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joaopedro1 · **Enviada:** Quinta Agosto 06, 2009 05:39 | **Assunto:**

1x09 - Solitary

Sacrifícios

Escrito por: David Fury
Dirigido por: Greg Yaitanes

Mais um episódio excelente para o histórico impecável da 1ª temporada. Finalmente, a história do destemido Sayid, torturador arrependido à procura de respostas - e uma inegável redenção.

A primeira aparição de Rousseau, juntamente com os primeiros mistérios circundando a mitologia da ilha. Deles eu falo um pouco depois, vamos primeiro analisar mais profundamente o episódio.

Sayid caminhava ao redor da ilha em busca de redenção, ao ter quebrado a promessa a si mesmo de nunca mais torturar alguém. E nesse clima de dúvidas sobre seus atos e saudades de Nadia, que ele encontra um cabo na praia, o qual o leva a uma armadilha e, consequentemente, ao encontro de quem a montara: nada menos do que Danielle Rousseau, a francesa cujo pedido de socorro fora captado pelo grupo dias antes, e que reside na ilha há mais de dezesseis anos.

Ao longo desses difíceis dezesseis anos, Rousseau viveu sozinha num abrigo, solitária e paranóica. Já era de se esperar, entretanto. A francesa teve um primeiro encontro traumatizante com a ilha, quando o barco de sua expedição científica, rumando ao Taiti, naufragou na ilha misteriosa. Em pouco tempo, sua expedição fora contaminada pela "doença", forçando-a a matar cada um deles, um após o outro, incluindo o seu amado, Robert.

Ainda vítima de uma ferida não cicatrizada, o sequestro de sua filha Alex que a tanto tormenta, ela busca respostas em Sayid. Não importava o que ele disesse, ela apenas ouvia o que queria ouvir. Perguntou sobre sua filha nas mais variadas línguas; usou até tortura como artimanha, logo mostrando que "tudo que vai, volta".

O tema principal deste episódio é a auto-flagelação através da solidão (como o título entrega). Enquanto Sayid tenta refugiar-se nela, encontra alguém que implora para deixar a mesma. E por isso Rousseau foi tão importante para o amadurecimento de Sayid, pois mostrou a ele outros meios de recompensar o que fizera sem que acabasse consumido pela solidão e pela loucura.

O iraquiano achava que os outros se afastavam dele por discordarem de suas ações precipitadas. E quanto mais ele se apegava às frustrações que já deviam ter sido superadas (o amor de infância que se foi; a tortura) mais ele se culpava, se flagelava. Pois procrastinar a solução de um problema ao se lamentar por ele é muito mais fácil que resolvê-lo. E por que protelamos? Simples, pois é necessário sacrificar algo para solucioná-lo.

Exemplo disso foi que Sayid colocou sua carreira em jogo para salva a mulher que amava, provando que, no fundo e por trás de toda aquela camada de dureza, ele tem um lado bom, humanitário, sensível. Danielle viu diante de sim uma chance de consertar sua caixinha de música - e seu senso de julgamento. Em troca, teve de deixar a única pessoa que viu pelos últimos 16 anos partir.

A diferença é que ela estava já danificada demais. Poderia ter escolhido ir com Sayid e, de uma vez por todas, acabar com seu sofrimento. Porém, ela opta por continuar a se entregar ao seu luto eterno, porque aquele sacrifício era ainda um grande passo.

E nunca se sabe o que pode vir desses sacrifícios. No final das contas, podemos ser recompensados por esse esforço. É com essa esperança que Sayid retorna amadurecido, com uma frase que o alimenta pelo resto de sua jornada...

"Você me encontrará na próxima vida, senão nessa".

Missing Piece
Uma cena hilária, com direito a Jin enlouquecendo de raiva por perder uma partida de golfe pra Michael e Hurley, em Jin Has a Temper-Tantrum on the Golf Course.

Observações
- O plano de Hurley de construir um campo de golfe para disestressar os sobreviventes é uma ótima idéia. Todos mereciam um pouco de lazer para esquecer daquele momento difícil que passavam. (A risada dele quando questionado sobre seu plano é engraçadíssima!)
- Até o Sawyer se rendeu ao jogo e fez um esforço (alguns diriam até "sacrifício") para se enturmar com os outros, procurando melhorar sua imagem. Cenas assim ainda seriam vistas muitas vezes na série, como na 3ª temporada, em que Hurley diz que se ele não melhorar sua postura como líder, os habitantes do acampamento votariam por bani-lo daquela sociedade.
- Vimos como Michael ainda não aprendeu a ser pai: esquece o filho nas cavernas para ir jogar golfe, e nem dá a sua vez ao garoto para recompensar. E como resultado, Walt vai procurar alguém em quem se espelhar: no caso, John Locke e suas brilhantes facas.

