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inertia · **Enviada:** Sexta Janeiro 13, 2006 12:05 | **Assunto:**

É FÁCIL ASSISTIR A LOST
Fãs podem conseguir o seriado e informações do mesmo a partir de seus iPods, blogs, podcasts, e em breve, celulares.

No tremendo sucesso de TV "Lost", ABC encontrou muito mais que apenas uma série com altíssima audiência, prêmios e potencial para gerar spin off (outros seriados derivados do original). "Lost" agora é como um próprio mundo, embora fictício, que, com seu labirinto de mistérios e enredos com várias camadas, se tornou uma cobaia para o casamento entre novas tecnologias e conteúdo criativo.

Assistir a "Lost" nunca foi tão fácil. Está no seu aparelho de TV, DVR, iPod e coleção de DVD - e estamos falando apenas do episódio que passa nas noites de quarta-feira. Navegue pela internet e encontre inúmeros sites sobre "Lost" - alguns feitos pela ABC ou pelos criadores do seriado e outros feitos por uma legião de fãs do drama. Em breve entrará em cena "Lost Video Diaries" (Diários em Vídeo de Lost) nos celulares da Verizon, que são episódios de dois minutos narrando histórias dos personagens, que apesar de também estarem no acidente aéreo, não aparecem no programa.

Ainda não é o suficiente? Existem livros, revistas, cards, calendários, fantasias e em breve, um jogo de tabuleiro.

Nesta temporada, "Lost" ficou classificado em quarto lugar na audiência entre telespectadores de 18-49 anos. Mas o programa se tornou algo mais: um modelo para a nova geração da mídia, que tem grandes implicações financeiras para os artistas e produtores, já que a nova tecnologia quase exige que eles produzam conteúdo original para páginas de internet e blogs, DVDs, podcasts e livros.

O que está acontecendo com "Lost" também é um anúncio de que novos tempos chegaram na TV, dividindo seus seguidores em dois grupos: a audiência leal que sintoniza toda semana no seriado e os fãs que devoram cada pedacinho de informação disponível na internet, livros e revistas.

"O show é o carro-chefe, mas eu acho que com toda esta nova tecnologia surgindo, o que nós descobrimos é que o mundo de 'Lost' não é basicamente limitado pelo seriado em si," diz o produtor executivo Carlton Cuse.

Outras emissoras e produtores estão seguindo "Lost" de perto para ver se este modelo de franquia em multimídia pode dar certo para eles também. Como a tecnologia permite que mais telespectadores sintonizem quando e como quiserem - e de graça - emissoras estão procurando novas maneiras de distribuir seus programas, assim como espalhar a novidade sobre eles. Para isso, os marqueteiros das redes televisas estão trabalhando mais perto que nunca dos seus escritores e produtores para gerar campanhas que combinem com suas estratégias de marketing.

Outdoors e um espaço nos intervalos comerciais? Não. Pegando dicas das grandes campanhas para filmes de sucesso, ABC atacou violentamente a internet, o que deu certo e ensinou aos seus concorrentes uma ou duas coisas sobre marketing nesta nova era. (Fox e NBC seguiram o exemplo este ano e conseguiram sucesso com "Prison Break" e "My Name is Earl"). Em vez de sugar tudo de "Lost" mostrando trechos do programa em intervalos comerciais, ABC foi à cidade criando muito mais curiosidade sobre o acidente aéreo do que os co-criadores J.J.Abrams e Damon Lindelof conseguiram fazer no seu piloto de 11 milhões de dólares.

"Você precisa ser sensato para que a tecnologia não acabe com o seu conteúdo," diz Stephen McPherson, presidente do horário nobre na ABC. "Existem vários aspectos diferentes que entram em todos esses tipos de plataformas que você não pode adivinhar se será um show de suceso, então nós colocamos em 20 plataformas. Mas a idéia de que um bom conteúdo pode ser usado de diversos jeitos é um desafio maravilhoso e uma ótima oportunidade."

As novas plataformas fornecem incontáveis maneiras das emissoras venderem seus programas. "Eu na verdade olho para o marketing mais como se estivesse desenvolvendo conteúdo para o programa," diz Mike Benson, vice-presidente de marketing da ABC. "Nós realmente estamos plantando algo em nosso marketing para provar o que são estes programas. E enquanto vendermos bem, eu prefiro contar uma história do que vender uma história."

ABC está desenvolvendo um website interativo para se aprofundar em aspectos mitológicos do programa que nunca foram explorados no ar. O conteúdo do site está sendo criado por um dos escritores de "Lost".

"Nós obviamente tivemos algumas idéias baseadas em contos já existentes, o que é legal para a gente," Lindelof diz. "Mas aí nossos mestres irão nos fornecer as fontes para realizar isso, se existir um certo potencial. Então nós realmente estamos dando duro."

Fãs como Rob Eichenlaub, um webdesigner que visita o site http://www.lost-tv.com sempre que termina de assistir ao programa, não consegue esperar muito tempo para se logar e descobrir mais mistérios.

"Existe algo neste grande quebra-cabeças que todo mundo quer ser o primeiro a montar," diz Eichenlaub, 29, de Hudson, Florida. "Se eu estivesse sozinho, não teria tanta graça. Mas parece que se espalhou, existe todos esses fãs que gostam de ver o programa como se fosse um video game."

