que leva até ele são causadas por aquilo que causam.

Ou pegando emprestado uma explicação bem mais clara, de Through the Looking Glass, que é nosso guia no final das contas:

..."Por exemplo, agora", ela continuou... "tem o mensageiro do Rei. Ele está na prisão agora, sendo torturado. E o julgamento não começa até na próxima quarta, e, claro, o crime vem por último"

"Digamos que ele nunca tenha cometido o crime", diz Alice.

"Isso seria bem mais fácil, não seria?", disse a Rainha...

Espero que todos estejam seguindo isso. Em outras palavras, Charlie tinha que morrer... o que causou que ele fizesse as coisas que causariam sua morte. Vê? É elementar.

Então, se o tempo está se movendo para trás, ou em espirais, ou qualquer outra forma que escolher, então isso significa que nossos personagens podem entrar e sair desse plano do espaço-tempo quando quiserem? Quer dizer que os fãs do Jack poderão ver seu herói sair de sua dependência química

e voltar para o momento antes de ter feito a ligação,

para que ele possa consertar tudo de errado que suas ações geraram? Hmm, não sei. Espero que não. Mas direi que a voz que atendeu o telefone do Jack (o vilão, provavelmente) se chamava Minkowski. E esse também seria o nome, porque um nome nunca é só um nome em LOST, do famoso matemático Herman Minkowski, um parceiro de Einstein e o primeiro a definir e nomear o conceito de Tempo-Espaço (juntando o tempo e o espaço na quarta dimensão).

Podemos até ser escravos do tempo e do espaço, mas as regras são feitas para serem quebras, então, quem sabe? Pode ainda haver uma escotilha de escape escondida em algum lugar do Tempo-Espaço.

Para resumir isso tudo, os personagens de LOST podem estar presos num bloco do Tempo-Espaço que os permite super acelerar suas subpartículas atômicas e viajar como crononautas pelo tempo, onde o futuro causa o passado mas qualquer erro pelo caminho e toda a humanidade será destruída. OU eles apenas podem estar presos numa ilha de merda onde estavam predestinados a cair e estão tão desesperados quanto nós tentando entender todo o papo de física quântica que tentei decifrar nessa parte.

Acho que precisamos trocar de equipamentos aqui. O tempo está longe de ser a história mais importante dessa temporada. Deveríamos mesmo voltar para os coelhos.

Uma coisa que coelhos fazem muito eficazmente é mais coelhos.

E foi difícil ignorar esse tema em LOST nessa temporada.

É sobre Redenção.

Talvez.

Essa é a forma mais suave e popular de resumir o significado de LOST. É uma descrição fraca. LOST não é sobre Redenção da mesma forma que The Sopranos é sobre a Máfia, por exemplo. Mas a estória se preocupa com o Ciclo da Vida, da Morte e do Nascimento. E da Morte.

Descubrimos que o bebê da Sun era do Jin.

E que em um mês ou menos, vai colocar a Sun na cova.

Isso também é um problema para a Kate...

que, depois de fazer sexo selvagem com Sawyer, pode agora estar carregando sua certeza de morte.

Na verdade, esses bebês apenas começaram com vantagem no que se tornou um dos temais mais populares de LOST:

Primeiro, mate todos os pais.

Não que eles não mereçam.

Os personagens de LOST estão presos no sofrimento de Édipo de uma maliciosa armadilha dos pais. Onde o assassinato do pai não é um crime, mas quase um sagrado rito de passagem. Onde pequenos bebês ainda dentro do útero dão uma de terroristas suicidas em suas próprias mães. Todo o ciclo de vida na ilha parece manchado e nebuloso.

É o suficiente para te fazer perguntar onde esse mito Ilha = Redenção começou. O único cara que está ativamente morrendo e renascendo

não parece ser alguém em quem você se inspiraria.

Eko não se arrependeu

e morreu.

Charlie se arrependeu, diversas vezes

e morreu também.

