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Klen

Stephen King escreve sobre Lost. E ele tem muitas perguntas...

Recentemente, tive o prazer de encontrar-me com os produtores executivos de Lost (JJ Abrams, Damon Lindelof e Carlton Cuse) e com o guru da Entertainment Weekly para assuntos relacionados à série da ABC. Vocês lerão a respeito em edição ainda a ser publicada. Até lá, faço um resumo do encontro informal que tive com Abrams, quando ambos nos dirigíamos ao banheiro, para onde – mais cedo ou mais tarde – todos temos de ir.

“Escute”, ele disse num sorriso levemente ansioso, “não estamos sendo indiscretos, estamos?” Disse-lhe que estávamos sendo perfeitamente discretos (e no que diz respeito a eventos da 3ª temporada, os lábios do garoto de ouro de Lost estavam selados, mesmo), mas mesmo que não fôssemos...

Na verdade, eu estava me divertindo horrores. Autores raramente têm a oportunidade de sentarem-se para discutir o que fazem, fora dos seminários sobre produção criativa de texto e das convenções eventuais de escritores, comdois mil fãs nos encarando (e empurrando folhetos para você autografar) encantados.

Com os produtores de Lost, tive a oportunidade rara de relaxar e apenas relaxar. O mais gratificante – tanto para mim, quanto para as pessoas que desejam ver Lost continuar sua trajetória de sucesso – foi saber que Abrams, Cuse e Lindelof sabem seguir seus instintos, instrumento normalmente ignorado pela maioria dos autores. Em se tratando de produção criativa, os três mosqueteiros de Lost privilegiam o desconhecido, a incógnita.

Bom, isso não significa que eles não saibam para onde estão indo (Comentário da moderadora: Duvi-dê-ó-dó que saibam mesmo). Quero acreditar que saibam. Eles deixam que as histórias surjam a seu tempo, paulatinamente, e isso é o que mantém Lost como uma novidade. Se você não esperava a morte de Libby e foi completamente surpreendido por ela, entre na fila. Eu também não esperava. Talvez até os próprios produtores tenham sido surpreendidos.

Meu desejo mais profundo – como já falei em colunas anteriores – é que Lost conclua sua história de forma digna e honrável, sem que tenha de ficar ruim antes do fim – como acontece normalmente com séries de grande sucesso e longa duração. Os três produtores lembraram-me – gentilmente, claro - que os executivos de grandes redes de televisão não jogam limpo, na maioria das vezes. O sucesso de uma determinada série pode gerar aquele famoso dilema da escolha de Sofia (Com. Da Mod: Sofia, interpretada pela Meryl Streep, teve de escolher qual dos filhos – um menino e uma menina – iria sobreviver, deixando o outro para a morte).: afastar-se do processo criativo dos episódios e permitir que outros autores, tidos como pequenos gênios da televisão, tomem conta do seu bebê, ou continuar com a série e testemunhar você mesmo o sucesso ou insucesso do seu programa.

Sem estragar a surpresa do que estar por vir em Lost, gostaria de avisar vocês, fãs, que há planos de contigência para manter Lost interessante e criativamente viável. E, honestamente, espero que esses planos sejam infalíveis porque...bem, meu caro leitor, televisão atualmente não é um negócio justo, tampouco é complacente. Tudo pode parecer lindo e gracioso quando as novas séries estréiam nas grandes emissoras, mas as séries antigas e de sucesso costumam ter seus roteiros exaustivamente explorados e dissecados, até que não sobre mais nada de interessante. Exemplo (para a minha infelicidade, claro): A Família Soprano. Espero que este não seja o destino de Lost. Essa série merece um final muito melhor, muito mais digno.

Nesse meio-tempo, a jornada dos sobreviventes continua, e o prazer – para mim, pelo menos – está no meio, e não nos fins. A diversão é o “como se chegar lá”, e não o destino. Eu, particularmente, não vejo a hora de a nova temporada estrear e responder os seguintes questionamentos:

1) O que o Locke realmente viu no começo da primeira temporada?
Sabemos que ele disse ao Jack que “olhara nos olhos da ilha, e o que vira era belíssimo”. Mas nem sabemos o que ele de fato viu.

2) E os ursos polares?? Que história é essa?
Eu quero saber exatamente de onde vieram, o que estavam fazendo na ilha e por que, e se há outros. Eu quero saber também, como todos vocês, se a aparição do urso em Special está relacionada com a revista em quadrinhos em espanhol que o Walt estava lendo, ora bolas.

3) O que era aquele fantasma-fumaça que o Charlie e o Mr. Eko viram?
Bom, para mim, essa é a questão central para os mistérios que cercam a ilha (os outros são o que chamo de “Mistério Secundário”, o que os escritores, no meio literário, chamam de “distração”). Mr. Eko é um homem de fé. Pode ser, então, que a coisa grande e preta não exista realmente. Se existir, pode ser que seja uma manifestação sobrenatural. Neste caso, os sobreviventes estariam em maus-lençóis. Bom, pode ser algo sobrenatural ou pode ser também alguma engenhoca tecnológica. Se for uma engenhoca, começarei a acreditar que os sobreviventes não estão ali ao sabor do acaso, mas que foram escolhidos para serem cobaias de algum experimento cruel. Devo dizer que a idéia de experimento científico me agrada. E iria gostar ainda mais se os testes que estiverem (estivessem, no mundo das hipóteses) relacionados a vida extraterrena, a aliens. Essa não seria a solução ideal para todos os fanáticos por Lost soltos pelo mundo, mas responderia a maioria dos mistérios de modo satisfatório. Seria algo meio Spielberg de se ver. O Tio Stevie aqui gosta desse troço da fumaça negra porque instiga o meu lado negro.

4) Os sobreviventes se transformarão em selvagens (leiam O Senhor das Moscas)?
Duvido muito que a ABC aprecie esse tipo de desenvolvimento criativo. Mas acho que uma guerra direta e aberta contra os Outros seria extremamente gratificante (imagine um “Survivors” mais cruel). E uma guerra crua, a essa altura, seria reflexo direto do mundo em que vivemos.

E por último, mas não menos importante...

5) Vocês poderiam, POR FAVOR, deixar de lado aquela estátua horrorosa com aquele pé enorme?
Por favor, pessoas, já temos pesquisas assustadoras (A Iniciativa Dharma), já temos o chefe de olhos esbulhados e igualmente assustador que responde por Henry Gale, temos aquele navio obscuro estacionado no meio da selva, temos os números malvados, a fumaça negra, o computador...realmente precisamos de uma estátua de pé grande como cereja desse bolo? Se for assim, tenho mais uma pergunta, então: Será que o Charlie encontrará a frase “Made in India” tatuada em algum dos 4 dedos?

Fonte| Lost-Media