A idéia é fazer com que a audiência entre dentro deste labirinto de "Lost", seja refletido na audiência, compras de produtos, ou músicas por US$1.99 pelos downloads da Apple. Emissoras e estúdios que querem entrar neste novo tempo terão que se tornar tão "agnósticos de plataforma" como as Gerações X e Y de telespectadores que têm como alvo, diz Bruce Gersh, vice-presidente de desenvolvimento de negócios para ABC.

"Nós estamos alcançando telespectadores primeiramente via televisão mas quando olhamos para a bola de cristal, que sabe quantos produtos mais podem estar lá fora que irão permitir que nossos consumidores tenham uma ótima experiência," Gersh diz.

Se fosse pela vontade de Cuse e Lindelof, todos iriam assistir a "Lost" em telas de 72''. Como produtores, sua maior preocupação é perder telespectadores que pulam um episódio e não voltam porque ficaram intimidados por um flashback revelador que não viram ou pelo enredo complexo.

"Neste ponto, se você tentar explicar um episódio da primeira temporada, existem tantos detalhes ligados às coisas que aconteceram mais recentemente que você simplesmente precisa saber," diz Jess Blau, um estudante formado que se mudou de Paris para Milwaukee em Maio. Ele tem baixado a segunda temporada do programa no seu computador via iTunes desde que a ABC se tornou o primeiro canal de TV a fechar um contrato com a Apple em Outubro. Neste mês, NBC Universal colocou vários de seus programas do horário nobre disponíveis para download no iTunes. Por enquanto, "Lost" é o número 1 em downloads, com mais ou menos 400.000 pedidos.

"Eu contribuo com os fóruns às vezes e os leio regularmente mas não posto muito porque tem gente que investiga 'Lost' como se fosse seu emprego," Blau notou. "No momento em que descobri o rosto de Walt na caixa de leite, ou qualquer outro Easter Egg num episódio, já existe um tópico com 60 páginas sobre isso."

Muitos dos telespectadores que assistem ao programa na TV, mais tarde baixam o seriado para os seus computadores e assim tentam descobrir algo mais com softwares que permitem notar cada detalhe. "Eu sempre assisto todos episódios na TV porque é maior e o som é melhor, a experiência é mais divertida," diz Shirley de Vista, Califórnia. "Mas se eu estou conversando com alguém sobre os episódios nos fóruns e nós decidimos voltar atrás e ver algumas capturas de imagem, eu vou e assisto pelo computador."

Ben Sledge de Germantown, caiu nesta armadilha de "Lost" quando ele criou o que achava ser um website pessoal, http://lost.cubit.net, para se manter informado da cronologia do seriado. Por causa de muitas pessoas acessando a página, o desenvolvedor da web foi forçado a expandi-lo. O site teve 836.000 acessos em Outubro e 798.000 em Novembro.

Outros seriados foram além quando o assunto é manter contato com os fãs. Os produtores de "Six Feet Under" regularmente escreviam tributos para os personagens mortos no drama da HBO, e seu website incluía histórias detalhadas de cada personagem. Escritores de "Nip/Tuck" recentemente fizeram um blog no http://myspace.com para Carver, o serial killer do programa. Escritores de "How I Met Your Mother" fizeram um blog para Barney, num espaço da http://cbs.com, onde fãs podem ficar a par das trapaças dos personagens. Neste novo mundo, escrever para TV não se trata apenas de entregar scripts.

"O trabalho de fazer um programa de TV evoluiu e existem todos estes novos aspectos para se pensar," Cuse diz. "É um bom trabalho porque existem outras portas abertas para o conteúdo. Nós temos outras maneiras de expressar as idéias para o show que não caberiam dentro do que passa na TV. Mas é difícil lidar com tempo. Nós honestamente dedicamos bastante tempo e atenção no seriado em si - que ainda é o nosso ganha-pão principal."

Como a tecnologia abriu portas para as possibilidades de acessar um programa de TV, o paradigma para o marketing televisivo agora mudou, tornando marqueteiros e produtores, sócios.

Na primavera, a Companhia Hyperion Books da Disney irá publicar seu segundo livro sobre "Lost", um romance escrito pelo passeiro que foi sugado pelo motor do avião no episódio-piloto. O passageiro, Gary Troupe, enviou por e-mail um manuscrito de sua publicação, e outra cópia foi achada na ilha, Lindelof diz. Não será revelado o verdadeiro autor do livro.

Escritores que agora se encontram escrevendo blogs de seus personagens, criando romances e compartilhando perspectivas num website terão que, eventualmente, ser recompensados pelo trabalho extra, Cuse diz.

"Isso realmente estará a frente em todas nossas novas negociações, particularmente com a Associação de Escritores, porque escritores são o centro da produção de shows para a TV e todas estas novas idéias são trabalhadas por nós," Cuse diz. "Agora, é estar por dentro destas novas tecnologias e aprender como funciona."

Como o iTunes transformou a indústria da música fazendo com que os singles voltassem a ser uma fonte de receita, Cuse e Lindelof acreditam que seu seriado está a frente nesta revolução da TV.

"Nós estamos explorando uma nova fronteira de diversas maneiras," Lindelof diz. "Então é melhor ver do que se trata primeiro. Daí sim vamos explorá-lo."

Fonte: CalendarLive