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alisonvm

O homem, exausto, retira o óculo e poe sobre sua escrivaninha. Em sua frente, uma folha de oficio repleta de rasculhos, palavras aleatóriamente posicionadas e traços tortos ligando umas as outras.
Mais um gole de café é tomado, e um estrondo na porta faz com que o escritor dê um pulo da cadeira. O mordomo dirige-se ao seu Patrão:

- Senhor Abrams, a produtora está desesperada esperando o ultimo roteiro... Os fãs estão ansiosos... O mundo parou para ver as gravações ao vivo. Elas serão mesmo ao vivo, senhor?

- "Claro que sim... O desfecho de tudo não precisa de efeitos computadorizados. O final será protagonizado na forma mais natural possivel, pois os atores não saberão suas falas. Eles terão que entrar na Sala Real do Território Sombrio, e ver com seus próprios olhos todas as ligações misteriosas entre os sobreviventes, o projeto Dharma, os segredos da Ilha. Eles ficarão tão surpresos que suas falas sairão naturalmente, e assim tudo se explicará."

- "Nossa..." - O mordomo estara boquiaberto - "O senhor é realmente incrivel. Então já posso dar-lhes a permissão de começar a transmissão?"

- "Mas é claro." - Abrams abre cuidadosamente a gaveta do móvel antigo e retira uma pequena chave prateada. E em seguida entrega-a ao seu subordinado. - "Esta é a chave da Sala Real. Leve-a até o estudio por favor. Não precisam esperar por mim; eu estarei observando tudo, acredite."

Algumas horas depois, o mundo inteiro estava fixado na frente de diversas televisões à espera do 'Grand Finalle'. Como no final do penúltimo episódio, Locke e Walt, os unicos sobreviventes da ilha, estavam em frente uma porta dupla na misteriosa Torre encontrada no Territorio Sombrio. Os botões em forma de pedras presas na parede foram pressionados corretamente, para que a porta fosse destrancada. Em seguida ela é aberta calmamente por Locke, e os dois demoram um pouco para entender o que acabaram de ver...

12... 11... 10...9... Um contador, como o da primeira escotilha, está se esgotando. Existe tambem um computador, pronto para receber os famosos BAD NUMBERS. E o contador continua: 3... 2... 1... E uma luz de alta grandeza preenche a sala escura. A claridade impede que os atores vejam suas próprias mãos. Uma risada. Não, uma gargalhada é ouvida. O câmera pára a gravação.

"Desculpe-nos, estaremos fora do ar por tempo indeterminado." É o que diz na pequena televisão de bordo. Abrams sorrí triunfante ao ver o final escolhido para sua série. - "Pra que me matar pensando em uma explicação para todas as ligações e místérios que eu criei? O importante é que foi um sucesso. EU fui um sucesso. Um MITO. Um mito milhonário, hahahahaha. Preciso dessas férias." - Abrams olha pela janela do avião e suspira de emoção. - "Esse é o sentido da vida. Nem tudo precisa de uma explicação. O importante é o que esses acontecimentos causam. Neste caso, causou na minha fama, hahaahah."

- "Aeromoça? Falta muito para chegarmos?"

- "Desculpe senhor, mas vai demorar um pouco. Teremos que fazer um pouso de emergencia, pois saimos da rota e...

Brummmm.... Brummmmm.... Um solavanco joga a aeromoça para longe...
Brummmm.... Brummmm....
Brummmm.... Brummmm....
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh....