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Dark-princess

Querida Wendy (Dear Wendy)

Direção: Thomas Vinterberg
Roteiro: Lars von Trier Exclamation

Elenco: Jamie Bell (Dick), Bill Pullman (Krugsby), Michael Angarano (Freddie), Danso Gordon (Sebastian), Novella Nelson (Clarabelle), Mark Webber (Stevie), Alison Pill (Susan), Chris Owen (Huey)
Duração: 105 min.
Gênero: Drama

“Querida Wendy” é a primeira colaboração no cinema entre os dois fundadores do movimento “Dogma 95”, Thomas Vinterberg e Lars von Trier. Inicialmente, o longa seria dirigido por von Trier, mas como ele abandonou a direção para se dedicar à “Manderlay” (segundo capítulo de sua trilogia sobre os EUA), a mesma acabou caindo nas mãos de Vinterberg, do ótimo “Festa de Família”. Assim, o diretor de “Dançando no Escuro” ficou apenas com o roteiro do filme.
O longa traz a história do jovem Dick (Jamie Bell, de “Billy Elliot”), um habitante da pequena cidade americana de Estherslope que se fascina por uma pequena arma de fogo descoberta por acaso num bazar. Ele compra a pistola, à qual dá o nome de Wendy, e convence outros “perdedores”, como ele, a fundar um clube secreto baseado nos princípios do pacifismo e da posse de armas (!!!). Apesar de convictos em relação a mais importante norma do clube (“Nunca saque sua pistola”), os membros do mesmo logo se deparam com uma situação em que as regras parecem existir somente para não serem cumpridas.
A premissa inicial de “arma como objeto de auto-afirmação” é interessante, mas a moral da história de que “violência gera violência” é algo tão evidente e tão batido que o filme perde um pouco de sua força. Tudo bem que o objetivo era específico de criar um manifesto anti-belicista criticando a sociedade americana, mas observado o sentido amplo do projeto, nota-se que nada de novo foi dito. Se for para ver uma crítica a postura dos EUA em relação às armas é melhor ver “Tiros em Columbine”, de Michael Moore. Apesar disso, “Dear Wendy” (no original) é um filme interessante e merece ser conferido.
Mesmo com a moral da história sendo batida, toda a análise de vida feita por Vinterberg e von Trier até chegar na mesma já vale o ingresso. Os dois trabalham de forma brilhante ao analisar o comportamento humano perante situações de confronto e submissão. Criam ainda um paralelo com a sensação de poder gerado pelo porte de arma.
Thomas Vinterberg se recupera aqui de sua bola fora “Dogma do Amor”, criando um filme que pode ser considerado uma mistura de “Clube da Luta” com os “westerns spaghetti” de Sergio Leone. O filme também lembra muito “Dogville”, inclusive a cidade Estherslope é muito parecida com a cidade-título do filme de 2003.
O filme possui uma direção de arte espetacular, além de uma ótima trilha sonora embalada pelos Zombies. Bill Pullman, Michael Angarano, Danso Gordon, Novella Nelson, Mark Webber, Alison Pill e Chris Owen completam o elenco.
Fonte: http://www.cinemacafri.com/
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Exclamation

Escrito por Lars Von Trier e dirigido por Thomas Vinterberg, Querida Wendy não é um romance convencional - é uma história de amor por uma arma. O filme segue um bando de adolescentes alienados de uma cidade mineira miserável, no sudoeste dos Estados Unidos, que é exposto a armas de destruição. Exclamation

Parte parábola, parte faroeste, Querida Wendy, que estréia nesta sexta-feira, é uma poderosa crítica à cultura bélica norte-americana, que deve provocar polêmica e acelerar a discussão por onde passar - como os produtores devem ter planejado.

O líder do bando é o jovem Dick (Jamie Bell), que é salvo da vida nas minas por sua babá negra, Clarabelle (Novella Nelson). Ela diz que ele é sensível e fraco demais para as minas e que um dia fará algo extraordinário para salvar o mundo.

Ele consegue um emprego em um supermercado e leva uma vida sem rumo até que encontra e se apaixona por uma pistola pequena, que ele batiza de Wendy. Isso enquanto ele professa ser um pacifista devoto. Dick faz amizade com seu colega Stevie (Mark Webber), que sabe tudo sobre armas, apesar de ser, ele também, um pacifista.

Depois de um tempo, a dupla recruta um punhado de jovens sem rumo da cidade - um aleijado e seu irmão, Huey (Chris Owen) e Freddie (Michael Angarano), uma menina bonita chamada Susan (Alison Pill) e o menino de rua Sebastian (Danso Gordon).

O que os une é a falta de perspectiva em suas vidas ¿ até que encontram as armas. Escondidos em um poço abandonado, eles criam um lar enquanto praticam tiro e formam uma sociedade secreta, batizada de Os Dândis.

Em um filme americano convencional, Dick se apaixonaria por Susan, mas aqui ele tem olhos apenas para Wendy. O sexo não faz parte da equação. Qualquer desejo erótico é dirigido para as armas e, na verdade, um dos rituais que o clube estuda é uma técnica usada pelos soldados alemães durante a Segunda Guerra Mundial, na qual eles apertavam seus genitais para que pudessem lutar mais bravamente.

É inevitável que, expostos a um enorme poder de fogo, os jovens terminem por usá-lo. Como o chefe de polícia Krugsby (Bill Pullman) diz, eles são "o tipo de rapazes que dão o tom a esse país". E como muitos jovens inocentes dos EUA apresentados à mística das armas, eles vão, no fim, provocar um massacre.

O esgar perpétuo de Bell e seu olhar afiado tornam difícil tirar os olhos dele. Uma atuação igualmente impactante é a de Pullman, que faz um homem que envia mensagens mistas apenas porque não tem todas as respostas.

O modo de Vinterberg contar a história é direto e sem adornos. Não há espaço para sutilezas. Mas a energia acumulada vendo esses garotos se destruírem por nada é de partir o coração.

Qualquer impaciência com o modo lento do filme é dissipada com o poderoso final, um balé de violência que lembra as obras de Sam Peckinpah. O filme mostra como Vinterberg e Von Trier vêem a América de hoje, e essa visão é sombria.
Fonte: Terra.com.br/cinema