Então, se for uma estória de Redenção, não parece estar tomando o caminho de absolutismo moral para nos levar até lá.

O amor redime. E essa era para ter sido a Temporada do Romance. Se lembraram de dar o nome do Interesse Romântico V3.0 de Jack em homenagem a famosa heroína romântica da literatura

mas além disso acho que todos aprendemos nessa temporada foi que talvez geeks não deveriam ter permissão para escrever romance. Não que não tenham havido momentos de beleza,

de amor em todas sua facetas, românticas ou de outras formas,

mas eles tiveram que ser engolidos com algumas doses bem fortes de imagens sado/maso que pareciam ser romance

e personagens femininas se espancando numa espécie de reflexo dos grupos que torcem pelos romances que elas inspiraram.

Estou falando aqui dos grandes exércitos Gregos e Troianos lutando Batalha Sem Fim das Contradições de LOST:

JATE!

Vs.

SKATE!

Que não parece mais ser uma batalha, quando se olha sob a perspectiva, mas é um longo hiato e se deixa as pessoas felizes fingir que ainda é uma competição... aproveitem.

É sobre Literatura.

Geração visual ou não, ajuda ser um leitor que assiste LOST.

De A Tale of Two Cities que armou o mini-arco, onde o futuro alcoolatra Jack fez a coisa certa para libertar os amantes... até a trágica pobreza humana de Of Mice and Men...

aos ciclos viciosos de destino e livre arbítrio em Catch-22...

do espelho invertido e rachado de Through the Looking Glass, essas estórias fizeram parte da estória. A Bíblia foi representada, com Ben, o filho mais novo de Jacob, o pai das 12 tribos israelenses... com referências a Isaac e Abraham... de Naomi e Ruth... e com a confusão contínua de que Jack é para ser nosso Bom Pastor ou nosso Moisés...ou apenas uma grande decepcão.

Houveram outras, mais obscuras referências, como a PALA FERRY nesse quadro,

que vem de Pala, o nome da Ilha no livro de Aldous Huxley, uma utopica futurística onde papagaios dão conselhos, espiritualmente é centrada ao redor de um templo numa montanha e todo mundo faz MUITO sexo. (Estou enxergando as ligações, e você?) Um livro que parece ser uma combinação natural com LOST é Lord of the Flies, cujas questões de estruturação social estão nas mentes dos escritores, implicitamente ao invés de explicitamente através da estória.

Temos Locke, que acreditava que cada vida era uma tabula rasa (uma folha em branco, sem experiências) e que os direitos dos homens na sociedade eram naturais e dados por Deus,

as vezes é visto com o Pai do Liberalismo.

O que acreditava na bondade inata do homem, Rousseau,

o pai do Socialismo.

Burke, o que acreditava na superioridade natural das classes altas,

o pai do Conservadorismo.

E para um bom contra-balanço, Bakunin, o ateu,

o pai da Anarquia.

Ops, voltamos aos pais. Isso nunca é bom. Embora na maioria de nossas vidas, pais não são nem um pouco ruins. Na verdade, para a maioria de nós, o bom e velho pai é nosso primeiro herói. O que nos leva a idéia muito importante...

É sobre Heróis.

Se eu tivesse que escolher uma coisa sobre LOST que a torna tão especial, teria que dizer isso:

Os personagens. Os principais. Os menores. Os mortos que voltam para visitar.

Houveram ótimos arcos de personagens nessa temporada.

Sawyer se apaixonou pela primeira vez em sua vida,

chegou até a beira da Redenção

apenas para ser violentamente jogado de volta aos turbulentos mares de sua alma.

A estória de Desmond teve sua órbita especial, passando por buracos de minhoca no Tempo-Espaço.

Juliet veio do nada para adicionar um nível completamente novo de enigma e tristeza para a estória.

Charlie olhou nos olhos de seu destino e encontrou sua apoteose.

Quanto ao arco de personagem da Kate esse ano, essa expressão deve ser a melhor para descrevê-lo:

Aprendemos sobre toda a vida de Ben em um episódio, desde seu começo como o infanto assassino original

até termos seu complexo perfil psicológico como uma criatura excessivamente bizarra.

