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O fim do mistério

22/05/2010 - 00h00 (Outros - A Gazeta)

Rafael Braz
rbraz@redegazeta.com.br

Foram seis temporadas, cinco anos, oito meses, 114 episódios, muitas perguntas e respostas nem sempre satisfatórias para os fãs. Desde que o episódio piloto de “Lost” (o único dirigido pelo criador J.J. Abrams) foi ao ar em 22 de setembro de 2004 na TV americana, a história dos seriados televisivos nunca mais foi a mesma.

Amanhã, a exibição do episódio 115, o último, simplesmente intitulado “The End” (com 100 minutos de duração, mais do que o dobro do normal), promete parar os EUA e – por que não? – a internet.

Já na terça-feira, apenas dois dias depois da exibição nos EUA, o AXN, canal a cabo que transmite o seriado no Brasil, exibirá o episódio, em um esforço inédito na televisão brasileira. A maratona começa com o especial “Recap Lost”, que resumirá em duas horas os principais enigmas e acontecimentos desses seis anos de série. Logo depois, a partir das 22h, o episódio final que será exibido em duas partes.

Um dia antes, na segunda, o Grupo de Estudos Audiovisuais (Grav), antecipando-se à transmissão na TV brasileira, vai exibir o episódio no auditório do IC-2 da Ufes, às 19h. A ideia é promover debates sobre a série e os downloads ilegais popularizados pela atração.

Gostando ou não do final e das soluções que os produtores Carlton Cuse e Damon Lindelof vêm apresentando nesta última temporada, não há como negar a importância da série. Com uma narrativa ágil e envolvente, relacionando eventos de linhas temporais diferentes, a série se aprimorou em construir uma tensão crescente à medida que as temporada se desenvolviam, sempre preparando terreno para finais surpreendentes.

Os mistérios, mesmo que nem sempre bem resolvidos, são, na verdade, o grande combustível para as acaloradas discussões em fóruns e mesas de bar (veja algumas perguntas que devem ser respondidas no box ao lado) . O problema é que, nesta reta final, com a solução de boa parte dos mistérios, os fãs se dividem entre os que aceitam o rumo tomado pela série e os insatisfeitos com o excesso de fantasia, filosofia e aspectos religiosos.

Para Daniel Mello, fundador do site LostBrasil, o maior portal de discussão de “Lost” em língua portuguesa, ainda resta a esperança de que o final apresentado seja, no mínimo, satisfatório. “Não sou dos mais entusiastas com as últimas temporadas, mas espero que o final amarre muitas das pontas soltas”, explica.

Mesmo não tendo deixado de acompanhar a série, Daniel acredita que os produtores se perderam quando começaram a investir em soluções de difícil convencimento. “É muita ficção. As pessoas não gostam do que não entendem. Querem que a gente aceite que tudo aquilo foi só para um monstro de fumaça sair da ilha?”, indaga.

Com outra visão, Juliana Ramanzini , do site “Dude! We Are Lost!”, afirma não querer um final pensado para agradar aos fãs. “Prefiro um que seja coerente com a história que nos foi contada. Que seja marcante, que gere discussão. ‘Lost’ inovou exatamente por ser uma série que incentivou debates, pesquisas, e despertou a curiosidade. Nada mais justo que mantenha essa linha”.

A opinião é semelhante à da fã Renata Sattler, que acredita que nada vai ser entregue mastigado ao espectador. “Essas últimas temporadas são pra serem revistas com calma, em busca de detalhes da história”.

Legado
Apesar das opiniões diversas, os três concordam quando o assunto é a importância do seriado para o futuro da TV. “‘Lost’ representou uma quebra de paradigma. Mostrou que o espectador pode adotar uma postura mais ativa. Incentivou o debate e despertou a curiosidade, incentivando a pesquisa”, argumenta Juliana.

Para Daniel, a série representou uma mudança na forma de se pensar um programa. “Não é apenas mais uma hora semanal diante da TV, mas uma semana inteira de discussões e teorias. ‘Lost’ aproximou o espectador do programa”, pontua.

Outro ponto destacado por ele é que a mobilização pelo seriado foi tão grande que despertou a prática frequente de downloads ilegais. “Isso não é necessariamente ruim. Os canais daqui passaram a respeitar mais o espectador e diminuir a janela entre a transmissão lá fora e aqui”.

As principais dúvidas

Qual é, afinal, a importância de Desmond para o desfecho?

Será que existe alguma força superior que impede que o Monstro mate diretamente os candidatos e o próprio Jacob?

Qual a importância dos eventos da realidade paralela no desfecho da história?

Quem é a mãe do filho de Jack na realidade paralela?

Por que e quando Eloise Hawking e Charles Widmore se tornaram tão importantes?

Por quem foi construída a estátua de Tawaret, deusa egípcia ligada à fertilidade?

E Walt? Ele não era especial no início? Suas aparições depois que saiu da ilha não são nada esclarecedoras.

Fonte: A Gazeta