- Algumas coisas que a Rousseau revela neste episódio apenas contradizem o que vimos no "5x05 - This Place Is Death", como, por exemplo:

Ela disse que viveu por pelo menos dois meses com sua equipe naquele bunker; porém, na 5ª temporada, vemos que ela os matou e viu Alex ser sequestrada quando ainda morava na praia.

Alegou que sua equipe "vinha do Black Rock", o que é mentira, já que estavam vagando pela selva após saiem da praia, bem longe do náufrago.

Disse que "não existem tais coisas como monstros", apesar de ter visto muito claramente uma fumaça preta arrancar matar uma amiga e arrancar o braço de Montand. Mas nessa aí eu até dou um desconto, já que pode ter sido tão traumático que ela tenha simplesmente "bloqueado" da própria mente.

Dependendo do ponto de vista, o fato dela estar louca com a solidão pode até justificar a inconsistência nos fatos. Eu já considero alguns erros de produção, mas tudo bem. Fiquei já muito satisfeito ao ver Sayid cometendo o mesmo erro de Robert (o qual foi mostrado!), Montand perdendo o braço com estilo, e Alex sendo raptada, apesar que não custava muito terem mostrado a construção do bunker, etc.

Mistérios e-com

Teorias
Neste episódio, a introdução de outro mistério ainda não solucionado, e que a cada temporada surgem mais vestigíos e pistas (ou dúvidas). Já matou a charada? Os sussurros. Sabemos que são ouvidos durante muitos episódios na série, e que são praticamente relacionados aos momentos de tensão. Vamos a algumas das teorias mais interessantes e plausíveis:

- Os sussurros marcam a ativação de algum meio de teletransporte dos Outros. Sempre quando são ouvidos, algo ou alguém aparece ou desaparece, aparentemente sem deixar rastros. Nas primeiras temporadas, eles sempre marcam a aparição dos Outros (que quase nunca deixam rastros!). Eles também são ouvidos quando a cabana de Jacob aparece para Hurley (4x01). Mais obviamente, eles são ouvidos quando Harper aparece do nada para Juliet, e depois, quando ela desaparece (4x06). Assim como quando a mãe do jovem Ben aparece para ele na selva (3x20).

- As pessoas que estão viajando em tempos diferentes na ilha podem ser ouvidas pelas pessoas que estão no tempo atual, porém na forma de áudio revertido e com o volume muito baixo, causado pela distorção do som entre as linhas do tempo. Através dos sussurros, parece que estão sempre tentanto se comunicar com pessoas que vêem, porém não podem fazer contato.

- Os sussurros são vozes acumuladas de pessoas que morreram na ilha. Quando alguém parte deste para outra no local, acaba se tornando parte dele, da história dele. Uma pista importante é que na tradução dos sussurros no final do episódio "2x06 - Abandoned", pode-se ouvir, bem na hora em que Shannon vai morrer, falas como "Ela realmente gosta desse cara"; "Morrer é uma droga"; e mais importante "Oi, irmã", como se fosse Boone que estivesse sussurrando para ela.

- Os sussurros são o áudio das imagens que o Monstro escaneia das vidas das pessoas, ou até mesmo, as almas que ele carrega dos mortos na ilha.

- Os sussurros são uma tática dos Outros para intimidar as pessoas e deixar um clima de mistério e terror no ar. Num flashback mostrado no "5x12 Dead Is Dead", Ben, um dos Outros, diz a Rousseau que "sempre que ouvir sussurros, você foge na direção oposta!". Isso sem contar o fato já mencionado que eles antecedem o surgimento de qualquer um do grupo.

Tire suas conclusões!

Citações
"Look, all I'm saying is, if we're stuck here, then just surviving's not going to cut it. We need some kind of relief, you know. We need some way that we can, you know, have fun. That's right, fun. Or else we're just going to go crazy waiting for the next bad thing to happen." - Hugo Reyes.

"I hear them. Out there, in the jungle. They whisper." - Danielle Rousseau.

"I know what it's like to hold on to someone. I've been holding on for the past 7 years to just a thought, a blind hope that somewhere she's still alive. But the more I hold on, the more I pull away from those around me. The only way out of this, this place, is with their help. Come with me. You don't have to be alone, Danielle." - Sayid Jarrah.

"Your people -- the ones you're determined to get back to -- watch them, watch them closely." - Danielle Rousseau.

Conclusão
Um clássico incomparável, e que me faz gostar tanto assim do Sayid.