Locke saiu de um buraco

e caiu em outro.

Mas ele saiu de lá de novo, para encarar seu alter ego...

Jack, que também completou um ciclo nessa temporada,

de miseravelmente perseguindo uma mulher em seu passado,

para miseravelmente perseguir outra pessoa em seu futuro.

Algumas pessoas pensam que LOST tem um personagem principal. Mas será que tem mesmo? Se Jack for o personagem principal de LOST, então LOST é a estória de Jack? Em outras palavras, será LOST um monomito, a estória de um herói, uma pessoa cuja estória reflete a estória de qualquer um de nós enquanto lutamos durante nossas vidas?

O "mono" no monomito é o herói. O herói sai numa Jornada de Herói, um rigoroso ritual de Saída, Iniciação e Retorno marcados por tais estágios como o Chamado para a Aventura, o Chamado pelo Mentor, o Encontro com a Deusa, a Caverna Interna, o Estado Mágico... é quase Dungeons e-com

Dragons de novo! Na verdade, não é tão rígido quanto parece. Até mesmo a pequena Alice passa por um tipo de Jornada de Herói quando viaja através do espelho. Então pode perceber que pode ser encaixado em qualquer estória, e essa é a intenção.

Então Jack está na Jornada do Herói?
Ele tem um Desafio: quer ir para casa. Mas isso está longe de ser exclusividade dele.

Suas abilidades médicas o tornam especial, mas ele não é o único médico na ilha.
Quem é seu Mentor? Esse cara?

Quem foi seu Oráculo? Essa mina?

Seus "Desafios"

são fracos demais para merecerem ser mencionados.

Essas duas são suas Aliadas?

Ou apenas as duas únicas pessoas na ilha que suportam estar perto dele?
Sabemos que Jack cresceu querendo ser um herói.

Sabemos que ele acha que é o Herói.

Mas é mesmo assim que isso funciona?

Pode-se defender o caso de que qualquer outro personagem em LOST é o herói.

Sawyer passou por um Revertério em seu Teste para a Aventura de se reunir com a raça humana,

mas ele foi Testado com certeza será Testado de novo.

Derrotou seu Nemesis físico (e não ganhou nada por isso).

Encontrou algo que é Sagrado para ele.

Tem um Mentor agora,

e Aliados...

mas também tem o caminho mais ilegível de toidos os personagens. E esse não é um mau lugar para uma Jornada de Herói estar, no meio de uma história ainda em pleno fluxo.

LOST pode ser tipo um Clube da Luta, mas não há leis que dizem que garotas não podem ser Heroínas, e Juliet, presa numa ilha encantada com um lorde malígno

foi Convocada para a Aventura de dar a vida,

o Estado Mágico que todos podem acabar precisando antes do fim.

Talvez Ben seja o Herói.

Ele tem todos os traços. (E também tem o coelho.)
Com certeza é especial.

O Chamado para a Aventura.

O Desafio.

A Deusa.

O Mentor.

O Estado Mágico.

... ao menos que ser o escolhido de um fantasma hermitão temperamental não é tudo que se imagine.

Talvez Ben esteja agora na fase Dentro da Barriga da Besta da jornada,

e ainda tem que derrotar seu Nemesis, uma reviravolta na estória que ninguém estará esperando ano que vem.

Talvez Locke seja o Herói.

Ele foi Chamado para a Aventura mesmo antes de chegar na ilha, mas só quando ele caiu de um avião e teve sua coluna magicamente restaurada que se tornou especial. Perdeu seu caminho na temporada passada, mas nessa temporada ele fez seu próprio.

Ele tem um Mentor.

Um Nemesis.

E outro Nemesis.

... eeeeeeee outro.

É visitado por um Oráculo em sua hora de necessidade.

Esteve no Vale da Morte,

e encontrou seu Estado Mágico, embora ele não saiba ainda o que é. E não se pode culpá-lo por isso. Você faz qualquer idéia de qual é o lance com o Jacob? Nenhum Herói foi mais fundo dentro do misterioso desconhecido do que o amoralmente intrépido Locke.

No fim, talvez ele seja o Herói.

Talvez Desmond seja o Herói.

Que nem Ulisses, que não entra na própria estória até o segundo ato, Desmond é ainda relativamente um novato em nossa estória. Mas sua estória parece ser a que mais de aproximou das regras do monomito.

Ele foi Chamado para a Aventura.

e se perdeu no mar

mas a Deusa continua a procurar por ele,

Penelope, o mesmo nome da mulher de Ulisses.

Seu Mentor o colocou no caminho correto.

Seu Oráculo o manteve nele.

(E parece que esses dois se conhecem!)

A escotilha foi a Barriga da Baleia para ele. Ele morreu e renasceu. E agora tem o Estado Mágico

com o que ele não sabe o que fazer ainda. Não apenas Desmond parece estar seguindo a Jornada do Herói de mais perto,

sua fascinante estória ecoa com mais força no conto como um todo.

Mas alguns fãs são teimosos. Muitas pessoas parecem pensar que Jack tem que ser nosso herói monomítico. É como se pensar fora dessa perspectiva fizesse a cabeça deles explodirem. Então, daremos a isso mais uma chance. Se Jack é o Herói, acabamos de deixá-lo, no season final, na Caverna Interna. Morto. Desolado. Se a estória for seguir seu monomito, então o próximo passo para esse "herói" é a Jornada do Herói na vida real chama da Desintoxicação e Reabilitação a Longo Prazo. Seguido de uma nova aventura para formar um grupo e voltar para as costas desconhecidas de sabe-se lá aonde. Resetar o tempo? Aniquilar os inimigos? Em outras palavras, seria uma série completamente nova. Teremos alguma idéia quando os novos posterês saírem para a Quarta Temporada.

Se forem assim

saberemos exatamente para onde estarão levando a estória.

Para falar a verdade, não parece haver um só herói ou protagonista em LOST, da mesma forma que não há apenas uma tema. Com seus pontos de vista múltiplos, sua rejeição de verdades morais simplistas e as constantes menções culturais irônicas, LOST é marcada como um trabalho pós-moderno. Vem das técnicas usadas em filmes como Magnolia.

Forneceu até a arte da capa.

Os chauvinismos antigos do monomito podem acabar sendo uma junção pobre para esse conto vasto e espalhado.

Na verdade a única constante na estória, o único protagonista central que posso positivamente identificar é esse:

A Ilha em si.

E como um tema central, se for para ter algum, que seja esse:

Namaste é uma das belas palavras de duplo sentido que expressam seu próprio oposto. É a versão hindu do Aloha. Olá/Adeus. A que der certo na hora. Como tantas coisas em LOST, é auto referencial. Como essa impossibilidade lógica:

Como Buda, que disse que as únicas pessoas que chegarão ao Esclarecimento serão aquelas que não procurarem por ele. Como Hume, que acreditava que o homem só poderia exercer o livre arbítrio se sua vida fosse predeterminada. Como Alice, que passou pelo espelho para o mundo onde as memórias vinham antes das ações que elas lembravam.

O olho

é uma câmera.

Diversas vezes nessa temporada nos vimos olhando para pessoas em nossas telas olhando para telas onde viam pessoas olhando para a tela.

LOST assiste a si mesmo e assistimos a nós mesmos dentro dela. O Espelho reflete mais do que apenas a imagem daquele que olha.

"Arte é um espelho não porque é o mesmo que o objeto, mas porque é diferente". G. K. Chesterton

Na próxima temporada mais peças entrarão em seus devidos lugares e a figura no mosaico mudará outra vez. Assim que as peças remanescentes sejam colocadas, quem pode adivinhar como ficará parecendo em seguida?

Fonte: DarkUFO | Tradução: ogro